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Convite a quem nos visita

terça-feira, 31 de maio de 2011

Citação sobre o ateísmo

Nota: muito, muito interessante...
«Es conocido el adagio: "Soy ateo por la gracia de Dios". El gran ateo Saramago escribió antes de morir: "Mi obra no tendría sentido sin Dios". El ateo, al intentar negar la existencia o la necesidad de Dios, en realidad la está defendiendo. Nadie ataca algo que no existe. ¿Se imaginan una procesión contra los fantasmas o los marcianos? (...)
Creer o no creer es algo tan personal como soñar, vivir o morir. Dejemos a los creyentes soñar y disfrutar con su Dios y dejemos a los ateos que tengan la libertad de luchar contra Dios, que generalmente es más contra la falsa imagen que de él han creado los creyentes, que no contra él mismo. Si existe un Dios, lo mínimo que puede haber regalado al hombre es su libertad, mientras no dañe al prójimo. Y si no existe, tampoco existe mayor Dios laico que la libertad que no debería ser negada a nadie, y menos en el seno de una democracia».
JUAN ARIAS, in El País

segunda-feira, 30 de maio de 2011

É TEMPO DA PALESTINA

Nota: Semana Mundial pela Paz na Palestina e em Israel, 29 de Maio – 4 de Junho de 2011 Acção conjunta por uma paz justa convocada pelo Conselho Mundial das Igrejas. De 29 de Maio a 4 de Junho de 2011 celebra-se a Semana Mundial pela Paz na Palestina e em Israel, uma acção conjunta por uma paz justa das Igrejas membros do Conselho Mundial de Igrejas e das organizações a ele ligadas, entre as quais a Pax Christi Internacional, e que tem por tema "É tempo da Palestina".
É tempo da Palestina.
É tempo de palestinianos e israelitas partilharem uma paz justa.
É tempo de respeitar as vidas humanas na terra chamada santa.
É tempo de começar a curar as almas feridas.
É tempo de acabar com 60 anos de conflito, opressão e medo.
É tempo de pôr fim à ocupação.
É tempo de igualdade de direitos para todos.
É tempo de parar com a discriminação, a segregação e as restrições de circulação.
É tempo de aqueles que levantaram muros e bloqueios, os construírem na sua própria
propriedade.
É tempo de parar de destruir as casas de uns e construir casas para outros, em terras que não são suas.
É tempo de acabar com o critério de dois pesos e duas medidas.
É tempo de os cidadãos israelitas terem segurança e fronteiras seguras acordadas com os seus vizinhos.
É tempo de a comunidade internacional implementar 60 anos de resoluções das Nações Unidas.
É tempo de o Governo de Israel responder ao acordo oferecido na Iniciativa Árabe de Paz.
É tempo de todos aqueles que representam o povo palestiniano estarem envolvidos na construção da paz.
É tempo de as pessoas que são refugiadas há 60 anos recuperarem os seus direitos e um lar permanente.
É tempo de ajudar os colonos que vivem nos Territórios Palestinianos Ocupados a se instalarem em Israel.
É tempo para a autodeterminação.
É tempo de os estrangeiros poderem visitar Belém e outras cidades prisioneiras do muro.
É tempo de atentar no conforto dos colonatos e no desespero dos campos de refugiados.
É tempo de um povo que vive sob ocupação há 41 anos sentir nova solidariedade de um mundo que observa.
É tempo de denunciar a vergonha do castigo colectivo e de lhe pôr fim em todas as suas formas.
É tempo de se insurgir contra a violência infligida aos civis e de os civis de ambos os lados terem segurança.
É tempo de ambos os lados libertarem os seus prisioneiros e de dar aos que são rectamente acusados um julgamento justo.
É tempo de reunir as populações da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.
É tempo de todos respeitarem o direito internacional humanitário e os direitos humanos.
É tempo de partilhar Jerusalém como a capital de duas nações e uma cidade santa para três religiões.
É tempo de as comunidades muçulmanas, judaica e cristã poderem visitar livremente os seus lugares sagrados.
É tempo de na Palestina e em Israel as oliveiras poderem florescer e envelhecer.
É tempo de honrar todos os que sofreram, tanto palestinianos como israelitas.
É tempo de aprender com os erros do passado.
É tempo de compreender as razões do ódio e começar a restabelecer a justiça.
É tempo de aqueles que têm as mãos manchadas de sangue, reconhecerem o que fizeram.
É tempo de procurar o perdão entre as comunidades e de restaurar juntos uma terra dividida.
É tempo de avançar como seres humanos criados todos à imagem de Deus.
Todos os que são capazes de dizer a verdade ao poder, devem dizê‐la.
Todos os que querem romper o silêncio à volta da injustiça, devem rompê‐lo.
Todos os que têm algo a dar pela paz, devem dá‐lo.
Para a Palestina, para Israel e para um mundo perturbado,
É tempo para a paz.

domingo, 29 de maio de 2011

Reflexão sobre o Espírito Santo

São João de Ávila (1499-1569), presbítero Sermão nº 30, 4º sobre o Espírito Santo
«Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco»
Da mesma maneira que Jesus Cristo pregava, prega agora o Espírito Santo; da mesma maneira que Ele ensinava, ensina o Espírito Santo; da mesma maneira que Cristo consolava, consola e alegra o Espírito Santo. Que pedes? Que procuras? Que mais queres tu? Ter em ti um conselheiro, um pedagogo, um guardião, alguém que te guia, que te aconselha, que te encoraja, que te encaminha, que te acompanha em tudo! Finalmente, se não perderes a graça, Ele estará de tal modo a teu lado que não poderás fazer, nem dizer, nem pensar em nada que não passe primeiro pela Sua mão e pelo Seu santo conselho. Será para ti um amigo fiel e verdadeiro; não te abandonará se tu não O abandonares.
Da mesma maneira que Cristo, durante a Sua vida mortal, fazia grandes curas e espalhava a Sua misericórdia nos corpos daqueles que tinham necessidade d'Ele e O chamavam, assim este Mestre e Consolador opera obras espirituais, nas almas em que habita. [...] Cura os coxos, faz com que os surdos oiçam, dá vista aos cegos, traz de regresso os transviados, ensina os ignorantes, consola os aflitos, encoraja os fracos (cf Mt 15,31). Cristo fazia estas obras santíssimas entre os homens e não podia tê-las feito se não fosse Deus; fazia-as com a natureza humana que tinha assumido e dizemos, portanto, que foram feitas por um Deus-homem. Do mesmo modo, a essas outras obras que o Espírito Santo faz aqui na terra, no coração em que habita, chamamos-lhes obras do Espírito Santo através do homem, aqui considerado como elemento secundário.
Não poderemos considerar como infeliz e desafortunado aquele que não possui essa união, aquele que não tem um tal Hóspede em sua casa? [...] Dizei-me, já O recebestes? Já O chamastes? Já O importunastes para que Ele venha? [...] Que Deus esteja connosco! Não sei como [...] podeis viver privados de tão grande bem. Vede todos os bens, todas as graças e misericórdias que Cristo veio fazer aos homens: esse Consolador derrama-as a todas nas nossas almas.
Nota: Que essa força misteriosa de Deus (o Espírito Santo) nos abençoe verdadeiramente... Porque bem precisamos nestes tempos cheios de tanta incerteza em relação ao nosso futuro. Bom domingo e boa semana para todos os meus leitores.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

