Só porque os tempos são sombrios e de perdas essenciais, são poucos os que se importam com isso. Uma pena. Mas também como dizia o poeta António Ramos Rosa já se percebeu que assim é e sempre será: «A graça da salvação é para poucos»...
Quando se perde uma parte do sonho
Faz-se luto neste aqui de tristeza e vazio.
Quando se perde uma amizade
Faz-se lembrança do ideal que não morre.
Quando se perde um rosto
Faz-se espelho do sorriso da primeira hora.
Quando se perde uma voz
Faz-se som de Deus que no silêncio nunca engana.
Quando se perde a presença
Faz-se da solidão a fiel companheira de sempre.
Quando se perde o que nos engana
Faz-se festa em nome da libertação da verdade.
Quando se perde passos em vão
Faz-se redenção e vontade de seguir outros
caminhos.
Quando se perde uma obsessão
Faz-se paz na descoberta do sentido.
Quando se perde afinal o que não tínhamos
Faz-se uma sensação de amor-próprio na certeza da
paz.
Quando se perde um nada que nos oprime
Faz-se vida ainda mais vida na busca das mãos.
Quando se perde o rol multifacetado
Faz-se luz no amor que dizem não conjugar com o
nada.
Quando se perde o vazio
Faz-se esplendor o horizonte que rogo neste futuro que recomeça.
Quando se perde a máscara
Só sei que nada se perde e basta isso para a
alegria.
José Luís Rodrigues
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