15 de Maio de 2011
Domingo IV da Páscoa - Ano A
O BOM PASTOR
Jesus apresenta-Se como Porta do Redil e como Pastor das ovelhas, o Bom Pastor.
O discurso é uma parte da longa controvérsia de Jesus com os fariseus e mestres do povo. Ainda hoje, se conserva o costume, entre nós, de fazer o sinal da cruz na boca da criança que boceja ou dizer "santinho" quando alguém espirra. São pequenos exorcismos; pois antigamente acreditava-se que demónios de doenças podiam penetrar pela boca escancarada a bocejar e pelas vias respiratórias franqueadas pelo espirro. Heresias e, portanto, falsidades. Os exorcismos implicam uma mentalidade mágica.
Hoje, os curandeiros - exorcistas - das mais baixas e exaltadas seitas pseudo protestantes obtêm estrondosos êxitos (aparentes).
As "curas" pelos exorcismos não são milagres divinos.
Não são expulsões de demónios. É puro curandeirismo. É bom dar aos doentes (mesmo doentes para psicológicos) a bênção própria a quem está enfermo.
Deve explicar-se que é súplica humilde à ajuda di-vina. Para que Deus ajude os médicos e anime o enfermo. Sem demónios, sem espíritos maus, sem exorcismos. Se tivermos em conta os textos paralelos de Mt. 18, 12-14 e Luc. 15, 4-7, ambos designam a parábola como a da "ovelha perdida".
A chave central é as relações entre pastores e ovelhas e não é difícil identificar as diferentes "personagens".
As ovelhas: as ovelhas do redil, as ovelhas perdidas, vítimas de erros próprios e alheios; as outras ovelhas que não são do redil; finalmente, as gordas e as magras.
Os esforços enormes, feitos a partir do Concilio, nos campos da teologia, da liturgia, da pastoral, esse dinamismo renovador não chegou à imensa maioria dos baptizados. A mensagem evangélica tão enriquecida em seus conteúdos e formas nos "centros” eclesiais, não chega às "periferias". A maior parte dos baptizados continua como ovelhas sem pastor. Cuidamos, quase tão só, das ovelhas que ficam no redil. Os "inimigos" das ovelhas: a maldade dos inimigos declarados converge com a ineficácia dos pastores. Os "inimigos" chamam-se ladrões e salteadores, lobos e animais ferozes. Dispersam os cristãos, colocam-nos fora do influxo da Igreja e fora dos valores do Evangelho; matam neles o sentido de Deus, revelado em Cristo e o sentido do homem.
Os mercenários e os maus pastores: são descritos como aqueles que, por não serem pastores a quem as ovelhas não pertencem, "não se importam com as ovelhas", abandonam-nas e fogem quando chega perigo. Se as ovelhas se perdem pode-nos tranquilizar o pensar que nós nos salvaremos. Salvar-se-ão os pastores sem as ovelhas?
As ovelhas "bem cuidadas": é esclarecedora a passagem de Ez. 34, 17-22.
Procurai lê-la.
Os estranhos: se o rebanho nos considerar "estranhos" não reconhecerão a nossa voz. Por que não se dá o contacto, encontro Evangelho-homens? Não será um problema de mediação? É inadiável a conversão da nossa pastoral e a nossa própria conversão.
A PORTA: Cristo é, também, porta. E, em primeiro lugar, das ovelhas. Por Ele e n'Ele temos acesso à: Luz que nos comunica a sua Palavra, sempre viva na Igreja; Vida em que essa luz se converte e que celebramos e renovamos nos Sacramentos e na oração; amor, serviço e comunhão que nos faz capazes de criar fraternidade.
Ele fez-nos a todos, não só ovelhas, mas, também, guardiães e pastores dos outros.
Com funções diferentes, mas igualmente responsáveis. No entanto, só ELE salva.
P. José Manuel
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Pequena história:
Uma ovelha encontrou um buraco na cerca e, por ele, escapou, satisfeita por ver-se, afinal, bem soltinha. Caminhou muito tempo e perdeu o caminho de volta para casa. Só então percebeu que um lobo faminto a seguia de perto. Correu a ovelhinha, assustada, sempre perseguida pelo lobo. Felizmente, os pastores chegaram a tempo de a salvarem da fera. Levaram-na para casa com muito carinho. E, apesar dos conselhos dos amigos que viram o facto, o pastor recusava fechar o buraco da cerca por onde a ovelhinha fugira.
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Para fazer pensar:
* O pastor recusava-se fechar a cerca, porque a ovelha tinha levado uma lição que a ensinou a ter muito cuidado e que a liberdade desmedida nem sempre é sinónimo de felicidade. A liberdade não se vive isoladamente, egoisticamente.
* A liberdade é um dom. O importante é ser responsável, utilizando a liberdade para o bem de todos. Somos livres para amar e servir sempre em função da felicidade.
* Como vives a tua liberdade? Qual o retracto que farias de uma pessoa verdadeiramente livre?
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Pensamento:
«Por quê me preocupar? A mim cabe pensar em Deus. A Deus cabe pensar em mim». Simone Weil
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