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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Morreu o Padre Mário da Lixa

Morreu o Padre Mário de Oliveira, de Macieira da Lixa, Concelho de Felgueiras. O antifascista, contra a guerra colonial, solidário e crítico, Mário de Oliveira faleceu esta quinta-feira aos 84 anos.

Mário de Oliveira, conhecido como o Padre Mário da Lixa, por ter sido pároco de Macieira da Lixa, em Felgueiras, nasceu a 8 de Março de 1937 em Lourosa, Santa Maria da Feira.

Foi ordenado padre em 1962, tendo sido depois coadjutor na Paróquia das Antas, no Porto, professor de Religião e Moral nos Liceus Alexandre Herculano e D. Manuel II. Depois foi enviado para a Guiné-Bissau como capelão das tropas portuguesas. Foi, dizia, “pregar o Evangelho da Paz aos que lá faziam a Guerra Colonial”. Ao fim de quatro meses foi expulso.

Morreu o Padre Mário Pais de Oliveira, da Lixa (1937-2022). Um homem solto e à solta, que nunca se amarrou a nenhuma ideia nem a nenhum pensamento único, fosse ele religioso, político ou social.

Sempre nutri por ele admiração, por nunca deixar por mãos alheias o que pensava, não tinha medo de expressar esse pensamento, mesmo que chovessem os piores impropérios contra si. Os «donos» da Igreja Católica, que vomitam o diferente todos os dias, tinham-no como louco, por isso, estava excomungado e excluído, como se isso fosse um castigo… Afinal, devia ser para ele o melhor que lhe podia acontecer, como corolário da sua liberdade e do seu bom uso do pensamento próprio e fora da caixa.

Não era apreciado por muitos, particularmente, pela maioria da hierarquia religiosa católica e pelos ditos mais devotos de uma mariologia desencarnada, fora da realidade concreta, mercantilista e dispensadora de milagres avulso. Tinha uma frontalidade invejável e um sentido crítico que partia tudo sobre as coisas alienantes da religião. Daí que esta hora seja importante para agradecer o quanto ele foi útil para nos fazer pensar e a não engolirmos tudo sem mastigar, acefalamente.

Fora das poeiras das celeumas e disputas polémicas que levantou era um homem bom, que acreditava na humanidade, no Deus Pai e Mãe e em Jesus de Nazaré como um libertador das misérias que levam a humanidade à indignidade opressora. Era implacável com todas as formas de poder absoluto, que imponham a ignorância e vergavam os povos ao sofrimento e à morte. As suas palavras era como que setas certeiras no olho das cangas infames dos poderes que ao invés de servindo os povos, produziam gente doente e escravos alienados.

A sua cativante simplicidade despertava a nossa atenção e fazia-nos perceber que não podem existir assuntos tabus na Igreja Católica.

Fátima foi o seu ponto principal na luta por uma religião ao jeito do Evangelho de Jesus. Fátima era um tabu que reunia ( e ainda reúne) uma unanimidade perigosa na Igreja inteira e numa parte relevante da sociedade portuguesa. Ao Padre Mário de Oliveira devemos expressões fortes «contra» uma Fátima fora do bom senso e contra a lógica salvadora/libertadora do Evangelho. Foi o Padre Mário de Oliveira que nos ajudou a desmitificar tudo o que tinha de menos bom na envolvência de Fátima.

Muito obrigado, Padre Mário de Oliveira.

Agora que o descanso o intrépido homem e padre seja iluminado pela luz da verdade eterna, que por ela lutou afincadamente.

2 comentários:

André Escórcio disse...

"Daí que esta hora seja importante para agradecer o quanto ele foi útil para nos fazer pensar e a não engolirmos tudo sem mastigar, acefalamente".
Obrigado pelo seu texto.

Paulo Farinha disse...

Agradeço o seu texto, e junto-me à sua solidariedade ao falecido padre Mário.
Pêsames!
Desejo saúde ao padre Rodrigues, Rodrigues.
Atentamente
Paulo Melich