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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Questões para o diálogo entre crentes e descrentes

1. «O Papa e os Cardeais são, na essência, políticos e não padres. As suas funções são de gestão e não pastorais».
2. «Jesus não fundou a Igreja Católica, nem a corrente Cristã. Jesus nasceu judeu, viveu como judeu e morreu judeu, sob sentença romana. Não se lhe conhece nenhum menção de fundar o que quer que seja. O fundador da Igreja foi São Paulo».
Duas questões que estiveram em diálogo entre uma pessoa crente e outra não crente, foram-me enviadas para que eu também participasse dando o meu contributo, respondi assim:
1. O Papa, os cardeais, os bispos e os padres são a hierarquia da Igreja Católica. São a visibilidade da acção da Igreja no mundo. Por isso, a sua acção é política e pastoral. O Papa é chefe de Estado (o Vaticano é um Estado). Reconhecermos que a acção da Igreja é pastoral e política, não tem mal nenhum para ninguém. Até é pena que a Igreja não tenha uma intervenção mais política em muitas situações da vida do mundo, a Igreja nesse campo pode dar um grande contributo, o seu património de doutrina é tão rico, que a sua acção poderia ser muito benéfica para todos os povos.
Obviamente, que todas as nossas acções têm uma conotação religiosa e política. Isso não é mal, é um bem. Jesus foi o maior político da história, para mim. É a minha referência religiosa, mas também política. O Seu Evangelho e a Sua acção tinham sempre uma clara opção, a libertação das pessoas. Não tinha medo de enfrentar os poderes políticos e religiosos. Não alinhou com grupos/partidos, é claro. Mas tomou partido pela pessoa humana salvando-a de tudo o que a oprimisse. Jesus lutou contra todos os aspectos políticos, sociais e religiosos que oprimiam a pessoa humana. A Sua opção é clara, sempre a favor da pessoa e da sua salavação.
Jesus partidarizou-se? - Não, a acção de Jesus não era partidária. As Suas atitudes são reveladoras de um projecto de libertação integral da pessoa humana. Isso e apenas isso. Tudo o que violasse esse princípio, Jesus actuava repondo a vida e a verdade das coisas.
A Igreja também tem que fazer política sem tomar partido por este ou aquele grupo. Deve seguir o exemplo de Jesus. Quando a hierarquia da Igreja toma partido por este grupo partidário ou regime político afunda-se, perde a liberdade. Tem que ser muito sábia para nunca se conotar, mas estar sempre de forma radical a favor da pessoa humana. Isso é pastoral, é política... Pouco importa. O que importa é que o faça seguindo o exemplo de Jesus.
2. Está tudo certo quanto à segunda questão. São Paulo, mais do que o fundador do Cristianismo, é antes o refundador, se é que podemos falar assim... Antes de São Paulo o Cristianismo já existia com os outros Apóstolos. Obviamente, que o contributo de São Paulo é inegável. Ele abriu o Cristianismo aos «gentios» (os outros povos que não os judeus). Nós que não somos judeus, devemos agradecer a São Paulo essa ousadia... Não é líquido que Jesus não tenha fundado o Cristianismo e a Igreja, obviamente, que a Igreja tal como a conhecemos na história não foi Jesus que a estruturou, mas o alicerce, a fonte vem de Jesus Cristo. Em 313, o imperador Constantino deu liberdade à Igreja e proclamou o Cristianismo a religião oficial do império, a partir daí tudo mudou e a Igreja estruturou-se com base na estrutura do Império Romano. Porém, com todos os altos e baixos, virtudes e misérias, a Igreja sempre deu um grande contributo para a promoção dos povos.

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