Domingo XVII Tempo Comum
24 de Julho de 2011
Um tesouro chamado Reino de Deus
A 1.ª leitura vem no início da história de Salomão, o filho de David que a memória do povo de Deus consagrou como paradigma de sabedoria, a ponto de lhe atribuir a autoria de boa parte da literatura bíblica sapiencial. Salomão em sonho - forma de comunicação muito utilizada por Deus com os homens na tradição bíblica - implora a adesão interior à vontade de Deus numa total sintonia com o seu desígnio de salvação. Nisto consistia a sabedoria que o rei Salomão ansiava para governar o povo de Deus. Se este sentimento estivesse presente no coração dos governantes, nós teríamos uma sociedade mais justa e mais dentro dos parâmetros do bem-estar que se deseja para todos os povos.
No texto de São Paulo aos Romanos descobre-se qual é o desígnio eterno de Deus, que toda a humanidade venha a ser “sempre nova”, conformando-se à mais perfeita imagem de Deus que é Cristo, Ele que é o primeiro dessa realidade nova que Deus fez surgir a partir da Sua condição divina e da condição humana assumida em Jesus Cristo. Assim, quem acolhe pela fé o mergulho do baptismo, encontra a glória pascal de Cristo e é glorificado com Ele. Por isso, o cristão recebe a semente da glória de Deus e ao longo da sua vida neste mundo deve fazer crescer essa semente até à plenitude do Reino. O que se deseja para a vida concreta deste mundo é que o cristão acolha com fé e amor a Cristo. Esta é a grande sabedoria dos cristãos que, assim, encontram o «tesouro escondido», a «pérola única» de inestimável valor.
No texto do Evangelho temos mais parábolas sobre o Reino de Deus, a do tesouro e a da pérola, a da rede lançada ao mar e recolhida e conclusão do discurso com um elogio aos escribas que se tornaram discípulos. Estes serão os mais instruídos do grupo dos discípulos, que são capazes de recolher do tesouro da Palavra de Deus coisas velhas (alusão ao Ant. Testamento) e coisas novas (Novo Testamento), isto é, serão eles que farão a conciliação entre a literatura antiga e a novidade do Evangelho (São Mateus está neste grupo e recebe com agrado este elogio). De resto, Jesus pretende ensinar que o Reino de Deus é algo muito precioso e para o viver não pode ser de forma marginal e episódica, é algo vital e precioso que requer uma entrega radical como modo de ser e de estar na vida. O desafio que nos é feito é que sejamos capazes de descobrir todo valor do Reino de Deus e na vida concreta do mundo sejamos capazes de levar à prática, com coragem e firmeza, o sentido da vida que «o tesouro do Reino» nos fez descobrir. Quer dizer, se somos felizes, façamos os outros felizes, se a verdade nos liberta lutemos contra toda a mentira, se a justiça nos realiza lutemos contra toda a injustiça, se a desesperança deprime lutemos contra toda a esperança, se o amor edifica então edifiquemos com amor... Só assim o Reino de Deus é presença aqui e agora, não um horizonte utópico que embriaga a vida terrena. Um ópio, como defendeu Karl Marx.
JLR
5 comentários:
É isso, não podemos deixar a monotonia entrar na vida espiritual....
Padre José Luís magnifico texto é este. Novamente, as parábolas com movimentações literárias de riquissimo significado. Lindas metáforas. Jesus tudo aproveitou para levar o ser humano até ao Pai/Mãe. São essas maravilhas que enriquecem as homilias que muitas vezes cai num pietismo sem piada. Quantos de nós preocupados estamos com as banalidades mundanas não procura aquele homem ou mulher que estão perdidos nos seus marasmos vitais.Precupamo-nos ,sim, em lhe dar mais uma machadada de modo que ele fique perdido para todo o sempre. Mas só Deus é que perdoa e é nosso unico Amor e Amigo. Os humanos, salvo algumas excepções, desconfio neste momento deles.Por isso, Vem, Senhor Jesus e semeia a tua palavra nesta terra dura,mas que luta por ser fértil e dar frutos em abudãncia.Vieste,Senhor, salvar os que estavam perdidos, segundo o teu Santo Evangelho!
Adorei!
Vou partilhar. Muito obrigado,
Filipe.
Maravilhoso....que clareza na interpretação dessa Palavra!! Deus o abençoe sempre!!!
Muito agradecido Lúcia. Tamb´´em invoco a bênção de Deus para vós. Abraço cheio de amizade.
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