As dicas e tricas de uma paróquia

Magnífico retrato... Qual será a paróquia que se pode gabar que não enfia este barrete? - Penso que nenhuma...
Vem uma, e faz queixinhas da outra. Vem a outra e faz queixinhas de outra. Temos de medir todas as palavras, porque senão justificam-se que o padre disse aquilo. Mesmo quando não disse, sujeita-se a que se convençam que disse. Quando não gostam da pessoa A, não se coíbem de inventar que disse ou fez. Derrubam-se uns aos outros com as verdades que sonham. E cruzam dados. E cruzam ses e pois e claros e já desconfiava. Quanto menos têm que fazer, mais têm que imaginar e dizer. Se trabalham numa fábrica e não têm com que ocupar a boca, usam a língua o mais afiado que podem. Se vêm à rua e encontram a vizinha, dão largas à amizade com uns dedos de conversa a apontar para onde calhar. Se passam o tempo no café e não têm dinheiro para mais uma bica ou uma cerveja, têm de arranjar um trago de maldizer para que a garganta não seque. Os cafés são geralmente os antros de maior maldizer. Qualquer pessoa fica sujeita a estas dicas. Porque hoje são uns e amanhã outros. Todos passam pelo crivo das tricas. Mesmo os que têm a língua maior. No final da missa trocam cumprimentos. Parece que a missa cumpriu o seu papel de comunhão. Mas nesse mesmo abraço vai muitas vezes o Se te apanho. Ou então o Já viste aquele ou aquela. E assim vive uma comunidade. Seja paroquial ou não. Quanto mais pequena, mais sujeita fica às dicas e tricas. Em cada semana aparece novo assunto. Assim se alimentam as dicas e tricas. A paróquia, o paroquiano tal e o padre são sempre alvos para as setas afiadas das dicas e tricas. Temos de ser fortes. Digo aos mais atingidos. Temos de pensar em Deus e que a Ele temos de agradar. Temos de ter compaixão pelos que falam. Rezar por eles. Porém, às vezes, até essas palavras têm de ser medidas, porque o padre disse aquilo que eu agora quero dizer.
Um dia Jesus disse que um profeta não era bem-vindo na sua terra, e na ocasião, conta o Evangelho, deixou de fazer muitos dos milagres que queria, porque não era bem interpretado. Às vezes os nossos padres e muitos dos nossos leigos deixam de fazer muita coisa porque não querem alimentar as dicas e tricas de uma paróquia.
In blogue Confessionário dum padre
Imagem: Google

Um engano chamado microcrédito

O programa «Toda a Verdade» da Sic-Notícias, denunciou que o microcrédito ou o microfinanciamento dos bancos vocacionados para este fim, não passa de uma grande fraude.
Lembram-se que o Comité Nobel da Noruega decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz em 2006 a Muhammad Yunus e ao Banco Grameen? – É verdade, assim foi.
Este banco muito preocupado com a libertação dos pobres e empenhado no combate à erradicação da pobreza, segue os mesmos esquemas de pressão e extorsão dos bens dos pobres para que cumpram escrupulosamente semana a semana as prestações dos beneméritos créditos que lhes são concedidos. Agora percebo como o microcrédito não passa de um chorudo negócio e mais um esquema louco de exploração dos pobres.
O esquema é simples, o banco concede um crédito de 70, 80, 100 ou 150 dólares a 30, 40, 50 até 125% de juros e as prestações começam na semana seguinte ao recebimento do empréstimo. Obviamente, que nenhum investimento começa a render o suficiente após uma semana, se o crédito for para aplicar em qualquer ramo de comércio.
Outros são aplicados em melhores condições de vida para as famílias. Uma casa nova, melhoria dos materiais de pequenas empresas familiares e etc. Bom tendo em conta que a pobreza não rende, que se saiba nunca deu lucros para quem está medito nela, fica enrascado e não pode pagar a acordada prestação feita à cegas. Aqui começam as pressões, as ameaças e a violência. As famílias indefesas fazem de tudo para cumprir com os seus deveres, pedem mais dinheiro, vendem os seus parcos haveres, desagregam-se… Isto é, empobrecem ainda mais. Alguns suicidam-se ou prostituem-se. Estamos perante uma fraude contra os pobres legitimada por uma grande parte das autoridades mundiais.
Este lado negro do microcrédito também é preenchido por negociatas e por desvios de verbas astronómicas aplicadas de forma obscura para fugir aos impostos devidos nos estados onde são montados tais esquemas. Ao abrigo da caridade e do generoso combate à pobreza conduz as autoridades a uma cegueira perigosa que legitima fuga aos impostos e artimanhas terríveis que ao invés de combater a pobreza, gera uma multidão de miseráveis arrependidos de terem sido ludibriados com dinheiro fácil que depois se revela um terrível tormento difícil de saírem dele.
Obviamente, que não podemos negar os imensos casos de sucesso do microcrédito, mas não podemos também deixar de reflectir sobre este lado negro que tal mecanismo bancário oferece. Os pobres enganados, totalmente desamparados, na sua maioria analfabetos, assinam sem que ninguém lhes leia as directrizes do acordo bancário. A conclusão que se tira é esta, o microcrédito não passa de um grave engano contra os pobres, porque não os livra da situação de pobreza, mas enrodilhados nas artimanhas de quem pretende unicamente fazer negócio, acabam no caminho da pobreza extrema.
Assim anda o mundo que Deus criou para o bem de todos, mas tomado de assalto por alguns beneficia esses tais com todas as mordomias e com chorudos lucros à custa da miséria de populações inteiras. Caridade desta o mundo não precisa. Que grande desilusão foi para mim o microcrédito ou o microfinanciamento apregoado pelos ricos deste mundo. Esta caridade e interesse em relação à erradicação da pobreza, acho, que todos os pobres dispensam em absoluto.
JLR
Imagem: o Inimigo Público

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Comentário à Missa do próximo Domingo

Domingo VI da Páscoa
29 de Maio de 2011
O Defensor
A Palavra de Deus do VI Domingo da Páscoa, proclama a entronização de Jesus como Messias e Salvador. A entronização não assinala o fim, mas o início do reinado: Jesus inaugura, pois, uma nova presença, plena, eficaz e salvífica, no meio dos homens e mulheres de cada tempo histórico.
Porém, o mais interessante desta mensagem, radica no facto de nos apontar para uma nova etapa no processo da salvação de Deus. Jesus vendo que está para breve a Sua partida, propõe um novo caminho, orientado pelo «Defensor», «o Espírito da verdade».
Seguindo São Paulo, quando diz: «Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens» (1Cor 15, 19). Jesus, aponta para uma realidade espiritual/misteriosa, para que a nossa fé não radique só e unicamente naquilo que somos e queremos para esta vida, mas vá muito mais além.
Esta ideia do Defensor «o Espírito da verdade», é muito bonita e encoraja-nos a acreditarmos na vida presente e na vida futura. Nada nos deve derrotar ou fazer temer, o nosso Defensor nos guardará de todos os males. E tomando as palavras de São Paulo, descobrimos que essa vida futura não foi só para Jesus Cristo, mas para todos os crentes. Ora vejamos: «Se com Ele morremos, com Ele viveremos; se com Ele sofremos, com Ele reinaremos» (2Tm 2, 11-12). Nesta palavra descobrimos o sentido para esta vida terrena e uma resposta para a inquietação da realidade «invisível» (palavra utilizada por São Paulo) depois da morte.
Jesus, revela-nos a verdadeira palavra, a Palavra de Deus, e com ela somos convocados para o acolhimento do Espírito Santo, que no Evangelho de São João toma o nome interessante de «Defensor». Este é o único Espírito que salva e que pode dar garantias de futuro. Nada nos deve demover desta causa.
O Espírito de Deus é um caminho de salvação que nos garante uma possibilidade de graça salvadora. Nada nem ninguém nos pode contrariar nem desviar desta luz de amor revelada por Jesus. Em nós o Defensor quebrou as correntes da divisão, o ódio, a violência, os rancores, os amuos que provocam tristeza e inimizade, a falta de abertura para o perdão, a teimosia, a intolerância e o racismo nas religiões e nas comunidades humanas. O Espírito da verdade, liberta-nos.
JLR

