O bem e o mal na cabeça de monstros humanos
Um monstro faz monstruosidades. Uma pessoa com a cabeça de um monstro faz
atrocidades. É o que estamos a ver nesta guerra provocada pela invasão da
Rússia à Ucrânia. Por isso, não me cansarei de condenar e de me indignar com
esta guerra e com todas as guerras.
Ontem ao ver as imagens do ataque inqualificável a
uma maternidade, onde se visiona as paredes totalmente esburacadas pela chuva
de balas e as várias salas reduzidas a monte de escombros, obviamente, que fiquei chocado e revoltado
com a atrocidade provocada pela cabeça tresloucada de quem provoca a guerra.
A seguir pensei, só pode vir de alguém que ensandeceu por completo e fez dos
seus generais e soldados, que formam o seu exército, corpos sem cabeça,
reduzidos a braços e pernas, pois, retiraram-lhes o cérebro. São homens
máquinas telecomandados para destruir e matar.
A par das notícias das atrocidades que nos chegam desta
guerra, chegou também a notícia do sermão do Patriarca Kirill de Moscovo. É um
fervoroso apoiante de Putin. Por sinal defensor da invasão Russa sobre a
Ucrânia. Porque se aproveitou do seu estatuto e do lugar sagrado do exercício
da sua função para proclamar alto e bom som, que esta guerra se justifica como
sendo o bem contra todos os males. O
acidente pavoneia-se mergulhado no pecado e dado que esse pecado se instala às
portas da Rússia, pelo território vizinho da Ucrânia, é preciso combatê-lo.
De que pecado se trata? – Primeiro considera que não
é uma guerra propriamente dita, mas uma «operação especial», como se nós não víssemos
que as imagens são de guerra a sério, que as atrocidades são uma diversão,
destruição e morte pura ilusão. Depois que tudo isto é antes uma «luta entre o
bem e o mal», o mal são as formas de vida e costumes modernos, que se refletem
nas «marchas do orgulho gay» do Ocidente. Por isso, caso não seja travado a
fundo este «pecado», estamos perante o fim da civilização. Daí que esta guerra «boa»
vai impedir isso. Eis outra vez no seu melhor a justificação da guerra como
sendo dos bons contra os maus.
Mais uma vez se percebe que as cabeças ensandecidas
são assim mesmo, o mal passa a ser bem e o bem passa a ser o pior dos males.
Vindo de uma cabeça perdida de uma autoridade religiosa, mesmo que seja a mais
desumana das atividades, pode considerar ser lícita e pode assim abençoar essa
desgraça com a maior descontração.
Assim, os tais costumes imorais são considerados o
mal, mesmo que alguns sejam a busca de dignidade e respeito, ficam de fora de
qualquer bênção. Mas, enquanto isso parece ser lícito e digno de
reconhecimento, caírem bombas sobre maternidades, escolas ou prédios residenciais,
obedecendo-se a ordens tresloucadas e desumanas, que provocam vítimas mortais,
feridos e deslocados. Não pode ser neste pé tão fortemente negligenciável o
valor da vida humana.
Para o Patriarca de Moscovo e todos os loucos
religiosos que este mundo ainda tem, lembro que há uma frase de Jesus no
Evangelho que não pode ser esquecida quando a maldade cai sobre vítimas
indefesas, particularmente, as crianças: «Depois, disse aos seus discípulos: “É
inevitável que haja escândalos, mas ai daquele que os causar! Melhor fora ser lançado
ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só
destes mais pequeninos. Acautelai-vos!”» (Lc 17, 1-3).
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