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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Bento XVI e uma frase para a história

Nota da redacção: A Visita Papal a Portugal tem corrido bem, com pompa, organização bem montada, muita fé, muitos sorrisos de gente até aqui muito sisuda e com muita coisa bonita como é de esperar nestas ocasiões. Saliento os discursos que têm sido proferidos, muito interessantes, a merecerem um estudo e reflexão apurados. Gostei muito dos discursos do Papa e do cineasta Manuel de Oliveira no Centro Cultural de Belém, no encontro com os artistas. Porém, ficará para a história a frase. Esta frase sintomática, porque corajosa e lúcida, a revelar boa política e a meu ver augura novos céus e nova terra para a Igreja. Afinal, chegou ao fim a ideia de que todo o mal contra a Igreja só vinha de fora. Eles eram os diabos comunistas, os diabos dos homossexuais, os diabos dos maçónicos, os diabos dos jornalistas e etc. Era sempre a mesma táctica, o mal só podia vir de forma dos inimigos que a Igreja tinha elegido. Esperemos que muitos bons católicos aprendam com o Papa a saber olhar para dentro antes de diabolizar o exterior. Sempre pensei e rezo para que a Igreja não seja a mesma e tenha a coragem de mudar depois da vergonha dos escândalos de abusos sexuais levados a cabo por sacerdotes contra menores. Aguardemos em jubilosa esperança. (Adiante apresento um parágrafo do editorial do Público sobre este assunto).
Antes mesmo de pisar solo português, o Papa Bento XVI proferiu aquela que ficará como umas das declarações mais relevantes da sua visita a Portugal - e que logo teve eco na imprensa internacional, com destaque para o New York Times. Referindo-se aos casos de pedofilia que envolvem membros do clero, disse claramente: "Sempre o soubemos, mas agora vemo-lo de forma mais aterradora, que a maior perseguição à Igreja não vem dos inimigos no exterior mas nasce do pecado da Igreja". Não pôs de parte a existência de ataques "do exterior", mas relativizou-os, afirmando de forma inequívoca que a Igreja Católica tem uma "profunda necessidade" de "aprender o perdão e a necessidade da justiça", sendo que o primeiro não substitui a segunda. Com isto, Bento XVI quis "resolver" logo no início uma polémica que se adivinhava poder vir a ensombrar a viagem, e, ao mesmo tempo, deixar claro perante crentes e não crentes que a sua disposição é a de não pactuar com práticas inadmissíveis nem com os discursos de vitimização que outros ensaiaram para as iludir. Olhar de frente o problema, encará-lo, é o caminho. Muitos tinham-no sugerido, Bento XVI disse-o agora, sem hesitações. De forma tão clara que o mundo certamente lhe agradecerá.
in 2º parágrafo do editorial do Público

3 comentários:

laureana silva disse...

Concordo plenamente senhor padre, devo dizer que este Papa me surpreende pela positiva. Eu amava e admirava o Papa João Paulo II e tive uma certa dificuldade em aceitar como Papa o Cardeal Ratzinger. Todavia devo dizer que estou a começar a amá-lo e admirá-lo por tudo o que tem dito e feito, pela sua intelectualidade e pela sua grande humildade e até timidez. Bem vindo a Portugal
Maria

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, tudo isto faz parte da nossa idiossincrasia. Somos hospitaleiros, recebemos papas, reis, republianos (crentes ou ateus) e outros chefes de estado. Relativamente, aos imigrantes é que já vamos tendo alguma dificuldade. E é pena.Porque, inegavelmente, a mensagem da Igreja e tb deste Papa tem sido de acolhimento aos povos que fugiram à guerra, à fome e que procuram melhores condições de vida. Para mim, quem representa Jesus são os que acolhem o irmão ou irmã mais pequenino(a)s. A Parábola do Bom Samaritano está nesta prática de solidariedade.Agora, com esta crise regional, nacional e mundial vamos ver o que nos diz a Mensagem de Nossa Senhora. Certamente, que Ela, nos tempos actuais, em todos os santuários e lugares do mundo nos vai dizer "derrubamos os poderosos de seu trono e enchemos as mãos dos famintos". Com velas e sem elas não transformemos tudo isto na igreja ou religião do individualismo. Procuremos salvar o mundo da selva capitalista, do mercado especulativo. Do salve-se quem puder. Só a preocupação por estes problemas que atinjam, sobretudo, os mais pobres e tentar minimizar este sofrimento, valeu a pena a vinda do Papa Bento XVI, a vinda à Madeira de Virgem Peregrina e todas as manifestações que se façam, tendo em conta a Mensagem do Evangelho do Senhor Jesus. Meu Única Salvador e Senhor.

M Teresa Góis disse...

Uma frase coerente não invalida que as frases posteriores sejam, também elas, coerentes.
Foi isso que ouvi e senti.
Como diz o povo "fugiu a boca para a verdade!"