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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo, 24 de Outubro de 2010
Deus não está à venda
São muitas as tentativas para comprar Deus. O que está por detrás de tais gestos pouco humildes, são a tentativa de manipular Deus. Isto é, não são raros os que pensam que é possível fabricar um Deus à maneira de cada um e que com palavras benévolas a seu favor e contra os outros, podem dar a volta à misericórdia de Deus. Provavelmente, pensamos que podemos desviar a atenção de Deus escondendo os nossos desmandos com palavras mansas. Esta lógica da manipulação não se coaduna com o agir de Deus Pai/Mãe de Jesus. Não é a fé a única razão da dedicação à Igreja para muita gente. Mas muitos haverão, que se envolvem em grupos, movimentos e actividades da igreja não com a intenção de servir a comunidade, mas para se promoverem e mostrarem que são mais importantes que todos os outros e ganharem dinheiro com isso. Apontar os erros dos outros é sempre mais fácil. Mas, o valor de uma pessoa está na sua capacidade de reconhecer os seus defeitos e depois tentar melhorar sempre em cada hora da vida. Jesus quis mostrar que não é com a exaltação pessoal que agradamos a Deus, mas com o reconhecimento das nossas falhas e dos nossos pecados. Reconheço portanto, que muitos haverão na igreja que sabem verdadeiramente estar ao serviço da comunidade sem interesse nenhum. Não reclamam qualquer reconhecimento. No silêncio da oração e do encontro com Deus mostram quanto a sua fé se alimenta de humildade e de fé verdadeira no Reino de Deus. Se meditamos assim, somos levados a concluir que Deus detesta ser comprado com ofertas bajuladoras, ritos anacrónicos e sem sentido, orações ocas e sem conteúdo, celebrações faustosas que enchem os olhos sem qualquer consistência na vida prática. É um engano pensar que são as nossas muitas coisas que rezamos e celebramos que nos justificam. O que nos salva, é sempre a bondade e a misericórdia de Deus. E Ele salva e justifica quem reconhece a sua inutilidade e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da profunda gratuidade de Deus. Nada em Deus está à venda, tudo é oferta de amor que se derrama em todos os corações disponíveis para o acontecer dessa graça. E termino como o padre Victor Gonçalves na sua crónica-comentário a esta mesma parábola do Evangelho: «É a verdade de sermos pobres e necessitados de Deus, do seu amor e do seu abraço, que importa dizer e sentir. Por isso, “pecador” é quem quer mudar, é quem diz como o Jorge Palma: 'Enquanto houver estrada para andar/ A gente vai continuar/ Enquanto houver estrada para andar/ Enquanto houver ventos e mar/ A gente não vai parar/Enquanto houver ventos e mar'».
JLR
É apresentada a imagem em: ocontornodasombra.blogspot.com

2 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís vendo a beleza da sua Catequese semanal, eis-me em resposta, para dizer que o grande problema da igreja é não amar Deus. E muito menos às suas obras. Criou uma teia e uma rede que não que consegue desembaraçar-se e dificilmente encontrará Deus na Pessoa do seu Filho Jesus Cristo. Para mim o que me impede de ver nitidamente Deus é a igreja na sua hierarquia, na funcionalidade da sua cúria.Os padres em vez de serem agentes históricos da libertação proclamada por Jesus, através dos Ensinamentos do Evangelho.Não! Estão tristemente acorrentados em direitos, costumes, normas, piedades e manifestações que nada dizem às mulheres e homens do nosso tempo. O papa e bispos, dizem eles, que vivemos um certo relativismo que nos impede de reflectir, orar etc.O que eu vejo nas cerimónias do Vaticano ou de santuários são ritos e peças de teatro muito bem montadas , mas sem que Jesus esteja lá. O Povo eu respeito pelas manifestações de dor com rostos muito tristes próprios da vitimização que lhes impôs uma sociedade politica e económica que abandonou os seus cidadãos e deixou-os totalmente à sua sorte . Por conseguinte, como resposta única que as pessoas têm só a fé e o Deus que elas, cada qual, através da seriedade das suas preces e orações procuram ter como resposta aos seus sofrimentos sobretudo os de abandono. Acredito piamente na fé do Povo, mas da Igreja e da sua hierarquia -perdoem-me- eu vomito. Nem vê-los. A hipocrisia farisaica ainda continua. Portanto, vou morrer crente mas sem igreja. E, certamente, tal como os outros, verei Deus "face a face" como dizia o apóstolo Paulo em ICorintios XIII. Na igreja não há espaço para o debate, para o desabafo comunitário.Tudo está circunscrito num homem seja ele o papa, o bispo ou padre da paróquia. A informação é directa.Jesus dialogou com os discípulos e falava uma linguagem que eles compreendessem.O Vaticano e os Paços Epicopais dão ordens e informações directas. Temos um Deus Trinitário e a igreja apresenta-nos um deus unitarista que é o que preside ao ritual.Mas como já disse o eterno ausente é: DEUS.

M Teresa Góis disse...

subscrevo as suas palavras e as do amigo Ângelo.
Este "mercado" em que se quer por a Fé, os merecimentos de Deus, é continuamente alimentado e incentivado por alguns sacerdotes.Morre uma pessoa, só se salvará a poder de Missas, as quais têm preço estipulado pelas Dioceses. E um pobre? Não tem direito à salvação, à graça de uma celebração em sua memória? Uma Eucaristia não está cotada no mercado bolsista de Deus, só na Sua Igreja dita católica...Penso que deve ser a igreja a que pertencem os Simpsons por decreto do Vaticano!