Terça-feira, dia de farpas no Banquete...
A Igreja da Madeira está de
férias há muito tempo. Um tempo que já por ser tanto, desorientou muita coisa e
dá a sensação de haver falta de rumo, está perdida. Há de vez em quando um
reacendimento com umas ordenações, uma festa diocesana, um suspiro, um ai, uma ave-maria,
um pai-nosso… Nada, mas mesmo nada para marcar a agenda, fazer a sociedade
reflectir, pensar um pouco sobre o estado das coisas. Nada para que a polémica
não bula em ninguém. O medo do debate é feroz, daí o silêncio, o calar perante
a injustiça, a pobreza que assola a Madeira, o desemprego que leva à fome e ao
desencanto sobre a vida e sobre o futuro. Um vazio dramático que nos assusta. As
máscaras vão dando para disfarçar.
sempre sabem com
quem podem gritar e, obviamente, com quem é melhor não. Na Igreja estamos
fartos de ver isto, nos partidos políticos idém. Muita gente é como aqueles
cães de caça farejando o flanco mais indefeso para atacar a sua presa. Triste,
triste. Mas mais triste é quando, em nome da necessidade de sobreviver, criou-se
uma personagem que se mostra tão útil que acaba confundindo-se com a
perosanlidade que cada um devia assumir de verdade. Se criar máscaras é necessário,
também é vital libertar-se constantemente delas.
Como não sou gente para estar
fechada dentro de uma redoma comodista, ando muito por aí, porque gosto, então
leio as coisas da vida e do mundo, observo as pessoas e deparo-me com a
multiplicidade de personagens que cada um é capaz de construir. Muitas vezes
chego a dizer a algumas, se houver um certo grau de amizade que me permita
dizer sem ofender: «já fizeste o teu espectáculo. Agora, enfia a máscara dentro
da sacola e descontrai, porque não estamos numa sala de espectáculos nem muito
menos quando sai de casa vim para o circo nem tu és palhaço».
No meio de coisas velhas e
novas, anima-se o Verão com o escândalo da Agência de marcação de hotéis com o
nome sugestivo de Strawberry (nome
que em inglês significa morango), mas nada tem a ver com fruta, mas antes com
negócios pouco claros e com indícios claros de uma rede de burlões que
prejudicou imensos turistas e lançou mais uma mancha negra sobre o turismo da
Madeira. Mais uma coisa que pouco interessa às autoridades da Madeira, porque
revelaram uma inabilidade confrangedora no tratamento desta questão. Sumidades
que nos governam, que algum povo da Madeira merece.
A
guerra da água começou. Uma guerra interessante. Já tivemos a revolução do
leite em 1936. Os líquidos não convivem muito bem com o vilão madeirense.
Porque será?
A
Madeira, faz jus aos profetas que anunciaram que as guerras do futuro seriam
por causa da água. Entre nós começou. Ao menos somos pioneiros em alguma coisa.
O Presidente do IGA foi obrigado a ir às covas, porque o povo assim ditou.
Espero que não seja o único que o povo obrigue a assumir as suas
responsabilidades. Algo parece estar a mudar. Ainda bem. Chega de palhaçadas e
de palhaços para animar os Verões do nosso descontentamento.
José Luís Rodrigues
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