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domingo, 20 de março de 2011

A confissão dos pecados

Nota da redação: No Tempo da Quaresma, é recorrente o debate sobre a celebração do Sacramento da penitência ou a «confissão auricular» ou a celebração penitencial dita eroneamente de colectiva. Encontro o debate sempre inquinado, com acusações primárias contra quem pensa de modo diferente sobre esta questão. Pois é, como sempre discute-se o folclórico e o acessório perdendo-se o que se deveria falar com altivez, com sabedoria e sem papolatrias pelo meio. Assim sendo cada vez mais acelera o contra gosto em relação à reconciliação, por aí perdem não só uns, mas todos os homens e mulheres. Mais, continuarei a respeitar em absoluto a consciência individual de cada pessoa. E não deixarei de promover todos os espaços possíveis, onde cada pessoa se sinta bem e encontre o melhor caminho para se sentir reconciliada com Deus, consigo mesma e com os outros.
Deixo-vos um pensamento do Frei Bento Domingues sobre este assunto escrito em 2008, mas «no momento em que, de novo, na Igreja, se procura voltar a um certo dogmatismo e a um pietismo, ora rançoso ora pomposo», faz bem centrarmos o diálogo sobre o autêntico conteúdo das coisas, não se deixar enrascar e não enrascar os outros, é já um bom começo para não induzir ninguém à condição de pecador. Não parece honesto entender que Deus tem uma forma única de reconciliação com cada um dos seus filhos e impôr cegamente isso aos outros parece ser um contra senso em relação ao dom da liberdade que o Deus do amor e da misericórdia concede a todos.... O fundamentalismo neste domínio, está a marcar alguns pontos, o que é muito preocupante. JLR
«As orientações na evangelização e na pastoral devem ter em conta a diversidade cultural, a promoção dos direitos humanos e o respeito pela consciência inviolável de cada um. No campo propriamente sacramental, é preciso, antes de mais, respeitar a sua hierarquia. Se a porta é o Baptismo, o mais importante dos sacramentos é a Eucaristia, que é também o grande sacramento da confissão dos pecados, da misericórdia e do perdão de Deus. Esta dimensão, iluminada pela proclamação da palavra do Evangelho, percorre toda a missa. Quando não se ajuda a perceber isto, arruina-se o que se pretende salvar com a "confissão auricular".
Certas práticas da confissão não foram apenas grandes crimes do ponto de vista cristão, foram também uma constante e infame desvalorização da Eucaristia como sacramento do perdão.
A Igreja viveu cerca de 12 séculos sem a norma da confissão auricular e Santo Agostinho nunca se confessou».
Bento Domingues, O.P. In Público 13/01/2008
Imagem em «Anomalias»

2 comentários:

M Teresa Góis disse...

Talvez que se a catequese fosse orientada no Amor e não no medo de Deus; talvez se não se falasse tanto no inferno (às vezes fazendo o inferno dentro da Igreja) e se falasse mais da Misericórdia divina; talvez que se se falasse na gratuitidade de Deus, na Sua disponibilidade constante, no Seu perdão imenso, o Homem não tivesse de ser "calendarizado" "ao menos uma vez no ano"...Talvez que se cultivasse mais a contemplação, a interiorização e o agradecimento e não a pedincha das promessas, talvez a Igreja fosse mais atenta, fraterna, coesa.

José Luís Rodrigues disse...

Amiga Tukakubana, nalgumas coisas até se falam. Mas, falha a prática, quando entra a cegueira da norma ou a teimosia de alguma Igreja que se recusa a acompanhar os homens e mulheres deste tempo. Isto sim, seria Evangelho e toda a gente hoje procura mais espiritualidade e menos doutrina. Daí uma certa desorientação da estrutura da Igreja Católica, que entre o Evangelho (o exemplo de Jesus de Nazaré, que sempre acompanha as pessoas, se alegra e se entristece com elas) e a doutrina, escolhe o mais fácil, a doutrina tal como a pensa sem olhar às circunstâncias concretas da humanidade de cada lugar e de cada tempo. Agradeço o contibuto.