O Pe. Henri Le Boursicaud, com os seus 90 anos no próximo dia 23 de Agosto, tem viagem marcada para Vila Velha (Fortaleza-Brasil) para o próximo dia 12 de Agosto. Ele que partilhou toda a sua vida, até ao último centavo e ao limite das suas forças, com os mais pobres desde os bairros de lata de Champigny (Paris) até às sanzalas do Congo, do Benin, dos Camarões, de Madagáscar, de Cabo Verde, até às favelas do Haiti, de São Paulo e de Fortaleza,não resistiu ao convite último do seu amigo José Airton para ir acabar seus dias entre os mais pobres de Vila Velha."PARTILHA" é a palavra mais repetida em todos os seus livros, palavra que o leva a não possuir mais do que um boné, um casaco, 2 camisas, 2 cuecas, dois pares de meias e uns sapatos já quase desfeitos. A sua pequena reforma, de seiscentos e poucos euros tem ainda servido para socorrer quantos sofrem, onde quer que seja. Foi o caso de todas as comunidades de Emaús que foi ajudando a fundar aos longo da sua vida em todos aqueles países, e mais alguns como foi caso da Roménia, da Irlanda e Checoslováquia e de Portugal,mas também as vítimas do terramoto do Haiti e das inundações da Madeira... "PARTILHAR" ...se algum amigo ou amiga deseja participar nesta partilha do Pe. Henri, desprendendo-se dum pouco que lhe sobre,não hesite em contactar-me.Perdi a vergonha de pedir ao ver uma mãe jovem a chorar, com uma das suas filhinhas ao colo e outra pela mão, nos seus peitos não havia leite, tenho a certeza. Perdi a vergonha de pedir ao escutar a voz dum pequenino pedindo-me pão - não guloseimas ou brinquedos - fazendo brotar dos meus olhos algumas lágrimas envergonhadas por não poder socorrê-lo naquele instante. Já não havia um cêntimo na minha algibeira, nem do José Airton... Deus não nos vai perguntar se fomos a muitas ou poucas missas. Vai sim dizer-nos: "Tive fome e tive sede...estava tuberculoso...não tinha água nem saneamento...não havia escola...chovia-me em casa (?) como na rua...quando a maré subia, a água do rio entrava dentro e eu vivia no lamaçal...éramos cinco e só tínhamos um colchão velho... não te lembras de me ter visto?..."
Raúl Ribeiro
Nota da redacção: Tenho a honra de guardar como memória da minha vida a presença deste homem nas paróquias onde sou actualmente pároco, São José e São Roque na cidade do Funchal, Madeira. Durante um fim de semana inteiro pregou nas missas destas comunidades, um grande momento, que se tornou inesquecível para muita gente. Obrigado a Deus por isso.
3 comentários:
Padre José Luis conheço tb o Pe.Henri Le Boursicaud.Ouvi-o na Igreja paroquial de S.Pedro a falar do Ecumenismo.E li muitos livros dele editado pela Editora Perpétuo do Socorro, Redentorista a cuja congregação ele pertence.Há um diálogo muito interessante entre ele o grande Teólogo -padre conciliar-Bernard Harring Penso que talvez ele não pudesse frequentar, neste momento, a Igreja do Colégio, pq o Pe. que lá está é avesso a este tipo de sacerdotes que vivem mais as Bem-Aventuranças que o direito canónico de que ele é padre. Padre para castigar e não amar. O Pe.Boursicaud chegou a fazer a pé Paris-Roma a fim de ser recebido por João Paulo II , este em vez de abraçá-lo ou recebê-lo , mandou um dos funciolnários-cardeias falar com ele. E João Paulo II nem lhe concedeu nenhuma audiência pq o papado está para reis, princesas e principes e poderosos. Mas a Igreja de Jesus Cristo está patente no Padre Henri e no Abbé Pierre e na Soror Emanuelle ou na Madre Teresa, ou no Helder Cãmara ou noutros Homems de BoaVotade que vieram à terra para fazerem o Bem e viver com as suas vidas o Evangelho do Senhor Jesus. Caso tb do beato S.João XXIII, que abriu a Igreja ao Mundo para o padre do Colégio fecha-la a sete cadeados.Lá só entra o pugilista João Seabra e o Dr.Bagão feliz.A gente de Esquerda não tem lugar nessa igreja -a do Colégio.
A Igreja Mundial tem falta de Homens de carisma, carisma evangélico, carisma de oração, carisma de Pobreza. Mais Homens houvesse (como os/as que o Ângelo citou)e a Igreja seria humana, feita de partilha, de perdão e arrependimento, de oração e louvor, de Ressurreição e o "folclore religioso" morreria à fome...
Amigos, hoje pela manhã, na praia da Tabuba, em Caucaia-Ceará, tive o prazer de conhecer pessoalmente o Pe. Henri le Boursicaud.Algumas coisas me chamaram a atenção:a sua simplicidade, quando um senhor que o acompanhava nos falou que ele há tempos só possuía duas roupas para vestir; a sua sobriedade, apesar dos seus 90 anos, quando nos disse que no mundo há dois caminhos: o da riqueza, do luxo, da busca constante de bens materiais, e o do amor universal, do altruísmo, sendo que este último implica diretamente no combate intensivo à pobreza, à exclusão social, à fome e à miséria.E agora estou na internet, à cata de tudo que me fale sobre a vida e obra desse magnífico senhor.
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