Uma palavra. A primeira. Com ela tudo começa. Assoma à porta e chama as outras. Acena, grita, baila, canta, seduz, proibe, expulsa. Não há ideias em mim. Apenas palavras. Nomes. Divididos em categorias. Pequenos, médios e grandes. Conhecidas e desconhecidas. Inventadas e por inventar. Assim são as palavras. Assim me encantam elas.
Nunca penso no que escrevo. Vai-se fazendo. Umas vezes depressa,outras devagar. As palavras. Estas e todas. Respiram, ofegam, explodem, as palavras. Estas e todas as outras. As mortas e as vivas. Palavras, vagas, duvidosas. Precisas, específicas. Subtis, pesadas. Falsas, verdadeiras. Vãs, objectivas. Tristes, alegres. Palavras sem fim. Palavras dentro de palavras. Milhões de anos a falar. Os mortos ainda falam. Nas palavras. Os vivos já se sabem mortos. Nas palavras.
Palavras de amor, de ódio. Palavras cheias de tudo e de nada. Palavras cheias de mim e de ti.
Cada uma é infinita. Uma palavra é uma ilha, um continente, um satélite, planeta, uma estrela, uma galáxia, uma nebulosa, um universo (um buraco negro, que tudo devora).
As palavras são negras, brancas, azuis, amarelas, vermelhas, verdes, castanhas, cinzentas, mas apenas tu és VIOLETA...
Esta é a palavra mágica - onde tudo começa e acaba, CENTRÍPETA - nela assentei todas as outras; nela cumpro o meu destino: de nunca a esquecer, mesmo nos dias em que me ausento do mundo...
EMANUEL BENTO
PS: Porque sou um homem de palavra (e de palavras)...
Nota: título do autor do blog
1 comentário:
Nesta alegoria em que a Palavra é sinónimo de Sentimento, muito bem definidas, só noto a falta de referência à Palavra não dita mas registada:o livro.
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