Comentário à missa do próximo domingo
5 de Agosto de 2012
Domingo XVIII Tempo Comum
A
missa deste domingo segue a mesma temática do domingo passado. A abundância de
Deus, que se manifesta sempre com um desejo enorme que cada pessoa encontre
sempre o necessário para estar bem de saúde, alimentada convenientemente e
acima de tudo que seja muito feliz. São estes os desejos de Deus para todos
nós. Quando eles ainda não existem, devemos sentir que nos falta trabalhar mais
intensamente para que a ninguém falta estas qualidades para a vida ser
verdadeira vida.
A
primeira leitura da missa deste domingo, recorda que Deus dá o necessário a
cada um e «proíbe» juntar mais do que esse necessário, porque, efectivamente, ir
além do necessário resulta sofrimento. Por um lado, emerge a tentação do «ter»
em detrimento do «ser», a ganância marca o passo, a ambição desmedida torna-se
regra de vida. Por outro, a sofreguidão do «ter» produz mais famintos e faz
empobrecer populações inteiras. Os desequilíbrios do mundo a este nível são
dramáticos e um escândalo que nos envergonha sobremaneira.
Deus
convida-nos a não nos deixarmos dominar pelo desejo descontrolado da posse dos
bens, a libertarmos o nosso coração da ganância que nos torna escravos das
coisas materiais, a não vivermos obcecados e angustiados com o futuro, a não
colocarmos na conta bancária a nossa segurança e a nossa esperança. Só Deus e
os valores que Ele nos apresenta, são a nossa segurança, só n’Ele devemos
confiar, pois só Ele (e não os bens materiais) nos libertam e nos leva ao
encontro da vida definitiva.
São
Paulo apresenta-nos um apelo à vida nova. Isto é, cria um parâmetro sobre a
nossa condição, «o homem novo». Este faz parte do ideal de Deus. O homem novo
será todo aquele que integra a família de Deus, que não se conforma com a
maldade, a injustiça, a exploração a opressão, que procura a verdade, o amor, a
justiça, a partilha, o serviço, o que pratica obras que se coadunam com a
beleza, a bondade e a estética de Deus. O homem novo, não está de forma nenhuma
longe da misericórdia, da humildade, empenhado no bem para todos, com a maior
das alegrias e simplicidade. O homem novo, sabe quais são e vive seriamente os
valores de Deus.
No
Evangelho, Jesus recusa ser um simples mago, um prestidigitador, que faz coisas
espectaculares (por exemplo, fazer cair do céu o maná). Nada disso. Jesus faz
questão de mostrar que Deus não vem ao encontro da pessoa humana com gestos grandiosos,
que deixam toda a gente boquiaberta, espantada… Quiçá que assumindo tais gestos
portentosos, Deus conseguisse aumentar o rol dos crentes! – Não se trata disso
a proposta de Deus.
Deus
actua em cada pessoa de forma discreta. Por isso, será importante estarmos
atentos aos sinais, aos gestos que nos falam de Deus e que nos desafiam para a
acção. Deus vem ao encontro de todos os homens e mulheres e, sem os forçar nem
muito menos lhes impor o que quer que seja, convida-os para um plano de felicidade
e salvação. Depois, cada um de acordo com a sua liberdade e vontade própria
escolhe ou não o caminho de Deus. Nesta acção Deus não deixa de apresentar que
só será feliz quem acolher o caminho do amor, da solidariedade e partilha, o serviço
aos outros, porque tal prática liberta e torna-nos úteis.
Por
fim, o desejo de Deus para nós todos é manifestar a abundância da paz e da
felicidade, por isso, estejamos atentos ao que a vida nos vai oferecendo e
propondo para que possamos acolher o que nos faz falta para nos tornarmos em
cada dia «humanidade nova» aptos a construirmos um mundo sempre novo para
todos.
José Luís Rodrigues
1 comentário:
Padre José Luis, Amigo e Irmão, este seu texto deveria ser lido em todas as igrejas da Madeira incluindo a homilia episcopal. E por não querer estragá-lo releio, reflicto e não acrescento mais nada para não estragar esta sã e douta doutrina -a do Evangelho.O seu texto é Evangelho puro.
Enviar um comentário