Comentário à missa deste domingo, 9 fevereiro de 2014
Domingo
V Tempo Comum
A
metáfora do sal e da luz, aplicada à vida cristã, é muito interessante e
faz-nos reflectir sobre a nossa missão no mundo. Já sabemos que a religião de
Jesus não é uma religião de meias medidas e meios-termos, ou é tudo ou é nada.
Ora, mas nem sempre o nosso coração está predisposto para acolher essa
radicalidade e nem sempre o nosso entendimento é capaz de enquadrar na vida
esta frontalidade de valores que Jesus nos propõe, para sermos a luz que brilha
na escuridão do mundo e o sal que dá sabor a toda a vida. E como faz o seu
caminho a propensão diabólica do egoísmo tomando conta da alma e da vida das
pessoas.
Segundo
a mensagem que Jesus nos quer transmitir somos desafiados a viver profundamente
a radicalidade do serviço aos outros, não importando nada as manias, os
pensamentos, as vivências e as opções que cada um acolhe na vida nem muito
menos a condição social de cada pessoa.
Nunca
foi fácil conseguir as coisas boas da vida. E todos sabemos que aquelas coisas
que são mais difíceis de conseguir são as mais saborosas. Os estudantes sabem
que as notas melhores foram as que deram mais trabalho e mais empenho no
estudo; as mães sabem que a criança que carregam nos braços causou muito
sofrimento, mas não deixam de mostrar essa dádiva com um sorriso nos lábios; a
cura de uma doença ao fim de muito dinheiro gasto e de tratamentos dolorosos é
algo que se partilha com prazer; o atleta que depois de chegar à meta ostenta
com alegria o trofeu que ganhou, sabe que isto não é resultado da preguiça, mas
de muito trabalho e de muito cansaço. O Cristiano Ronaldo para ser o melhor do
mundo, dizem ser uma pessoa incansável nos treinos diários que realiza e que os
faz a dobrar (se lhe pedem duas horas ele faz quatro) e mais ainda dizem ter
uma vontade enorme de vencer que supera a sua humanidade. Estes exemplos são
modelares e podem levar-nos a deduzir que tudo o que é difícil, é sempre muito
saboroso no fim quando tudo está terminado.
As
condicionantes não podem ser regra para viver o reino de Deus. Cada um é
chamado a viver profundamente esta proximidade com desprendimento, honestidade
e desinteresse.
A
causa do reino de Deus é a regra principal da vida cristã e diante dessa regra
não podem subsistir meias palavras e meias medidas. Jesus ensina-nos que este
caminho é o mais seguro para a vida. Esta verdade é muito certa, porque uma
pessoa quando não sabe viver senão no ódio e no rancor contra os outros é uma
pessoa profundamente triste e sem sabor. Por isso, aqueles lugares onde a
injustiça, a competição desmedida entre colegas/amigos são o pão de cada dia,
tudo desmorona e vive-se um ambiente pouco saudável e aí está uma atmosfera de
revolta inevitável.
Perante a Igreja que somos, cristãos baptizados, o
Papa Francisco ensina que, «O carácter missionário da Igreja não é
proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança
e amor. A Igreja – repito uma vez mais – não é uma organização assistencial,
uma empresa, uma Organização Não Governamental (ONG); é uma comunidade de
pessoas que, animadas pela acção do Espírito Santo, viveram e vivem o espanto
do encontro com Jesus Cristo, desejando partilhar esta experiência de profunda
alegria, partilhar a Mensagem da salvação que o Senhor nos trouxe. É o próprio
Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho. Queria a todos encorajar a
tornarem-se anunciadores da Boa Notícia de Cristo» (Papa Francisco, Mensagem para o Dia mundial das missões 2013).
Que Deus nos abençoe sempre com o dom da felicidade perante o que somos e o que
temos.
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