Dia da Dedicação
da Basílica de São João de Latrão, Domingo XXXII
tempo comum, 9 novembro de 2014
«Não
sabeis que sois templo de Deus?» 1Cor 3, 9b-11, 16-17
O
templo de Deus está no coração de cada pessoa. Sempre que este tema nos salta à
vista, lembro-me da seguinte expressão: o coração de cada pessoa é o verdadeiro
sacrário onde Deus gosta de estar.
Neste
sentido, descobrimos que cada um de nós para Deus é como um edifício que Deus
vai ajudando a construir. São Paulo nesta passagem da carta aos Coríntios,
lembra-nos que todo aquele que crê e está na comunhão da Igreja é o templo
espiritual de Deus, porque Deus habita no seu coração. Perante esta mensagem do
Apóstolo São Paulo, nós pensamos que são muitos os abusos em relação à pessoa
humana e que muitas das ocupações da vida estão centradas na procura de meios e
formas para menosprezar a vida em todos os seus aspectos.
Santo
Agostinho, pensando no vazio do homem sem Deus, escreveu: «O nosso coração não
tem descanso, ó Deus, até que encontremos descanso em Ti». É razoável crer que
Deus, na Sua ânsia por ter comunhão com o homem, diga: «o meu coração anela por
ti, ó homem/mulher, até que tu encontres descanso em Mim. Eu amo-te e me comprazo
na tua salvação e comunhão». O que concluímos através da razão coincide com a
própria afirmação das Escrituras. Deus disse ao Seu povo: «Habitarei e andarei
entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo» (2Cor 6, 16).
Referindo-se aos que seriam remidos e introduzidos nessa comunhão, Deus disse:
«Serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas» (2Cor 6, 18).
Esta
verdade sobre Deus habitar entre o Seu povo deve ser vista em conexão com a
Igreja. Na nova aliança, a Igreja é o templo de Deus, uma casa espiritual (1Pe
2, 5), sendo cada cristão, uma pedra viva dessa casa (1Pe 2, 5) e todo o
edifício, a habitação de Deus no Espírito Santo (Ef 2, 21-22). Esta consciência
devia levar-nos a todos a ter um respeito muito grande uns pelos outros, porque
cada pessoa é sinal da presença de Deus.
Assim, feita a
explanação da doutrina sobre a vontade que Deus manifesta em fazer habitação no
mundo. Este desejo de morar entre nós parece ser de duas formas, em comunidade
e individualmente. São Paulo escreve: «Não sabeis que sois templo de Deus e que
o Espírito de Deus habita em vós?» (1Cor 3, 16). A palavra grega que Paulo usou
para «vós» está, de facto, no plural. O Espírito obviamente tinha em mente um
corpo de crentes, a Igreja, e não apenas o cristão individualmente. Mas, não
será por isso que veremos a nossa interpretação inibida, pelo contrário,
sentiremos melhor consolo saber que a habitação de Deus é a Igreja, a qual se
enforma pela nossa adesão e presença constante. E também sentimos muita alegria
por saber que o nosso interior também é templo da presença de Deus. Os crentes
devem sempre saber que Deus habita entre nós, Ele mora em nós. E quando algum
de nós passar fome, estiver nu, sem trabalho, sem pão, sem água, sem habitação
condigna, sem cuidados médicos e remédios para tratar as suas doenças ou
privado do cumprimento de qualquer direito humano, a habitação de Deus não está
nas devidas condições. Por isso, urge que o nosso mundo se organize para que a
humanidade se liberte de todos os escândalos que põem em causa a dignidade da
pessoa humana. Este é o propósito de Deus e deve também ser o nosso.
Nota:
Muitas pessoas pensam que a basílica de São Pedro é a principal igreja do Papa,
mas na verdade é a de S. João de Latrão, a catedral da diocese de Roma, cuja
dedicação os católicos evocam a 9 de novembro.
A
primeira basílica edificada no local foi erguida no século IV, quando o
imperador Constantino doou o terreno que havia recebido da rica família Latrão.
Apesar dos incêndios, terramotos e guerras, permaneceu, até ao séc. XIV, o
templo em que os papas eram consagrados.
A
origem da actual basílica remonta a 1646, durante o pontificado de Inocêncio X.
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