Domingo IV Tempo da Quaresma
O cego de nascença
Santo Agostinho diz o seguinte: «As obras do Senhor não são apenas factos: são também sinais. E, se são sinais, para além do facto de serem admiráveis, devem certamente significar algo. E encontrar o significado destes factos é por vezes bem mais trabalhoso do que lê-los ou escutá-los». A cura do cego de nascença é um desses sinais. Este milagre revela que Jesus é a luz do mundo e vem libertar a humanidade de todo o género de cegueira. É óbvio que esta cura resulta da fé daquele homem, que nasceu com esta enfermidade.
O simbolismo do gesto de Jesus, radica no poder dos sinais e da palavra. É este o poder de Jesus ao contrário do poder deste mundo que se faz com armas e soldados. Por isso, o Seu poder liberta e salva porque radica na verdade e no amor a cada pessoa na sua situação concreta. Deve ser grande a nossa vontade de libertação quando a cegueira interior nos persegue e nos faz mergulhar na escuridão do sem sentido da vida. E a resposta para a cura interior da cegueira não está em nenhum poder deste mundo, mas na força da Palavra que Jesus nos oferece.
O mundo que nos rodeia não enxerga a verdade do bem que Deus quer edificar para todos. A humanidade cega-se com a ganância e o egoísmo que levam à injustiça, à falta de respeito pelos outros, em especial, os mais fracos.
Esta contingência do mundo traduz-se no abandono dos idosos, a violência doméstica, a exploração das crianças, o desemprego, a mentira, a calúnia, o desgoverno das autoridades públicas e, numa frase, ausência de valores em todos os domínios da nossa sociedade.
Assim, falta-nos a todos olharmos Jesus de Nazaré, o verdadeiro libertador e dizermos: «Eu creio, Senhor» para que a libertação das nossas cegueiras seja uma realidade e todos possam convergir para um mundo mais fraterno e justo.
JLR
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