Cinema
Belfast é o nome da capital da
Irlanda do Norte, onde vive o pequeno Buddy (Jude Hill), no final dos anos 60.
Ele é uma criança comum que passa os dias na brincadeira, até que a sua pequena
comunidade é abalada pelos confrontos entre católicos e protestantes, que culmina
em brigas, ataques e rebentamento de carros na porta da sua casa. Porém, ele
ainda mantém as preocupações típicas da infância (como conquistar a menina por
quem se encantou na escola e como ter a melhor nota para se aproximar dos
primeiros assentos para estar mais perto da colega) e os sonhos inocentes da
juventude, enquanto tenta entender a confusão à sua volta.
Dado que o filme trata da história de uma família protestante neste ambiente confuso, na vida do pequeno protagonista, Buddy, existem outras figuras importantes: um deles é o pai (Jamie Dornan) um homem bom, que passa semanas fora de casa, no seu trabalho profissional em Londres. A mãe (Caitriona Balfe) fica com os dois filhos, passando os dias angustiada com a falta de estabilidade da família. Buddy tem uma loucura pelos avós (interpretados por Judi Dench e Ciarán Hinds – duas interpretações magníficas), que lhe dão conselhos e carinho, com um sentido de humor e alegria cativantes. As aventuras de Buddy pela infância são bonitas, mas as cenas mais divertidas são as conversas com o avô, que o ajuda nos exercícios de matemática e falam sobre mulheres.
A história do filme reproduz um
pouco a infância do realizador Kenneth Branagh, que nasceu em
Belfast. Centra-se na época do início dos The Troubles, como ficou conhecido o
conflito entre católicos e protestantes na Irlanda, quanto à sua ligação à
Grã-Bretanha. Os confrontos há época causaram milhares de mortos durante a
segunda metade do século XX.
Mas vamos à lição que tiramos do
filme. A mensagem assenta como uma luva nos tempos que vivemos. Os tempos
correm sob o domínio do fanatismo e não foram ainda travados os fanáticos que
não olham a meios para atingirem os seus fins. O filme Belfast dá-nos conta
precisamente do fanatismo propagado por grupos de pastores loucos (pretensos guias
do povo) convertidos em pirómanos da violência e da intolerância entre
comunidades. Bem se vê que as comunidades convivem fraternalmente no dia a dia
quando não fazem caso dos discursos e pregações malucas. Por isso, antes que
cheguem os fanáticos fazem festas comuns e divertem-se sem qualquer sinal de
desrespeito ou intolerância. Saliente-se a crítica mordaz ao comportamento das
pregações dos pastores e padres sobre o medo do inferno e a intolerância
perante o diferente.
Assim, porque ainda não nos livramos dos fanáticos, aconselho vivamente a que quem puder ver este filme, que nos traz uma mensagem muito interessante sobre os tempos atuais. Sim, o nosso tempo, onde estamos também atolados na violência, à mistura com a intolerância a marcar as ações do fanatismo religioso e político, onde vemos países a serem destruídos por loucos que almejam ostentar a coroa do imperialismo a qualquer preço e mais ainda assistimos à destruição de povos inteiros com as suas vidas interrompidas porque lá terá que valer a vontade desmedida dos fanáticos.
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