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um apelo para os nossos tempos

«(…) Não podemos aceitar que a desigualdade esteja a aumentar no mundo, que apenas alguns beneficiem da prosperidade económica, enquanto a grande maioria conhece a pobreza. Queremos escolher a simplicidade de vida para promover a partilha, a solidariedade, a utilização responsável dos recursos do nosso planeta».
Das reflexões do irmão Aloïs durante o Encontro Europeu de Jovens em Poznan, Polónia (Dez. 2009/Jan. 2010).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Brandos costumes. Onde?

Ai, ai… A barbaridade persegue-nos. A semana passada um moçambicano esmaga a cabeça numa queda provocada por um brasileiro, após uma discussão. Parece que resulta de um empurrão do alto de um andaime na obra onde trabalhavam. Em Santa Cruz, dizem-nos as notícias, um grupo de três mata à paulada um colega.
Violência terrível entre nós. Os brandos costumes e a passividade com que muitas vezes se pinta a nossa sociedade acaba perante estes actos de violência radical. Difícil de aceitar tamanha forma de violência que leva à morte da vida.
Não justificam as razões da toxicodependência, o desemprego e a crise que se abateu sobre nós. Antes, a meu ver, prendem-se com o desrespeito pela vida e pelo direito do outro a ser gente. É inquietante termos que concluir que estamos a desaprender a viver em sociedade. As pessoas não se toleram e não se perdoam. Toda a ofensa, toda a palavra menos simpática, só merece resposta a altura e consequente vingança.
A seguir, impressiona as formas de morte a que se recorre. Umas facadas. Uns empurrões. Umas pauladas. E outros métodos, todos horripilantes para que a morte seja sentida e se veja o sofrimento que se pretende infligir a quem se quer cercear a vida. Este gosto pela morte prolongada no outro ou pelo sangue humano derramado é a pior das conclusões a que se pode chegar. Para onde vamos com este extirpar da vida como se fosse uma banalidade quotidiana? – É isto que nos deve inquietar.
Esta impaciência perante os outros resulta de todas as coisas que se deixaram de exigir e de impor na educação. O viver com os outros implica respeito e a consciência que o meu espaço acaba quando começa o do outro. Por isso, não podemos deixar de pensar sobre estes fenómenos de violência barbara e devemos encetar caminhos que nos levem a propor uma educação sem hipocrisias, liberta de tabus que levem as gerações mais novas a aprenderem o respeito pelos outros e a saberem a ser família ou grupo ou sociedade…
Não podemos abdicar destes valores e tudo devemos fazer para que a vida seja um bem venerado por todos e para todos. Indignemo-nos com todas as formas de violência para que a vida em todos seja a maior beleza do mundo.
JLR
Imgem Google

sábado, 21 de maio de 2011

Ser ateu...

"É preferível ser ateu a acreditar num deus que humilha o Homem, o escraviza ou diminui aos seus próprios olhos. Uma imagem malsã de Deus envenena a imagem do Homem e vice-versa."
Autor: Anselmo Borges, in Diário de Notícias, 2009/06/27
Imagem de blog: RJP

sexta-feira, 20 de maio de 2011

EXPERIÊNCIA HUMANA

..
Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
..
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
Nesta deriva em que vou.
..
Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais,
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
..
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
..
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
..
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
..
Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser um monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
..
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!
..
MIGUEL TORGA, Antologia Poética

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Piano

No filme O Piano, que é a história de uma mulher que se recusa a falar, o seu piano e a sua filha vão para a Nova Zelândia para um casamento arranjado. As coisas acabam não sendo bem como ela imaginou, e sua vida passa a ser cada vez mais difícil. Um filme belíssimo. Porque nos desvela a procura do corpo. Nesse encontro, o despertar do amor é o mais importante, até se confirmar o ensinamento de S. Bernardo, a medida do amor é amar sem medida. Aspecto negativo. Dois puritanos escandalizam-se com uma cena corriqueira de nudismo e não é que se fixam nisso recusando simplesmente acolher toda a mensagem extraordinária do filme. Vistas curtas. Lamento.
JLR

Comentário à Missa do Próximo Domingo

22 de Maio de 2011
Domingo V da Páscoa
Continuar a obra de Jesus
Eis o grande desafio para os discípulos de Jesus, serem continuadores da obra da salvação e libertação começada por Jesus. Nisto lembro-me de São Francisco de Assis quando afirma o seguinte: «Todos os irmão se aplicarão a seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] Devem regozijar-se quando se encontram no meio de pessoas de baixa condição e desprezadas, entre os pobres e os enfermos, os doentes e os leprosos e os pedintes das ruas. Se for necessário, irão mendigar. Que não se envergonhem: devem lembrar-se de que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo e todo-poderoso [...], foi pobre e sem abrigo e viveu de esmolas, tanto Ele como a bem aventurada Virgem Maria e os Seus discípulos».
Neste ensinamento aprendemos que os discípulos de Jesus em qualquer posição social do mundo e da vida da Igreja, deve assumir valores e qualidades de humildade e simplicidade à maneira do Mestre. Todos os que seguem Jesus lutam contra a pobreza, contra as injustiças, contra todo o género de sofrimento, porque deseja a libertação e toma a sério o amor como caminho de felicidade para todos. Eis o Evangelho vivo em função da vida não apenas para alguns, mas para todos.
JLR

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O sol

Curioso este fenómeno. Alguém tem uma explicação científica para isto que me fizesse chegar? - Os milagres para mim são de outra ordem...
Aconteceu a 13 de Maio de 2011 sobre o Santuário de Fátima.
Eis a explicação:
A auréola em volta do Sol, que muitos fiéis acreditavam tratar-se de um novo milagre no Santuário de Fátima, foi afinal provocado por cristais de gelo.
Como explica ao Dário de Notícias um meteorologista a auréola foi formado pela luz reflectida nos cristais de gelo da atmosfera, a grande altitude.
Este é “um daqueles fenómenos que vemos muitas vezes e não reparamos, mas, quando reparamos durante um momento emotivo, tem um impacto diferente, disse ao jornal Alves da Costa.
O fenómeno aconteceu quando os fiéis viam um vídeo de João Paulo II, exibido no final da missa e antes da Procissão do Adeus. Terá sido essa a razão para que os mais de 200 mil peregrinos acreditarem estar a presenciar um milagre.
Este “milagre” do Sol aconteceu a uma sexta-feira 13, o último a que se assistiu aconteceu a 13 de Outubro de 1917, na Cova da Iria, perante cerca de 70 mil pessoas. Após uma chuva torrencial, o Sol apareceu com um disco a girar em torno dele, durante dez minutos.
In Jornal I - online

