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quinta-feira, 10 de março de 2022

Apontamento 9 - A guerra (5)

O bem e o mal na cabeça de monstros humanos 

Um monstro faz monstruosidades. Uma pessoa com a cabeça de um monstro faz atrocidades. É o que estamos a ver nesta guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia. Por isso, não me cansarei de condenar e de me indignar com esta guerra e com todas as guerras.

Ontem ao ver as imagens do ataque inqualificável a uma maternidade, onde se visiona as paredes totalmente esburacadas pela chuva de balas e as várias salas reduzidas a monte de escombros,  obviamente, que fiquei chocado e revoltado com a atrocidade provocada pela cabeça tresloucada de quem provoca a guerra. A seguir pensei, só pode vir de alguém que ensandeceu por completo e fez dos seus generais e soldados, que formam o seu exército, corpos sem cabeça, reduzidos a braços e pernas, pois, retiraram-lhes o cérebro. São homens máquinas telecomandados para destruir e matar.

A par das notícias das atrocidades que nos chegam desta guerra, chegou também a notícia do sermão do Patriarca Kirill de Moscovo. É um fervoroso apoiante de Putin. Por sinal defensor da invasão Russa sobre a Ucrânia. Porque se aproveitou do seu estatuto e do lugar sagrado do exercício da sua função para proclamar alto e bom som, que esta guerra se justifica como sendo o bem contra todos os males.  O acidente pavoneia-se mergulhado no pecado e dado que esse pecado se instala às portas da Rússia, pelo território vizinho da Ucrânia, é preciso combatê-lo.

De que pecado se trata? – Primeiro considera que não é uma guerra propriamente dita, mas uma «operação especial», como se nós não víssemos que as imagens são de guerra a sério, que as atrocidades são uma diversão, destruição e morte pura ilusão. Depois que tudo isto é antes uma «luta entre o bem e o mal», o mal são as formas de vida e costumes modernos, que se refletem nas «marchas do orgulho gay» do Ocidente. Por isso, caso não seja travado a fundo este «pecado», estamos perante o fim da civilização. Daí que esta guerra «boa» vai impedir isso. Eis outra vez no seu melhor a justificação da guerra como sendo dos bons contra os maus.

Mais uma vez se percebe que as cabeças ensandecidas são assim mesmo, o mal passa a ser bem e o bem passa a ser o pior dos males. Vindo de uma cabeça perdida de uma autoridade religiosa, mesmo que seja a mais desumana das atividades, pode considerar ser lícita e pode assim abençoar essa desgraça com a maior descontração.

Assim, os tais costumes imorais são considerados o mal, mesmo que alguns sejam a busca de dignidade e respeito, ficam de fora de qualquer bênção. Mas, enquanto isso parece ser lícito e digno de reconhecimento, caírem bombas sobre maternidades, escolas ou prédios residenciais, obedecendo-se a ordens tresloucadas e desumanas, que provocam vítimas mortais, feridos e deslocados. Não pode ser neste pé tão fortemente negligenciável o valor da vida humana.

Para o Patriarca de Moscovo e todos os loucos religiosos que este mundo ainda tem, lembro que há uma frase de Jesus no Evangelho que não pode ser esquecida quando a maldade cai sobre vítimas indefesas, particularmente, as crianças: «Depois, disse aos seus discípulos: “É inevitável que haja escândalos, mas ai daquele que os causar! Melhor fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só destes mais pequeninos. Acautelai-vos!”» (Lc 17, 1-3).

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