Os
que não sabem o que a força mágica de um abraço cheio de ternura possui, não
vivem o melhor da vida. Tantas vezes é isso que sinto, quando a partilha se faz
na singeleza de um sorriso, num toque carregado de ternura, num pequenino rosto
sorridente. Basta depois um bombom que adoça o sorriso e faz brilhar os olhos
de uma criança. Aquele obrigado baixinho, aquele repuxo com as frágeis mãos que
se agarram ao nosso pescoço para dizerem baixinho este segredo: «gosto muito de
ti» e condimentam com um beijo esse carinho cheio de afeto.
Ó
meu Deus se tudo isso resulta de um pacote de batatas fritas junto com dois
pacotinhos de bolachas ensacados por outras mãos cheias de amor que vieram prontas
até nós dizendo, «isto é para os pobres». Assim foi, para uma criança pobre,
que já está mais que mentalizada de que em casa não há doces, mas pobreza
grande e falta de quase tudo. Naquele lugar onde nada faltava até há bem pouco
tempo. Mas agora, que os tempos são difíceis, o desemprego deixou de ser o
fermento daquela casa, o dinheiro não aparece para ser comprado o que uma
criança precisa para ser feliz.
Então,
saio de mim e vou quase aos gritos a chamar pelo nome a quem desejo presentear
com esta dádivas. Naquele pequenino olhar que me segue digo «isto é para ti».
Não esqueço aquelas mãozinhas ternurentas a lançar-se ao meu pescoço, para
dizerem «obrigada». Aquela ternura gratificante ficou muitas horas no meu
pensamento, quiçá ficará vários dias impregnada no meu corpo e certamente na
minha alma para sempre.
Os
grandes que se contorcem a alterar orçamentos e as leis para que não sejam
beliscados nas suas benesses e nas suas chorudas pensões, nos seus altíssimos/duplicados
salários não sabem disto, nunca saborearam a gratidão em ternura de uma criança
que nada tem para a adoçar a sua vida. Não sabem que há crianças a serem
convencidas que não podem receber presentes este Natal e que respondem aos pais,
«basta-me os miminhos da mamã e do papa». Não sabem que algumas só terão
docinhos se a caridade assistencialista vier ao seu encontro. É pena, que não
saibam nada de dignidade e do bem comum.
Por
isso, os tempos correm de feição para retomarmos a vida para a amizade e para a
partilha. Somos todos semelhantes e devemos estar preocupados nem que seja apenas
com uma criança e fazer deste Natal o melhor Natal da sua vida. Estejamos
atentos e façamos o melhor de nós para que a ternura, o carinho e o afecto
sejam os melhores presentes que nós adultos recebemos da fragilidade das
crianças. Tenhamos um coração grande e façamos da vida um dom para quem mais
precisa de ser ajudado para não deixar de sorrir nem muito menos deixar de ter
os olhos cheios de brilho. É este presente que faço propósito de receber neste
Natal.
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