Nota: Só porque já muitos disseram sobre a trágica memória do 20 de Fevereiro. Então, digo eu uma palavra contrabalançada entre a memória triste e a possibilidade da esperança que a impotência da morte sempre suscita em quem acredita...
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“Tudo é possível a quem crê” (Marcos 9,23)
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Creio no silêncio da lama que suja as paredes
Em águas revoltosas na encosta da morte
E no entulho da visão do caos quando disseram todos resquest in pace.
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Creio nas pedras que se despegam dos poios
Na terra que se solta no abraço das sementes pujantes de vida
E nos rebentes da esperança que fazem as mãos da misericórdia.
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Creio nas ruas que se encheram de morte no dia do aluvião
Na chuva que impiedosa e no seu poder imenso em água tumultuosa
E nas casas que ante o grito calam a mais sombria tristeza.
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Creio que não tem nome o desespero de quem se desampara na solidão
Nas lágrimas que testemunham o adeus na tumba da lama
E no limiar dessa linha fica a certeza da reconstrução.
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Creio no dia a seguir ao esplendor das cinzas
Nas imensas escarpas agora ainda mais sofridas pelas quebradas
E nas árvores arrancadas à força da água e do vento.
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Creio nos sentimentos que se vergaram à incredulidade
Nas serras altas do tempo tocando o azul do céu imenso na hora da bonança
E nos vales que se recompõe outra vez na fecundidade da natureza.
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Creio na impossibilidade do que os olhos vêem
E mais não digo da alma inquieta que descansa nos ombros de uma fé
E no amor na alegria da festa que tudo pode e diz em chama.
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- EIS O DIA DA TEMPESTADE
SINAL DO QUE VIRÁ
PARA SEMPRE
NO CORAÇÃO DE QUEM CRÊ
NA CRUZ E NA LUZ.
José Luís Rodrigues
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