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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Canção de Batalha - Guerra Junqueiro - Declamada por Pedro Abrunhosa

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Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,

Que andaram contemplando a Lua branca e fria…

Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!

Já canta pelo azul sereno a cotovia

E já rasga o arado as terras fumegantes…

..

Entra-nos pelo peito em borbotões joviais

Este sangue de luz que a madrugada entorna!

Poetas, que somos nós? Ferreiros d’arsenais;

E bater, é bater com alma na bigorna

As estrofes de bronze, as lanças e os punhais.

Acendei a fornalha enorme – a Inspiração.

Dai-lhe lenha – A verdade, a Justiça, o Direito –

E harmonia e pureza, e febre, e indignação;

E p’ra que a labareda irrompa, abri o peito

E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!

….

Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!

O poeta é como o sol: o fogo que ele encerra

É quem espalha a luz nessa amplidão sonora…

Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra!

Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!

Abílio de Guerra Junqueiro (1850-1923) Escrito/Poeta/Jornalista/Político Guerra Junqueiro, in Poesias “Dispersas”

Nota da redacção: Fica este belíssimo poema de Guerra Junqueiro, para homenagerar o espírito da República na celebração dos seus 100 anos. Nela permanece o bom e o mau da convivência humana. Este poema tem uma actualidade impressionante e melhor serve como grito para reclamar tudo o que a República podia fazer e que ainda não fez. Não tenho paciência para entrar pelos enredilados históricos das investidas da República contra as confissões reilgiosas, particularmente, a Católica. Acho que o mais importante não está aí...

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