Uma parábola

Um certo dia corria pela rua abaixo um velho, um rapaz e um burro. As pessoas nas bermas da rua escarneciam do velho e do rapaz porque não montavam o burro, preferiam andar a pé e não aproveitavam o meio de transporte que tinham à mão. Perante o escárnio do povo o velho resolveu montar o burro, as críticas foram certeiras contra o velho que não tinha dó de um rapaz tão novo que obrigava a andar a pé. Aos olhos do povo este velho era mesmo bárbaro porque não se compadecia do pobre rapaz.
As impiedosas críticas fizeram o velho descer da montada e colocar em cima do burro o rapaz. As críticas das pessoas não se fizeram esperar. Um pobre velho, que vergado ao peso da idade vê-se obrigado a caminhar a pé e o miúdo com perna nova monta o burro sem educação nenhuma com gozo sarcástico contra um pobre velho. Um absurdo nunca visto.
Diante dos comentários o velho e o rapaz resolveram montar os dois o burro. As pessoas agora comentavam, coitado do pobre animal que carrega dois malandrecos que não querem andar a pé. Isto é um abuso sobre um pobre animal que merece também alguma consideração, pois, nunca deviam colocar-se os dois ao mesmo tempo sobre animal indefeso.
Nada a fazer, o melhor seria descer do burro e andarem os dois a pé. Mas parece que não terminaram os comentários e de seguida diziam. Burros são estes dois que têm diante si um meio de transporte e andam a pé. Como será possível que não percebam que o burro que caminha com eles é um animal jovem e robusto com corpo suficiente para transportar bastante carga. Há gente mesmo muito burra que não sabe aproveitar as coisas boas da vida.
Cada um que tire a devida lição da parábola.
Eis as história educativas da nossa infância...
Imagem Google.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma lenda índia

Nestes tempos em que os casamentos se desmoronam facilmente, em grande número, vamos captar a mensagem desta lenda curiosa dos índios.
Touro Bravo e Nuvem Azul foram à tenda do feiticeiro da sua tribo e disseram:
- Nós amamo-nos tanto que queremos alguma coisa que garanta que ficaremos unidos até à morte. Há alguma coisa que possamos fazer?
O velho feiticeiro, ao ver aquele casal de jovens apaixonados, disse:
- Há uma coisa difícil de fazer. Tu, Nuvem Azul, vais escalar o monte do norte da aldeia e apanhar com uma rede e com as tuas mãos fortes o falcão mais mais vigoroso e trazê-lo aqui vivo. E tu, Touro Bravo, vais escalar a montanha do trono, onde encontrarás a águia mais brava. Somente com uma rede e as tuas mãos vais caçá-la e trazer-ma aqui viva.
Os jovens partiram. Daí a dias, estavam junto da tenda do feiticeiro, cada um com a sua ave num saco.
- Peguem agora nas aves – disse o feiticeiro – e com estas tiras de couro prendei-as uma à outra pelos pés. Em seguida, soltai-as para que voem livres. Soltaram as aves presas, mas a águia e o falcão não conseguiram voar. Apenas rastejaram pelo chão. Depois, irritadas por não poderem voar, lançaram-se uma à outra, bicando-se com violência.
Então o feiticeiro disse:
- Vós sois como a águia e o falcão. Se estiverdes amarrados um ao outro, só vivereis arrastando-vos e começareis a magoar-vos um ao outro. Mas se quereis que o vosso amor perdure, voai juntos, mas não amarrados.
O amor dos casais perdura se cada um respeitar os direitos um do outro. Quando faltar esse respeito começam a arrastar-se, com golpes de mágoa e violência.
Respeitando-se um ao outro, não amarrados pelo medo, pela intolerância pelo despotismo, pela violência, podem fazer da sua vida matrimonial um voo de felicidade.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sabes quem sou?

Nota: Como isto me ajuda a arrancar a semana...
Sabes quem sou?
Eu não sei.
Sabes quem sou?
Eu não sei.
Outrora, onde o nada foi,
Fui o vassalo e o rei.
É dupla a dor que me dói.
Duas dores eu passei.
Fui tudo que pode haver.
Ninguém me quis esmolar;
E entre o pensar e o ser
Senti a vida passar
Como um rio sem correr.
Fernando Pessoa

sábado, 14 de maio de 2011

ORAÇÃO A MARIA

Nota: com votos de um muito feliz fim de semana para todos os meus leitores...
Maria,
Mãe da Igreja e nossa Mãe, recolhemos nas nossas mãos
tudo o que um povo é capaz de Vos oferecer:
A inocência das crianças,
A generosidade e o entusiasmo dos jovens,
O sofrimento dos doentes,
Os afectos mais verdadeiros cultivados nas famílias,
O cansaço dos trabalhadores,
As preocupações dos desempregados,
A solidão dos anciãos,
A angústia de quem procura o verdadeiro sentido da existência,
O arrependimento sincero dos que se perderam no pecado,
As intenções e as esperanças dos que descobrem o amor do Pai,
A fidelidade e a dedicação dos que gastam as suas energias no apostolado e nas obras de misericórdia.
Ó Virgem Santa, faz de nós corajosas testemunhas de Cristo. Queremos que a nossa caridade seja autêntica, que conduza à fé os descrentes, conquiste os hesitantes e a todos atinja.
Ajuda-nos a todos a elevar os horizontes da esperança até às realidades eternas do céu. Virgem Santíssima, confiamo-nos a Ti, e invocamos-Te, para que a Igreja testemunhe o Evangelho em cada uma das suas opções, para que resplandeça diante do mundo o rosto do Teu Filho e nosso Senhor, Jesus Cristo. Amen!
(João Paulo II)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

