01 de Julho de 2010
Mais um feriado... Para celebrar a Região Autónoma da Madeira. Mais um dia de descanso para alguns, especialmente, funcionários públicos e afins.
A nossa terra está inquieta e afunda-se numa crise muito grande, não só em termos económicos, mas também numa crise de valores. Ora vejamos, quanto à economia não nos compete falar, esta crise é mundial, por isso, não íamos passar incólumes aos seus efeitos, também se sofre se todo o mundo sofre. Penso que foi prejudicial ter-se canalizado tantas energias para o turismo, esquecendo todos os outros sectores. O mais dramático e inquietante é o desemprego que daí advém e que acarreta situações muito tristes para as famílias e para a realização das pessoas e, de modo especial, para os nossos jovens que estão manietados quanto ao futuro. Seria interessante contabilizar quantos jovens regressam para a Madeira após a conclusão do curso universitário no Continente?
Porém, falta construir uma terra mais igual nas oportunidades. O desenvolvimento, que se reconhece, virado só e unicamente para as vias de comunicação e outras obras importantes para a promoção das nossas populações foram muito importantes. Embora se esperasse daí mais emprego e mais rentabilidade económica. Muita coisa construída pela Madeira dentro está às moscas.
Não sei como, mas talvez fosse agora importante canalizar os recursos, que são escassos, para outro desenvolvimento. Falta fazer a aposta nas pessoas, para que tenhamos comunidades mais cultas, mais humanas e mais solidárias. Não é compreensível que os níveis de pobreza e de abandono dos nossos idosos sejam uma realidade preocupante na nossa terra. Não basta construir lares e centros de dia para a terceira idade. E depois quem os suporta? - Alguns padres que depois de montadas tais estruturas se vêem agora desamparados sem recursos económicos, problemas laborais com o pessoal empregado e até com questões judiciais... Alguns padres neste momento passam situações de algum desespero, porque foram literalmente abandonados pelos poderes públicos e pela própria estrutura hierárquica da igreja.
Há um dado curioso e interessante que vem dos países vindos das ditaduras comunistas no Leste da Europa, não existe ninguém analfabeto. Não há índices de analfabetismo. É óbvio que estes antigos regimes não são exemplo para nós em quase nada, porém, neste aspecto da educação universal, deram cartas e são um exemplo para nós. Mais razões encontramos nos nossos regimes actuais, campeões de humanidade e dos direitos humanos universais, para reclamarmos porque não têm esta preocupação universal, isto é, criar oportunidades para todos a todos os níveis.
Penso que tal não acontece, porque baseamos o desenvolvimento, nos grandes gupos dominadores da riqueza. Para estes os governos dão-lhes tudo e são favorecidos com todos os meios legais e económicos para que tenham sempre sucesso (vulgo, lucros). Daí que os sem dinheiro (os pobres ou os mais frágeis da sociedade) são esquecidos e só se lhes dá alguma importância quando têm que votar. E como se lhes dá importância? - Com festas animadas com uns cantores rascas, comida e bebida de borla, porque aos pobres basta-lhe diversão e barriga cheia para venderem a dignidade.
Esta imagem que fica da nossa terra, não motiva muito para grandes celebrações. Por isso, apelamos a que todos, digo, todos os madeirenses, tomem a peito o seu empenho pela construção de uma Madeira que nos faça sorrir a todos e não apenas alguns senhores que se instalaram na poltrona do dinheiro, agarrados a uma teta que se chama Autonomia.
José Luís Rodrigues
2 comentários:
Padre José Luís parabéns pelo seu excelente discurso que deveria ser lido no Parlamento Regional nas festividades de hoje,que, creio, são na Serra de Àgua. Vão fazer os tais discursos de circunstância sem brilho e sem alma, pq não sentem os problemas que o Padre José Luis aborda pela sua experiência de Homem e de Padre que está em contacto directo com o Povo e não com o polvo, este tem tentáculos que nunca mais acabam.Está muito ramificado. Uma Ilha bonita que era, está muito amarela e o verde qualquer dia desaparece das nossas paisagens pq as investidas ao desenvolvimento do alcatrão são imensas.Mas a igreja católica regional tem imensas responsabilidades desde Francisco Santana, passando por Teodoro Faria e até António Carrilho. Ai de quem não fosse do partido do regime,pelo Santana era a excomunhão. Tal como o epifenómeno da Ribeira Seca. A Autonomia que deveria ser criadora de espíritos novos e arejados, Não, é um sincretismo de rezas com espetadas,procissões com pimbas etc etc. É o que temos.Nem essa tal virgem peregrina nos salva.
Autonomia é a capacidade que uma região ou povo, com leis próprias, teria para prover ao bem estar social, à protecção de todos os seus filhos, à protecção do meio ambiente.Não foi isso que aconteceu na Madeira! As leis foram criadas e são sistematicamente violadas, alteradas.Não há liberdade de expressão.A "cunha" reina e é a verdadeira imagem da autonomia.O povo continua iletrado,manietado culturalmente, manipulado pelo circo e algum "pão", sob a forma de comes-e-bebes (hoje, que é inauguração, porque no resto do ano não.).É ver e ouvir o que a população da Serra de Água hoje disse, hoje queixou. Quando pensava ouvir palavras de esperança e conforto, ouviu o presidente do Governo dizer que "não aturava tontices". Esta é a autonomia da ditadura, de uma Madeira feita ao gosto e "pancada" de meia dúzia para todo o povo português pagar. Não me reconheço nesta autonomia.
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