Papa Francisco, homilia Casa Santa Marta:
«Microclima» uma
palavra muito bem conhecida de quem vive numa região como a nossa, a Madeira,
onde ouvimos dizer com frequência esta palavra quando o assunto se refere ao clima. Porque considero esta expressão «microclima eclesiástico»
muito bem aplicada, acho oportuno publicar a seguinte notícia da Agência de
Notícias Aleteia.org, sobre a homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta do
dia 17 de novembro, a propósito da cura do cego de Jericó do relato de São
Lucas.
O
Papa Francisco afirmou
hoje que a Igreja vive em todas as épocas a tentação de olhar para Jesus
esquecendo de ver Nele o pobre que pede ajuda, fechando-se em um “microclima
eclesiástico”, ao invés de se abrir aos excluídos sociais. O Papa falava em sua
homilia na Casa Santa
Marta, comentando a passagem evangélica do cego de Jericó.
O cego – explicou o Papa – representa “a primeira classe de pessoas” que povoa
a narração do evangelista Lucas. Um homem que não contava nada, mas que “tinha
sede de salvação”, “de ser curado”, e que, portanto, grita mais forte do que o
muro de indiferença que o circunda, “para bater à porta do coração de Jesus”. A
este homem se opõe o círculo dos discípulos, que querem calá-lo para evitar que
incomode e, assim afastar “o Senhor da periferia”.
“Esta periferia não
podia chegar ao Senhor, porque este círculo – mas com muita boa vontade, hein –
fechava a porta. E isso acontece com frequência entre nós, fiéis: quando
encontramos o Senhor, sem que percebamos, se cria este microclima eclesiástico.
Não só os padres, os bispos, mas também os fiéis: ‘Mas nós somos os que estão
com o Senhor’. E de tanto olhar para Ele, não olhamos para as suas
necessidades: não olhamos para o Senhor que tem fome, que tem sede, que está na
prisão, que está no hospital. ‘Aquele Senhor não, pois é um marginalizado’. E
este clima nos faz tão mal”.
“Quando na Igreja os fiéis, os ministros se tornam assim... não eclesial, mas
‘eclesiástico’, de privilégio de proximidade ao Senhor, têm a tentação de
esquecer o primeiro amor, aquele amor tão bonito que todos nós recebemos quando
Ele nos chamou, nos salvou. Esta é uma tentação dos discípulos: esquecer o
primeiro amor, ou seja, esquecer inclusive as periferias, onde eu me
encontrava, e também me envergonhar disso”.
Há ainda o terceiro grupo nesta narração: o povo simples, que louva a Deus pela
cura do cego. “Quantas
vezes – afirmou o Papa – encontramos pessoas simples, quantas idosas que
caminham, com sacrifício, para rezar em um santuário de Nossa Senhora”. “Não
pedem privilégios, mas somente graça”. É o “povo fiel”, que “sabe seguir o
Senhor sem pedir qualquer privilégio”, capaz de “perder tempo com Ele” e,
sobretudo, de não esquecer a “Igreja marginalizada” das crianças, dos doentes,
dos prisioneiros. O Papa então conclui:
“Peçamos ao Senhor a graça de que todos nós, que temos a graça de sermos
chamados, de jamais nos afastar desta Igreja;
de jamais entrar neste microclima dos discípulos eclesiásticos, privilegiados,
que se afastam da Igreja de Deus, que sofre, que pede salvação, que pede fé, que
pede a Palavra de Deus. Peçamos a graça de ser povo fiel de Deus, sem pedir ao
Senhor qualquer privilégio que nos afaste de Seu povo".
(Rádio Vaticano)
(Rádio Vaticano)
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