15 de Maio de 2011
Domingo IV da Páscoa - Ano A
O BOM PASTOR
Jesus apresenta-Se como Porta do Redil e como Pastor das ovelhas, o Bom Pastor.
O discurso é uma parte da longa controvérsia de Jesus com os fariseus e mestres do povo. Ainda hoje, se conserva o costume, entre nós, de fazer o sinal da cruz na boca da criança que boceja ou dizer "santinho" quando alguém espirra. São pequenos exorcismos; pois antigamente acreditava-se que demónios de doenças podiam penetrar pela boca escancarada a bocejar e pelas vias respiratórias franqueadas pelo espirro. Heresias e, portanto, falsidades. Os exorcismos implicam uma mentalidade mágica.
Hoje, os curandeiros - exorcistas - das mais baixas e exaltadas seitas pseudo protestantes obtêm estrondosos êxitos (aparentes).
As "curas" pelos exorcismos não são milagres divinos.
Não são expulsões de demónios. É puro curandeirismo. É bom dar aos doentes (mesmo doentes para psicológicos) a bênção própria a quem está enfermo.
Deve explicar-se que é súplica humilde à ajuda di-vina. Para que Deus ajude os médicos e anime o enfermo. Sem demónios, sem espíritos maus, sem exorcismos. Se tivermos em conta os textos paralelos de Mt. 18, 12-14 e Luc. 15, 4-7, ambos designam a parábola como a da "ovelha perdida".
A chave central é as relações entre pastores e ovelhas e não é difícil identificar as diferentes "personagens".
As ovelhas: as ovelhas do redil, as ovelhas perdidas, vítimas de erros próprios e alheios; as outras ovelhas que não são do redil; finalmente, as gordas e as magras.
Os esforços enormes, feitos a partir do Concilio, nos campos da teologia, da liturgia, da pastoral, esse dinamismo renovador não chegou à imensa maioria dos baptizados. A mensagem evangélica tão enriquecida em seus conteúdos e formas nos "centros” eclesiais, não chega às "periferias". A maior parte dos baptizados continua como ovelhas sem pastor. Cuidamos, quase tão só, das ovelhas que ficam no redil. Os "inimigos" das ovelhas: a maldade dos inimigos declarados converge com a ineficácia dos pastores. Os "inimigos" chamam-se ladrões e salteadores, lobos e animais ferozes. Dispersam os cristãos, colocam-nos fora do influxo da Igreja e fora dos valores do Evangelho; matam neles o sentido de Deus, revelado em Cristo e o sentido do homem.
Os mercenários e os maus pastores: são descritos como aqueles que, por não serem pastores a quem as ovelhas não pertencem, "não se importam com as ovelhas", abandonam-nas e fogem quando chega perigo. Se as ovelhas se perdem pode-nos tranquilizar o pensar que nós nos salvaremos. Salvar-se-ão os pastores sem as ovelhas?
As ovelhas "bem cuidadas": é esclarecedora a passagem de Ez. 34, 17-22.
Procurai lê-la.
Os estranhos: se o rebanho nos considerar "estranhos" não reconhecerão a nossa voz. Por que não se dá o contacto, encontro Evangelho-homens? Não será um problema de mediação? É inadiável a conversão da nossa pastoral e a nossa própria conversão.
A PORTA: Cristo é, também, porta. E, em primeiro lugar, das ovelhas. Por Ele e n'Ele temos acesso à: Luz que nos comunica a sua Palavra, sempre viva na Igreja; Vida em que essa luz se converte e que celebramos e renovamos nos Sacramentos e na oração; amor, serviço e comunhão que nos faz capazes de criar fraternidade.
Ele fez-nos a todos, não só ovelhas, mas, também, guardiães e pastores dos outros.
Com funções diferentes, mas igualmente responsáveis. No entanto, só ELE salva.
P. José Manuel
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Pequena história:
Uma ovelha encontrou um buraco na cerca e, por ele, escapou, satisfeita por ver-se, afinal, bem soltinha. Caminhou muito tempo e perdeu o caminho de volta para casa. Só então percebeu que um lobo faminto a seguia de perto. Correu a ovelhinha, assustada, sempre perseguida pelo lobo. Felizmente, os pastores chegaram a tempo de a salvarem da fera. Levaram-na para casa com muito carinho. E, apesar dos conselhos dos amigos que viram o facto, o pastor recusava fechar o buraco da cerca por onde a ovelhinha fugira.
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Para fazer pensar:
* O pastor recusava-se fechar a cerca, porque a ovelha tinha levado uma lição que a ensinou a ter muito cuidado e que a liberdade desmedida nem sempre é sinónimo de felicidade. A liberdade não se vive isoladamente, egoisticamente.
* A liberdade é um dom. O importante é ser responsável, utilizando a liberdade para o bem de todos. Somos livres para amar e servir sempre em função da felicidade.
* Como vives a tua liberdade? Qual o retracto que farias de uma pessoa verdadeiramente livre?
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Pensamento:
«Por quê me preocupar? A mim cabe pensar em Deus. A Deus cabe pensar em mim». Simone Weil

Tesourinho deprimente

O programa da RTP-Madeira, Interesse Público, passado no dia 11 de Maio de 2011, prometia o seguinte: «Esta noite emissão interactiva com a RTP Madeira via Facebook. Programa Interesse Público vai abordar os Desafios da Religião no nosso tempo. Numa época materialista, científica e tecnológica qual o papel da Religião? Como cativar os mais jovens? O celibato obrigatório e o acesso das mulheres ao sacerdócio serão outros temas em debate». A montanha pariu um rato. O debate não passou de um verdadeiro tesourinho deprimente. Porquê?
- Porque nada se disse sobre estas questões. Ninguém do painel de convidados esteve à altura para responder às questões com sabedoria e verdadeira preparação sobre estes assuntos. Até acho que foi desconcertante para não dizer desolador a ligeireza dos vários pronunciamentos sobre estas questões tão importantes nos tempos actuais. O programa fazia corar de vergonha os imensos movimentos que se mobilizam à volta destas questões pelo mundo fora.
Quanto aos jovens nada foi dito senão acusá-los como perdidos e uns ocupados em tudo e mais alguma coisa, menos nas coisas sérias, que são, obviamente, as coisas da religião.
Quanto ao celibato dos padres, ninguém disse que é um valor extraordinário que a Igreja tem, mas que deve ser uma opção dos candidatos ao sacerdócio e não uma transversal imposição. Ninguém se disponibilizou para falar nas múltiplas questões que o celibato dos padres implica. Uma nulidade o pouco ou nada que ali se falou sobre esta matéria.
O acesso das mulheres ao sacerdócio. A forma como foi tratado, revelou-se ofensivo para as mulheres. Esta questão radica no facto seguinte, como convive a Igreja Católica com o facto de reduzir a mulher à limpeza do pó das igrejas? - Ninguém percebeu que esta é já uma crítica à Igreja Católica... Mais se deve dizer que o mundo de hoje não compreende que a Igreja tenha sete Sacramentos, seis sacramentos as mulheres podem receber, mas um, o da Ordem, que é o Sacramento que permite o acesso à função clerical, está vedado às mulheres. Esta é que é a questão e com base nisto deve ser debatido com coragem e liberdade de pensamento. As amarras nestas matérias não ajudam ao diálogo esclarecido.
Neste debate nenhuma confissão religiosa assumiu a crise. Crise, só na família, na política, na sociedade, no mundo... Se há alguma antipatia ou afastamento em relação às Igrejas isso deve-se só e unicamente à comunicação, à linguagem que não é entendida pelo mundo de hoje, grosso modo, pelos jovens... Não e não, a crise, não está só nos outros. Está também em quem acha que só os outros é que passam por isso de uma crise e resistir fixando-se em discursos feitos, em dogmas anacrónicos que desgastam as Igrejas e aborrecem as gerações actuais, especialmente, os mais jovens.
Por fim, uma nota sobre o sofrimento. Ninguém soube responder à questão, «onde está Deus quando há pessoas que morrem de fome, por causa de todo o género de violência... Uma criança vai da catequese para casa, cai dentro de um poço, onde está Deus?» Uma pergunta actual e importante para o mundo de hoje. Nenhuma pessoa do painel soube dar uma resposta convincente. A minha catequista a D. Mariazinha que mal sabia assinar o nome e pouco sabia ler daria uma resposta consistente sobre este assunto. Diria, Deus está em cada vítima da injustiça e do sofrimento. Deus contorce-se com dores em cada pessoa que enferma sob o domínio da doença, da fome e de todos os tipos de violências que grassam no mundo. Deus morreu e morre em todas as vítimas dos acidentes desta vida limitada e frágil. Deus morreu na criança que caiu no poço e aí encontrou a morte. Deus está em cada um e em cada qual e «encarna» tudo o que acontece em cada um, por isso, se diz que por esse Deus presente na vida concreta da pessoa, Ele manifesta o seu Amor e a vida em Abundância. Daí que se compreenda a ressurreição para depois da morte e a vida eterna. É neste Deus que fixo a minha fé e a minha esperança...
JLR

