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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Imaculada Conceição no caminho da justiça

Mesa da palavra:
Comentário à missa do próximo domingo 
8 de Dezembro de 2013 
Dia da Imaculada Conceição e Segundo domingo do Advento
O Papa Francisco na sua Exortação Apostólica «Evangelii Gaudium / A Alegria do Evangelho» dedica uma curta reflexão ao papel de Maria como principal figura inspiradora para a evangelização. Daí que considere a Maria com esta palavras belíssimas: «Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça» (Nº 286).
Esta visão sobre Nossa Senhora é nova e enquadra-se dentro daquilo que algum pensamento sobre Maria vai fazendo caminho, ao contrário daquela visão beatífica, assexuada que alguma iconografia sempre apresenta sobre a Mãe de Jesus. Maria de Nazaré foi sempre considerada ao longo dos séculos como a Mãe Imaculada, a mulher submissa à virgindade e endeusada no papel de Mãe, coisa que os textos bíblicos facilmente desmentem e falam-nos de uma mulher interventora, discípula, que antes de ser Mãe, ouve a Palavra de Deus e a coloca em prática. Eis o papel do discípulo/a, aquele ou aquela que se coloca aos pés de Jesus para escutar a Sua Palavra. Maria trata-se de uma mulher activa, que vai ao encontro dos outros e resiste de pé firme ao pé da cruz. Antes de ser a Mãe, é a discípula que escuta, mas avança na entrega total à causa de Jesus.
O Papa aponta o horizonte que importa hoje reter de verdade. A caridade assistencialista não tem futuro nem muito menos faz parte do plano eterno de Deus. Afirma o Papa Francisco neste sentido: «Há um estilo mariano na actividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto. N’Ela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentir importantes. Fixando-A, descobrimos que aquela que louvava a Deus porque «derrubou os poderosos de seus tronos» e «aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 52.53) é mesma que assegura o aconchego dum lar à nossa busca de justiça» Nº 288).
O pecado tolda a consciência e endurece o coração da humanidade. Cheia de graça, Maria, concebida pelo grande amor, sofre com redobrada violência, a Paixão e Morte de seu Filho, consequência das artimanhas deste mundo. Bem avisava Simeão que uma espada lhe atravessaria a alma. Tudo isto, aliás, é sentido e vivido pelo povo fiel que encontra, no Coração Imaculado de Maria, um refúgio de Mãe, sempre disponível para acolher as alegrias e tristezas dos filhos e filhas de Deus. 
Mas o sentido da fé faz-nos ainda descobrir, em Maria, uma outra dimensão de vida: Ela, que não foi tocada pela manha da fragilidade e da traição, tem uma especial sensibilidade de afecto maternal para com aqueles que falham, intercede por eles e acompanha-os, de perto, para que se convertam e vivam como verdadeiros filhos de Deus. Assim, «Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização». Que a mulher vibrante e revolucionária do Magnificat nos anime para coragem da missão. 

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