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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Os contrários evidenciam-se e fazem história

a avalanche ultraconservadora anda à solta pela Europa (e no mundo), destaca-se de forma bem evidente. É um sinal dos tempos. Embora custe admitir tem absolutamente que ver com a figura papal. A forma como é exercido o poder, mais aberto ou mais conservador, suscita sempre o seu contrário. É o que acontece nos nossos tempos em relação ao Papa Francisco, um poder-serviço aberto e reformador faz germinar o conservadorismo e todos os sinais de anacronismo que vamos presenciado.  Nos tempos de João Paulo II e de Bento XVI, foi precisamente o contrário. Papas mais identificados com as correntes ultraconservadoras, faziam evidenciar os movimentos mais desempoeirados da Igreja e da sociedade, que reclamavam mais abertura ao mundo e favoráveis a reformas permanentes. Parece que as sociedades funcionam como reação. Neste quadro li o seguinte sobre a Igreja francesa, que serve como exemplo em relação ao que se está a passar em toda a Igreja. 58 dioceses francesas não tiveram qualquer ordenação sacerdotal neste ano. O número de novas ordenações em França caiu de 133 em 2017 para 114 em 2018. Segundo dados do jornal La Croix, 82 desses novos padres são diocesanos, enquanto que os outros são membros de várias ordens e sociedades de vida apostólica. Em contraste, as comunidades “tradicionais”, onde os Padres celebram exclusivamente a Missa em Rito Antigo, continuam a crescer. O artigo de La Croix calcula que 20% dos novos sacerdotes este ano vêm de comunidades classificadas como “tradicionais” ou “clássicas”. Estes grupos contam especialmente com padres jovens. Como é óbvio, dependendo da perspectiva, poderá entender-se estes sinais como pujança religiosa, mas seguindo o raciocínio do artigo de La Croix e as denúncias do Papa Francisco quanto ao clericalismo, ao autoritarismo, ao legalismo, o carreirismo e ao formalismo litúrgica que varre a Igreja, apontados como razões para os diversos abusos, concluímos, que tudo isto resulta muito preocupante e não augura de forma nenhuma que venha à luz a urgência de uma “igreja em saída”, “hospital de campanha” e a “Igreja acidentada”... Antes virá à luz do dia uma igreja acomodada, principesca, carreirista e cada vez mais remetida a um reduto de narcisistas que se consideram donos da verdade, que agem contra todas as formas de inclusão das periferias.

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