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Questões para o diálogo entre crentes e descrentes

1. «O Papa e os Cardeais são, na essência, políticos e não padres. As suas funções são de gestão e não pastorais».
2. «Jesus não fundou a Igreja Católica, nem a corrente Cristã. Jesus nasceu judeu, viveu como judeu e morreu judeu, sob sentença romana. Não se lhe conhece nenhum menção de fundar o que quer que seja. O fundador da Igreja foi São Paulo».
Duas questões que estiveram em diálogo entre uma pessoa crente e outra não crente, foram-me enviadas para que eu também participasse dando o meu contributo, respondi assim:
1. O Papa, os cardeais, os bispos e os padres são a hierarquia da Igreja Católica. São a visibilidade da acção da Igreja no mundo. Por isso, a sua acção é política e pastoral. O Papa é chefe de Estado (o Vaticano é um Estado). Reconhecermos que a acção da Igreja é pastoral e política, não tem mal nenhum para ninguém. Até é pena que a Igreja não tenha uma intervenção mais política em muitas situações da vida do mundo, a Igreja nesse campo pode dar um grande contributo, o seu património de doutrina é tão rico, que a sua acção poderia ser muito benéfica para todos os povos.
Obviamente, que todas as nossas acções têm uma conotação religiosa e política. Isso não é mal, é um bem. Jesus foi o maior político da história, para mim. É a minha referência religiosa, mas também política. O Seu Evangelho e a Sua acção tinham sempre uma clara opção, a libertação das pessoas. Não tinha medo de enfrentar os poderes políticos e religiosos. Não alinhou com grupos/partidos, é claro. Mas tomou partido pela pessoa humana salvando-a de tudo o que a oprimisse. Jesus lutou contra todos os aspectos políticos, sociais e religiosos que oprimiam a pessoa humana. A Sua opção é clara, sempre a favor da pessoa e da sua salavação.
Jesus partidarizou-se? - Não, a acção de Jesus não era partidária. As Suas atitudes são reveladoras de um projecto de libertação integral da pessoa humana. Isso e apenas isso. Tudo o que violasse esse princípio, Jesus actuava repondo a vida e a verdade das coisas.
A Igreja também tem que fazer política sem tomar partido por este ou aquele grupo. Deve seguir o exemplo de Jesus. Quando a hierarquia da Igreja toma partido por este grupo partidário ou regime político afunda-se, perde a liberdade. Tem que ser muito sábia para nunca se conotar, mas estar sempre de forma radical a favor da pessoa humana. Isso é pastoral, é política... Pouco importa. O que importa é que o faça seguindo o exemplo de Jesus.
2. Está tudo certo quanto à segunda questão. São Paulo, mais do que o fundador do Cristianismo, é antes o refundador, se é que podemos falar assim... Antes de São Paulo o Cristianismo já existia com os outros Apóstolos. Obviamente, que o contributo de São Paulo é inegável. Ele abriu o Cristianismo aos «gentios» (os outros povos que não os judeus). Nós que não somos judeus, devemos agradecer a São Paulo essa ousadia... Não é líquido que Jesus não tenha fundado o Cristianismo e a Igreja, obviamente, que a Igreja tal como a conhecemos na história não foi Jesus que a estruturou, mas o alicerce, a fonte vem de Jesus Cristo. Em 313, o imperador Constantino deu liberdade à Igreja e proclamou o Cristianismo a religião oficial do império, a partir daí tudo mudou e a Igreja estruturou-se com base na estrutura do Império Romano. Porém, com todos os altos e baixos, virtudes e misérias, a Igreja sempre deu um grande contributo para a promoção dos povos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

BEM-AVENTURADO O POLÍTICO…

Na intenção de contribuir um pouco na escolha dos melhores candidatos, publicando algumas reflexões sobre o perfil moral do político, feitas pelo Cardeal Van Thuân, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. São as “bem-aventuranças do político”:
1º – Bem-aventurado o político que tem consciência do próprio papel.
2º – Bem-aventurado o político de quem se respeita a honorabilidade.
3º – Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para o próprio bem.
4º -Bem-aventurado o político que se considera fielmente coerente e respeita as promessas eleitorais.
5º – Bem-aventurado o político que constrói a unidade e, fazendo de Jesus o seu centro, a defende.
6º – Bem-aventurado o político que sabe escutar o povo antes, durante e depois das eleições.
7º – Bem-aventurado o político que não tem medo, sobretudo da verdade.
8º – Bem-aventurado o político que não tem medo da Comunicação Social, porque no momento do julgamento deverá responder somente a Deus.
Bem, o contrário de bem-aventurado é maldito. Poderíamos fazer a lista de maldições. Por exemplo: Maldito o político que trabalha para o seu próprio bolso e não para o bem comum; maldito o político que só escuta o povo antes e depois o esquece completamente, quer dizer, durante a campanha nos abraça e depois, nem nos conhece; maldito o político que não tem temor de Deus, e assim por diante.
Deve votar nos bem-aventurados e não nos malditos, porque felicidade e maldição são contagiosas.
Vamos usar este critério na escolha, ou vamos votar por interesse do próprio bolso ou sem critério algum?! Nesse caso, quem vota é que mereceria o adjectivo antónimo de bem-aventurado.
Recebido por mail...
Imagem Google

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Beatos, tiranos e populistas

Feita a proclamação solene do bem-aventurado Papa João Paulo II, merecida, é claro, pelas muito nobres actividades em prol da Igreja e do mundo, eis o momento de alguma reflexão para pensar todos os momentos em que vivemos hoje. Sinais dos tempos, diremos para enquadrar com uma expressão muito querida ao Concílio Vaticano II.
Quanto aos beatos pouca relevância têm, embora revelem uma Igreja Católica injusta até nisto da «coisa» da santidade, se uns baptizados são, porque não são outros tantos… Por mim há muito que canonizei os meus saudosos avós e outras tantas pessoas que passaram pela minha vida e que tanto bem me fizeram, e mais, também acredito que fizeram imenso pela verdadeira Igreja de Jesus Cristo que se espalha pelos imensos recantos anónimos desta vida e deste mundo. A multidão dos beatos ou santos é infinita. Cada cristão pode sê-lo e cada um pode contar no seu coração com as pessoas mais importantes das suas vidas e, por conseguinte, considerá-las beatas ou santas.
Para a mediática beatificação de João Paulo II, o Vaticano convidou o sanguinário Robert Mugabe, que está proibido de entrar nos Estados Unidos da América (USA) e na União Europeia. Ao mesmo tempo que o tirano-beato ditador participava na Santa Missa de beatificação de um Papa, os USA mandavam para o céu o terrorista Bin Laden e este acto igualmente terrorista fica nomeado por toda a gente, incluindo o Vaticano, que é um bem para humanidade o assassinato de um terrorista pela primeira democracia do mundo.
Eis que nós hoje celebramos o dia da Europa, o continente da união, da liberdade, da fraternidade, da igualdade e do iluminismo, mas, convive com indiferença e diz que não cabemos todos neste espaço. Está impávida com os milhares de refugiados vindos do norte África à procura do «el dourado» da Europa. Nada é feito por estes pobres e tristes seres humanos que se afundam no mar Mediterrâneo, como se fossem isco enviado aos peixes. A nobre Europa limita-se a dizer que eles não cabem aqui, são indesejados, capturados como se fossem ratos e outros morrem da pior forma, à sede e à fome em alto mar perante a insensibilidade de outros que concebem a beleza da vida só e unicamente para si. Não acredito nesta Europa e não aceito que a Europa dos povos se torne um gueto de egoismos ou quem sabe um campo aramado onde passeiam velhos decrépitos.
Neste contexto segue a campanha eleitoral para as próximas eleições de 5 de Junho. O populismo soma e segue. Temos um programa de governo imposto pela «Troika» abalizado pelos três maiores partidos (PSD, PS e CDS). Todos fazem de conta que não o assinaram. O PSD pretende privatizar quase tudo, acho que seria mais fácil dizer o que não será entregue aos privados e promete subidas de impostos. O PS entretém-nos com mais promessas. O CDS parecendo ter o segredo do sucesso comporta-se como se tudo o que fez é sempre o melhor do mundo e, mais, já tem a certeza também que vai ter uma grande votação. Todos nos enganam como se a próxima governação não fosse feita com base no famoso memorando da «Troika». Uma palavra devia ser o mote para a campanha em todos os partidos, a verdade. Nesse âmbito, deviam conjugar as suas ideias com as medidas do memorando e com toda a responsabilidade fazerem as suas propostas com seriedade sem qualquer sombra de populismo e como pura e simples caça ao voto...
No contexto, em que nos encontramos, precisamos urgentemente de instituições e pessoas que reacendam a nossa confiança e a esperança no futuro. Esta sim seria a chave do sucesso do nosso país, da Europa e da nossa Igreja Católica.
JLR
Imagem Google

