E - São aflitivos os problemas da pobreza e da miséria, das injustiças…
O - Faltam leis justas para resolver os problemas da pobreza, da miséria… e estudos sérios.
E - Mas há proclamações sobre a igualdade, os direitos humanos …
há conferências e congressos…
O – São letra morta… até se legaliza o aborto e o aborto do casamento e o aborto de quanto alguém mais vezes abusar de uma criança mais fica com o bónus de pena igual. A criança abusada dez ou vinte vezes não conta.
E - O que mais falta são algumas pessoas justas… boas… ainda que fossem poucas ou até uma só…
O – E o que é que isso resolve, poucas, uma só! Têm que ser muitas… a maioria.
E – A historia diz que as maiores mudanças vem de poucos ou de um só… se…
O – Não. Só um sistema político geral com leis bem feitas, uma organização nacional, mundial, global, com medidas de grande eficácia podem resolver.
E – E quem cumpre essas medidas?
O – Muitas pessoas. Todas têm que cumprir.
E – Boas e íntegras ou mesmo corruptas? Com vida de má qualidade?
O – Algumas terão de ser íntegras …
Devem ser muitas…
E – E como chegam a ser muitas e íntegras, justas boas, sem somar 1+1+1…?
O – Obrigam-se as pessoas a cumprir as leis…
lá se são ou não íntegras…talvez pouco interesse…
E – E podem ser justas e boas à força, tirando-lhe a liberdade?
O – Bem. Talvez não, mas podem ser persuadidas, motivadas por outras pessoas boas, íntegras...
E – E essas outras pessoas são muitas?
O -Muitas não serão mas sempre há algumas…
E - E como se fizeram boas?
O – Não tinha pensado nisso. Bem, porque quiseram e alguém ajudou.
E – Quem ajudou ou pode ajudar tem de ser bom e íntegro ou só parecer bom?
O – Sim, íntegras... Doutro modo não convencem.
E - E se as outras pessoas não quiserem ser honestas por dentro mas só por fora; se tiverem duas caras, vidas duplas?
O – Algumas hão-de querer?
E – E se forem poucas, quem faz as leis e toma decisões para resolver os problemas da pobreza, das injustiças, da miséria de uns; e da acumulação gananciosa de outros, dos corruptos?
O – Mesmo se forem só algumas, já resolve alguma coisa…
E - Mesmo se não quiserem?
O – Têm de querer…
E - E se forem algumas ou mesmo muitas a querer contam como número ou uma a uma?
O – Como número, pois só com uma organização eficaz de boas leis, com muitas pessoas competentes, maiorias… se resolvem tão grandes problemas.
E – Mesmo que não haja muitas pessoas íntegras e boas para as cumprir…
ou as maiorias façam leis iníquas?
O – Tem que haver muitas boas, senão… não se chega a grande coisa.
E – Então, uma pessoa só vale pouco ou zero para solucionar os problemas mesmo que seja íntegra, boa, justa…
O – Sim, assim o penso.
E- Mas então se uma pessoa boa vale zero, como é que um milhão de pessoas boas vale mais que zero? Todas são pessoas e 0+0+0+0, etc. só pode ser igual a zero. E um santo vale zero?
Funchal, Festa de S. João de Deus, 8 de Março de 2011
Aires Gameiro
Imagem de «Sem omitir o real cotidiano»
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