Comentário à Missa do próximo Domingo
VII Domingo Tempo Comum, 19 de Fevereiro de 2012
A disponibilidade para em todos os momentos da nossa vida dizermos "sim" a Deus. Balduíno de Ford (?-c.1190), abade cisterciense na Homilia 10, sobre Ct 8, 6; PL 204, 513 ss. (trad. breviário) dirá sobre o amor a Cristo: "Grava-me como selo em teu coração [...], porque forte como a morte é o amor" (Ct 8,6). "Forte como a morte é o amor" porque o amor de Cristo é a morte da morte. [...] Da mesma forma, o amor com que amamos a Cristo é, também ele, forte como a morte, porque constitui, à sua maneira, uma morte: uma morte que põe fim à vida velha, em que os vícios são abolidos e as obras mortas são abandonadas. De facto, o amor que temos a Cristo [...] - mesmo estando longe de igualar aquele que Cristo tem por nós - é à imagem e semelhança do Seu. Cristo, de facto, "amou-nos primeiro" (1Jo 4,19) e, através do exemplo que nos deu, tornou-Se para nós um selo, a fim de que nos tornemos conformes à Sua imagem [...]".
O Cristianismo que nós professamos não é uma religião de simples seguidores de um plano ou projecto político ou social. É antes uma forma de vida que nos toca por dentro, porque nos convoca para o seguimento de uma pessoa concreta que nos fala e desafia para atitudes de amor, isto é, os outros deixam de ser apenas semelhantes, mas irmãos que devemos acolher e amar. José Gomes Ferreira diz algo de essencial: “Para além do “ser ou não ser” dos problemas ocos / o que importa é isto: / - Penso nos outros. / Logo existo.”
Não vale estar à espreita das falhas ou pecados dos ou-tros para censurar, julgar e sobranceiramente murmurar contra os outros. Pede-nos Jesus que sejamos misericordiosos e que não nos deixemos levar pelos instintos primários das emoções mais fortes, condenando e desprezando logo à partida tudo o que venha daqueles que estão à nossa volta, como se cada um de nós fosse o mais perfeito do mundo.
O exemplo de Jesus Cristo é muito evidente. Procura sempre dignificar cada pessoa, mesmo que se apresente com o pior dos defeitos. Mais vale para Deus gestos de compaixão e de abertura para os irmãos do que tudo o resto que não tenha que ver com a libertação da condição de lixo, a que se vêm votados tantos irmãos nossos, vítimas do desleixo e da injustiça que a nossa sociedade teima em levar adiante.
Porque a regra do Reino de Deus está bem delineada diante do nosso coração: "que é mais fácil?..." perdoar os pecados ou pôr o paralítico a andar? Perante as dúvidas censórias, Jesus não se perde nos "mas" ou nos "talvez", mas perdoa os pecados e cura o paralítico, porque a sua opção é sempre um "sim" radical à vida em abundância para aqueles que a desejam acolher com verdade.
José Luís Rodrigues
Imagem Google
2 comentários:
Padre José Luís, Irmão e Amigo,omundoprecisa tanto das suas sábias palavras, testemunhas verdadeiras de Jesus Cristo e do seu Santo Evangelho. Hj tão actual Ele é. Nunca o homem moderno precisou de Deus como nos dias actuais. Estamos a assistir juntamente com a morte de Deus, segundo o filóso que o matou, a agonia do homem. Ele disse que tinha matado Deus, porém perdeu o direito ao sono e a alegria de viver. Nósestamos a sentir uma profunda orfandade.Estados todos desorientados.A espiritualidadeé um dom que Deus colocou na sua douta Mesa para que com simplicidade, humildade possamos orar, dialogar, reflectir e agir. Nunca precisamos tanto de dialogar como agora nestes tempos conturbados de crise. Temos que fazer, nesta fase quaresmal, ujma paragem para minorar os sofrimentos humanos. Sem Deus e comumhomem endeusado pelo dinheiro, vício, poder,mando e glória somos como disse o Apóstolo dos gentios "os mais miseráveis dos seres humanos." Estamos numa profunda escuridão. Vem, Senhor Jesus e dá-nos a tua LUZ. É a unica que nos inebria e nos conduz à felicidade.
Obrigado Ângelo pelo seu excelente comentário. De facto do que se trata hoje é disso mesmo, a humanidade precisa de Deus, porque caiu num profundo vazio que a levará à extinção se não encontrar caminhos que a retempere na justiça, na paz e na verdade...
Enviar um comentário