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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Missa com fado em São Roque e São José

Evangelizar com o fado...
As Paróquias de São José e São Roque do Funchal levam a efeito o seguinte evento: «Missa com Fado». No dia 14 Dezembro pelas 19 horas será na Igreja de São Roque e no dia 21 de Dezembro também às 19 horas será na Igreja de São José. Estará presente a fadista Eugénia Maria juntamente com os seus guitarristas. Eugénia Maria uma fadista para ouvirmos com atenção, tem 2 CD’s lançados sob gestão própria com os títulos, «Vielas da saudade» e «Nostalgia do amor». Canta em toda ilha da Madeira e em vários hotéis da cidade do Funchal.
No ano passado, a 27 de Novembro, o Comité Internacional da UNESCO, constituído por 24 países, anunciou, em Bali, na Indonésia, o fado como Património Imaterial da Humanidade. Obviamente, que a partir daqui o fado ganhou entre nós e a nível internacional uma relevância maior. Serão raros os visitantes que se achegam ao nosso país e que não procuram pelo fado. O fado está na boca de toda a gente.
Este evento cultural e religioso integra-se na quadra do Advento e Natal. Estamos a preparar o Natal de Jesus. Este será mais um momento de reflexão e evangelização, que as comunidades levam a efeito para melhor se preparem para o acontecimento no Natal. Obviamente, que pretende estender a atenção a um campo da arte e procurar aí vestígios de Deus e da mensagem religiosa. Afinal, será mais um caminho/proposta de busca nos meandros do pulsar da vida humana.
 Alguns poderão perguntar, mas o fado que tem a ver com uma Eucaristia? – Tem tudo. A serenidade, a paz, a penumbra ténue onde ele é cantado e a cadência melancólica do cantar, mais a mensagem das letras cuidadosamente selecionadas para o lugar e o contexto em se encere o evento «Missa com fado», proporcionarão a paz, o silêncio e a oração para o encontro com o transcendente, com Deus. A palavra cantada no fado será mensagem para buscar no silêncio o encontro com Deus e com os outros.
Mais ainda temos em conta que este género de arte musical não pode estar à margem da oração e da evangelização da Igreja Católica para este tempo, não fosse já o pedido feito pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG), quando diz o seguinte: «A partir do coração do Evangelho, reconhecemos a conexão íntima que existe entre evangelização e promoção humana, que se deve necessariamente exprimir e desenvolver em toda a acção evangelizadora» (EG nº 178). Não fosse hoje o fado a alma de um povo e o eco da «promoção humana» da portugalidade no mundo. Mais ainda se tivermos em conta que o princípio para o anúncio do Reino de Deus radica precisamente aqui: «O Reino, que se antecipa e cresce entre nós, abrange tudo» (EG nº 181).
Mas se remontarmos já ao Concílio Vaticano II, encontraremos matéria mais que suficiente para fundamentar este género de arte no caminho da evangelização. Na Constituição Pastoral, A Igreja no Mundo Actual, ficou assente que «é necessário cultivar o espírito de modo a desenvolver-lhe a capacidade de admirar, de intuir, de contemplar, de formar um juízo pessoal e de cultivar o sentido religioso, moral e social» (Gaudium et Spes - GS, nº 59), porque «as artes são também, segundo a maneira que lhes é próprio, de grande importância para avida da Igreja» (GS nº 62), por isso, «deve trabalhar-se por que os artistas se sintam compreendidos, na sua acrtividade, pela Igreja e que, gozando duma conveniente liberdade, tenham mais facilidades de contactos com a comunidade cristã. (…) Sejam admitidas nos templos quando, com linguagem conveniente e conforme às exigências litúrgicas, levantam o espírito a Deus» (GS nº 62).
Por fim, fica a certeza e a clareza neste pensamento citado pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica, «O Evangelho da Alegria», para o evangelizador, para a Igreja «Nada do humano pode-lhe parecer estranho» (tirado da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Aparecida - 29 de Junho de 2007 - 380).
Fica o convite a todos.

1 comentário:

Unknown disse...

Gostaria de ver essas iniciativas também por cá. Aposto que as nossas Igrejas ficariam cheias..