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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Fé e Beleza

Igreja precisa de celebrar novo pacto criativo com o mundo das Artes.
Na linha dos seus predecessores, o Papa Bento XVI tem declarado que a Igreja precisa de celebrar um novo pacto criativo com o mundo das Artes. São palavras para tomar a sério e traduzir em cada realidade nacional. Não há razões para a Igreja realizar a sua missão (que tão intimamente se liga não só à Verdade e ao Bem, mas também à Beleza) de costas voltada para os grandes criadores do seu tempo. Um catolicismo que descure a expressão da Beleza é seguramente um catolicismo diminuído.
A Beleza para a Igreja não é um ornamento. Se o Mistério de Deus se soletra pela tríade Verdade, Bem e Beleza, quer dizer que esta última integra o património íntimo que dá substância à própria Fé. Sem a Beleza a experiência cristã permanece incompleta, por que Deus é Beleza, esplendor, glória. Nós sabemos bem os riscos de um cristianismo puramente histórico, articulado simplesmente entre convicções e práticas. O cristianismo é também um sobressalto de infinito, paixão pelo absoluto, uma epifania que nos transcende, uma inexplicável emoção que nos derruba nos caminhos de Damasco que são os de todas as vidas.
Dizia o Papa Paulo VI aos Artistas, num discurso que Bento XVI tem citado: "Nós temos necessidade de vós. O nosso ministério precisa da vossa colaboração. Porque, como sabeis, o Nosso ministério é pregar e tornar acessível e compreensível, aliás comovedor, o mundo do espírito, do invisível, do inefável, de Deus. E nesta operação... vós sois mestres. É a vossa profissão, a vossa missão; e a vossa arte é extrair do céu do espírito os seus tesouros e revesti-los de palavra, de cores, de formas de acessibilidade… E se a Nós viesse a faltar o vosso auxílio, o ministério tornar-se-ia balbuciante e incerto".
A Igreja em Portugal precisa de um virar de página nesta matéria. Há ainda demasiados subprodutos que circulam, numa espécie de contrafacção estética e de ruído. Urge uma estação de exigência e o celebrar de um compromisso capaz de dar à nossa Evangelização uma estética consistente, coerente e contemporânea.
José Tolentino Mendonça

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luis ainda há pouco estive com uma Grande Amiga Beatriz no facebbok a dissertar sobre esse tema da Beleza e do Belo. Fé e Beleza tornam-se mais complementares quer na perspectiva teológica, quer na filosófica. A Fé sem Beleza é amorfa e a Beleza sem Fé é ríspida nas limitações que o conceito de Beleza tem. A Fé tem aonde desaguar nos caminhos do infinito; a Beleza estiliza-se muito e finitiza-se numa caminhada que tem fim. Para a fé não há amputações de natureza física ou psicolíca; Para a Beleza há muitas subjetividades e loucos espaços de desejos muitas vezes deturpadores à sua realidade central: a eternidade mesmo sem Deus. Agora a Fé desaparece com a morte; o "ver face a face" enquanto a beleza eterniza-se após ela (morte) .