Comentário à Missa deste Domingo, III Tempo Advento
15 Dezembro de 2013
O
tema deste Domingo é a alegria. O Natal é uma festa, que todos gostam muito.
Por isso, durante o Tempo do Advento a Liturgia reserva-nos um Domingo cujo
tema é a alegria. Serve este valor para que a nossa preparação para o
acontecimento de Deus, não seja um tempo de tristeza ou frustração, pelo
contrário, vivemos numa esperança alegre, porque vem para o meio de nós o nosso
Salvador. A alegria, ajuda a ver o mundo e a vida com o olhar de Deus. O
coração alegre faz ressoar Deus em tudo o que a vida oferece seja bom ou seja
menos bom. Deixemos neste tempo de expectativa o nosso coração se alegrar com a
festa do amor de Deus.
Por
isso, o Papa Francisco começa a recente Exortação Apostólica, Evagelii Gaudium
(EG), da seguinte forma: «A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele
são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com
Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (EG nº 1). No número seguinte o
Para exorta que o mundo de hoje faz desvanecer a alegria no coração das
pessoas, «O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e avassaladora
oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista
e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência
isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de
haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de
Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de
fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes.
Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida.
Esta não é a escolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus
tem para nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo
ressuscitado» (EG, nº2). Esta alegria é condição essencial para ser cristão, porque
o cristão anuncia o melhor do mundo para cada pessoa, o dom da plenitude e a
certeza de que há um Deus infinitamente misericordioso e cheio de ternura para toda
a humanidade. Se o Natal não for a celebrar deste acontecimento em festa com toda a alegria não vale de nada o Natal.
Porque neste fim de semana se inicia entre nós as «Missas do Parto» fica aqui um apontamento do Padre Pita Ferreira.
Breve
apontamento sobre as Missas do Parto
"Puuuuuu…
Puuuuu. Puuuuu…. Não é para agrupamento de povo, pagamento de leite ou casa a
arder, que o búzio chama às duas horas da madrugada nas Fontes e Furnas da
Ribeira Brava. Todos conhecem aquela voz a tais horas da noite.
Traduzida
numa linguagem popular, quer dizer: Para a "Missa do Parto"…Para a
"Missa do Parto"… Para a Missa do Parto". E em todas as casas
acordam pessoas e luzes. (…). Reúnem-se todos no terreiro da vereda do João
Pequeno ou da do Manuel das Ascensões e, quando já não esperam mais ninguém,
põem-se em marcha para a Vila. Duas horas de viagem, por caminhos serenados e
ladeiras de matar. Avançam ao som dos instrumentos regionais, dos búzios e de
muitas dezenas de castanholas. (…). Todos tocam acordando as gentes. À medida
que o grupo avança, outros se vêm juntar, de modo que ao chegarem ao Pico da
Banda de Além e à Cruz, ecoam na Vila, dando a impressão de que um bando de
grilos gigantescos a vêm invadir. Contudo, ninguém tem medo. (…) Reunidos todos
os tocadores de castanholas, começam então a dar voltas à pequenina Vila e não
há quem resista, quem deixe de ir à "Missa do Parto". São as festas
do Natal que começam. Daí a momentos, às quatro e meia da manhã, estarão todos,
ricos e pobres, senhores e plebeus, na igreja, pequena de mais para tanta
gente, a cantar com todo o calor: "Ao Menino nascer./ Que gosto teremos! /
Oh! Quanto felizes /Todos nós seremos! / Anjos e pastores, / Vinde em harmonia,
/ A louvar o parto / Da virgem Maria." In O Natal na Madeira,
Pe. Pita Ferreira
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