Comentário à Missa do Próximo Domingo
5 de Fevereiro de 2012
Tristezas não pagam dívidas. É o que resulta da mensagem da Palavra de Deus para este domingo. O impulso de Jesus no Evangelho é sintomático: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim». Temos de redescobrir a urgência da missão, a qual não se identifica com o proselitismo, constrangendo os outros a adoptar o nosso modo de pensar e de ver, nem se reduz a uma mera inculturação do Evangelho, mas que antes é uma encarnação da Palavra de Deus na multiplicidade de condições humanas, línguas e costumes das pessoas que se vão encontrando. Sempre com muita alegria e entusiasmo.
A exclamação Paulina «Ai de mim se eu não anunciar o evangelho», é igualmente válida para todo aquele que, sendo leigo, presbítero ou bispo, recebeu das mãos da Igreja o Evangelho, esse mesmo Evangelho que deve propagar como se difunde «o perfume de Cristo» (2Cor 2, 15) entre aqueles que estão perto e os que estão longe.
Jesus não quer que acabemos por desvalorizar o Evangelho que foi depositado em nós como «um tesouro, em vasos de barro» (2Cor 4, 7), mas quer antes que arrisquemos tudo para o fazer atractivo e útil ao sentido da vida da humanidade inteira. Jesus Cristo em pessoa é o tesouro, achado no meio do campo, pelo qual vale a pena vender quanto possuímos e somos, a fim de o adquirir. Por ele somos chamados a considerar tudo como «lixo, a fim de ganhar Cristo e nele encontrados» (Fl 3, 8-9). O Evangelho completa a sua carreira com os pés cansados, cobertos de pó e não raro feridos, com os pés de quem, como Paulo, «nada mais quis saber, a não ser Jesus Cristo e este crucificado» (1Cor2, 2).
Neste suspiro de São Paulo, todo o cristão se revê. O Evangelho, é a grande Palavra para o cristão - qual terreno, onde se mostra o tesouro Jesus Cristo - para ser depois apresentado por cada um de nós que já alimentamos o sentido da vida com as pérolas do seu ensinamento.
A descoberta deste tesouro de alegria, de paz, de amor e de plenitude, deve fazer de todos os cristãos, pessoas inquietas enquanto a mensagem do Evangelho não chegar a todos os corações. Por isso, façamos do desabafo de Paulo a nossa respiração e que todos possam dizer, não sei viver neste mundo se não dou aos outros tudo o que Jesus já me deu. Esta oferta pode, se nós quisermos, embelezar o nosso mundo e a vida toda.
José Luís Rodrigues
Imagem Google
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