apocalipse

virei
reiteradamente
como as estações das flores
virei como o animal ou o corsário
semear o vento que vos lembre a morte
(e vós que vos fechais em vossa vã imagem e vossos trapos,
vós que adorais Deus olhando-vos ao espelho,
tremei de vosso assento de carne fustigada
há muito que Ele deixou às vossas portas as sandálias)
virei na eclosão das vagas
envolto em tudo quanto a vida trabalha
virei no desregramento do vento
e em vosso pasmo assim eu cante o vinho
que sobe o rio às costas dos vindimadores
virei no circuito da palavra
que se quebra como um ramo de água
e deixareis as armas para falar sem ritos
morre-se quando de nós ficam ficaram restos
que ninguém recolhe virei no som de Stockhausen
e quantos desconstruíram a harmonia
e o mundo antigo para que habiteis o tempo
como quem habita as fontes
cheios de barulhos por dentro como o vinho
à cabeça das vindimadeiras
José Augusto Mourão
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Nota: O religioso dominicano José Augusto Mourão, professor na Universidade Nova de Lisboa e diretor do Instituto São Tomás de Aquino, morreu na manhã do dia 5 de Maio de 2011, anunciou o responsável da congregação, frei José Nunes.
“Era muito interessado no estudo, com uma capacidade invulgar de investigação”, referiu o superior à Agência ECCLESIA, acrescentando que José Mourão foi uma pessoa “extremamente intelectual e ao mesmo tempo muito sensível, vivendo a fé à flor da pele”.
Além de “grande poeta” – o volume ‘O nome e a forma’ reúne a sua poesia – o religioso nascido a 12 de junho de 1947 em Lordelo, Vila Real, tinha “grande sensibilidade litúrgica”, que expressou em “milhares de letras para cânticos religiosos”, assinalou José Nunes.
A obra de José Augusto Mourão cruza o saber científico, com estudos nos domínios da Semiótica e Linguística, com a pastoral e a espiritualidade – o último dos seus livros de homilias, ‘Quem Olha o Vento não Semeia’, vai ser lançado brevemente pela editora Pedra Angular.
Foi uma “pessoa muito próxima e simples, a quem devemos muito, e deixou um legado impar”, afirmou José Nunes, que destacou também a capacidade revelada por José Augusto Mourão na aproximação aos não católicos.
O superior da província portuguesa da Ordem dos Pregadores revelou que José Augusto Mourão “ofereceu o corpo à medicina”, pelo que a missa de corpo presente já foi celebrada no hospital onde faleceu, com a presença de um número reduzido de pessoas.
Hoje, às 21h00, celebra-se eucaristia no Convento de São Domingos, e para 14 de maio está marcada missa no Convento do Lumiar, ambos em Lisboa.
José Augusto Mourão deixou por escrito a vontade de que o seu corpo seja cremado, o que ocorrerá em data a anunciar.
In Ecclesia
Morreu um dos mais marcantes poetas da actualidade... Foi dele a citação que coloquei no cartão da minha Missa Nova em 1996. Paz à sua alma.

domingo, 8 de maio de 2011

Missionária e mãe

Partilho um texto do Padre Zezinho, neste mês de Maio, dedicado a Maria...
Não está escrito em nenhum lugar da Bíblia que Jesus enviou Maria em alguma missão. Também não está escrito que não enviou. O que está escrito é que Ele, em missão, se fazia acompanhar, coisa rara naquele tempo, também de mulheres missionárias, que mesmo não pregando, estavam lá no grupo com ele e os discípulos. Seguiram Jesus desde a Galiléia para cuidar de suas necessidades ( Mt 27,55) O cristianismo começou com homens missionários e mulheres missionárias, já que ser missionário não significa apenas pregar a palavra, mas leva-la e ajudar a leva-la. Elas estavam lá firmes na caminhada, ao pé da cruz, no enterro e na ressurreição. Na sua morte, entre as mulheres, estavam, Maria Madalena, Salomé, Maria, mãe de Tiago, de José, de Simão e de Judas (Mt 13,55; Jd 1,1 ; Mc 15,40) Os filhos desta Maria missionária eram chamados irmãos de Jesus. Mas não era a mesma Maria de José, a mãe de Jesus? - Há uma confusão nos evangelhos ( Mt 13,55) mas logo depois ela se desfaz em outras passagens quando se atribui aos mesmos um outro pai: Alfeu. Então havia uma Maria de Alfeu e uma Maria de José, esta a mãe de Jesus. As duas, missionárias.
E então? É impensável que Jesus tenha chamado estas mulheres para a missão sem ter chamado Maria. Até porque viveram juntos mais de 30 anos e Maria estava lá, firme ao pé da cruz, como estivera firme em momentos importantes da sua vida. E estava lá quando o Espírito Santo veio sobre os presentes. As línguas de fogo não pousaram só nos homens. Nos Atos se lê que o fenómeno aconteceu com todos os presentes. ( At 2,4) Lá se lê que entre eles estava Maria, sua mãe, seus “irmãos”que já sabemos que tinham outra mãe e as outras mulheres.(At 1,14) Nossas Igrejas ensinam que o Espírito Santo não vem apenas para os pregadores. Os que estavam lá orando ( At 1,14) eram missionários e todos receberam o Espírito Santo.
Quando pois proclamamos Maria missionária, porque ora com os discípulos e com as outras mulheres, porque que age e intercede pelos outros como nas bodas de Caná, porque não se afasta dele por nada, desde o berço até à cruz, estamos falando da mãe que deu todo o apoio ao filho e com quem ele pôde contar o tempo todo. Se, por anunciarmos Jesus, alguém nos chama de missionários, imaginem Maria! Alguém amou e entendeu Jesus mais do que ela?
Entre nós católicos, Outubro o mês das missões é também dedicado a ela. Nem podia ser de outra forma... Ninguém foi tão comprometido com ele quanto sua mãe. Acostumemo-nos a vê-la dessa forma. Perto dessa missionária não há católico nem evangélico que não se curve respeitoso... Se o título cabe aos apóstolos e a nós cabe também a ela. Com muito mais mérito e razão.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O sonho

Nota: Eis um dos poemas da minha vida...
.
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
..
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
ao que é do dia-a-dia.
...
Chegamos? Não chegamos?
....
-Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Comentário à Missa do próximo domingo

Domingo III Páscoa
08 de Maio de 2011
Emaús aqui tão perto
A localização de Emaús tem diversas tradições, todas a Oeste de Jerusalém. Deste Evangelho, próprio de Lucas, discute-se a origem. Talvez seja um convite a percorrer o próprio itinerário de fé, caminhando com Jesus? – Esta visão basta para o que se pretende reflectir.
Toda a Páscoa é um convite a seguir o caminho da vida a bom passo. Nessa caminhada escuta-se a voz de Jesus Vivo e Ressuscitado, que garante que estará connosco mesmo que não o vejamos. O caminho faz-se andando, se quisermos fazer uma alusão aos poetas quando afirmam que «o amor faz-se amando» e a São João da Cruz que dirá: «o caminho faz-se caminhando».
Ora bem no texto do Evangelho descobrimos a imagem da humanidade em dois discípulos a fazer a caminhada até Emaús, mas, caminham consternados, derrotados e desiludidos com os factos recentes passados em Jerusalém. Qual humanidade hoje a fazer o caminho com o desalento e o desanimo, porque afundada pelas crises monetárias, pelas guerras inacabáveis, pelas violências constantes... Nesse caminho, Jesus lança-nos a pergunta: «que fizestes do dom da Minha Morte Pascal?» E nós fazemos outras: foi em vão a Sua morte? Não serviu para percebermos que só pelo amor a humanidade será feliz? Não percebemos ainda que a dignidade humana e os Direitos Humanos devem ser respeitados para que a humanidade inteira se realize na harmonia do bem? Não serviu para perceber ainda que Deus nos criou para a vida e não para a morte? Para onde caminhas humanidade, que te auto flagelas e matas frequentemente? (…)
Todas estas questões fazem sentido porque a humanidade continua atada às suas razões e por isso não vê as potencialidades de vida em abundância que Jesus nos oferece com a Sua Páscoa. Jesus, ao falar da Bíblia aos discípulos, revela-lhes o caminho e a mensagem que se levada à prática pode libertar do lamaçal em que a humanidade tantas vezes se deixa atolar.
Então Jesus faz-nos esta pergunta, «porque vos evadis das noites escuras?» E responde na intimidade de cada um, «quando anoitece Eu fico convosco partilhando as vossas trevas». Esta proximidade faz com que cada pessoa encontre força e ausência de medo para seguir adiante fazendo o caminho que conduz ao Emaús da felicidade que a Ressurreição de Jesus nos oferece.
A refeição, é o lugar do encontro, o Sacramento dessa presença misteriosa, porque só «reunidos à mesa Me reconhecereis Ressuscitado». A importância da Eucaristia vê-se claramente neste encontro de Emaús. No partir do pão Jesus é reconhecido e convida à saída de si mesmo para se lançar ao encontro dos outros, especialmente, os mais necessitados, para viver a densidade eucarística da partilha fraterna. Cada momento desse encontro é uma meta que dá entusiasmo à vida, porque retempera na coragem e lava ao desprendimento de si para se abrir aos outros.
Nesta abertura à partilha no itinerário da fé, sentir-nos-emos comunidade que peregrina para a Páscoa definitiva. Por isso, pedimos «Senhor, Tu que fazes connosco este caminho aberto ao Transcendente, faz que não nos detenhamos até chegar ao encontro definitivo». Afinal, o Emaús de cada um de nós pode estar longe materialmente falando, mas com Jesus Ressuscitado ao nosso lado, podemos afirmar, «Emaús aqui tão perto».
JLR

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para vencer o fracasso

«No fracasso, há algo dentro de mim que se destrói. Destrói-se aquilo onde depositei as minhas esperanças. O importante, numa situação tão crítica como essa, é que eu próprio não seja destruído (…) No entanto, se entender esta situação como algo que se rompeu em mim para que o meu verdadeiro núcleo se manifeste de forma mais clara, poder-me-ei reconciliar com o fracasso. Nesse caso, isso não me rouba a minha dignidade e também não me oprime».
O livro das respostas, Anselm Grün, (Paulinas, Lisboa, 2008).
Imagem in blogue: Porque sou chato??

terça-feira, 3 de maio de 2011

Coragem é coragem

Nota: Só para que se veja claramente que os sacerdotes devem participar na vida da cidade. A isso chamam de política, mas o que é a política senão isso mesmo, participar na vida pública da cidade. Este exemplo de coragem vem de um sacerdote brasileiro e outro da Diocese do Porto, fez eco dessa intervenção no órgão oficial de informação desta Diocese. Aqui na Madeira ainda estamos muito pequeninos e falta-nos abrir horizontes claros no que diz respeito a estas questões da vida pública. É pena que se continue a rotular e a fazer críticas de baixo nível intelectual com argumentos ora simplórios para não dizer patéticos, ora anacrónicos, extemporâneos como se não existisse vida para além daqueles que se assumem como mercenários da opinião e da política partidária. Coragem é coragem.Verdades são verdades.

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Em, 2009 o Ministério Público de São Paulo (Brasil) mandou retirar as imagens religiosas das repartições públicas.
No diário “Folha de São Paulo” de 9.08.2009 foi publicada uma carta muito corajosa de um padre católico – Demetrius dos Santos Silva – que apresenta curiosas razões por que concorda com essa legislação. Diz assim: “Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde as sentenças são barganhadas, vendidas e compradas. Não quero ver mais a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte. Não quero ver também a Cruz em delegacias e cadeias, onde os mais pequenos são constrangidos e torturados. Não quero ver a Cruz em hospitais onde pessoas pobres morrem sem atendimento. É preciso retirar a Cruz das Finanças públicas, porque Cristo não abençoa o tratamento dado a quem paga impostos e mantém a máquina pública, e a sórdida política brasileira, causa das desgraças, das misérias e sofrimentos dos pequenos, dos pobres e dos menos favorecidos”. Valente coragem! Mas esta coragem anda bastante longe de Portugal.
Falta por cá a coragem de denunciar a injustiça, a corrupção, as fraudes, a morosidade dos tribunais, etc. Talvez esta carta ousada de frei Demetrius possa despertar muita gente para a missão de “anunciar a Boa Nova aos pobres”: aos desprotegidos e injustiçados… Talvez a força desta crise faça despertar o olhar para os problemas das pessoas em carência física e moral…
Mário Salgueirinho, In Voz-Portucalense

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A figueira

.
Eis aquelas árvores frondosas que se fizeram
Quando desabrochou a melhor estação do ano
O estado primaveril daqueles dias nobres
Que pela manhã da vida fizeram o sol
E pela tarde chorou fios de água benta
Que humedecem a terra do sonho e da vida.
..
Aquelas árvores fizeram-se com folhas grandes
Na cor grande da esperança sem frutos ainda
Mas logo surpreendentemente virão um a um
Fazer o milagre em fruto de vida para todos.
...
Só falta nomear que das mais marotas e belas árvores
A criação «pariu» a figueira e os seus deliciosos figos.
JLR