Haverá
por sinal uma multidão imensa de gente a quem se aplicam estes atributos. Todas
as instituições têm gente deste teor. Nenhum grupo social, por mais amigos que
sejam, se pode gabar de não ter no seu seio gente que merece estas atribuições.
No
entanto, quando chegamos ao grupo dos cristãos e encontramos uma multidão
imensa de gente com estas características, ficamos perplexos e percebemos, por um
lado, que andamos sobre um mar largo, cheio de ondas tumultuosas com um vento
feroz, que nada tem a ver com a brisa suave do Espírito Santo. Por outro,
podemos imaginar que andamos sobre um pântano de lamas movediças, rodeados de
incultos, de beatos e de sectários, muito atentos, a ver qual a hora que o pé de
alguém cai em falso para logo o carregarem de pesos pesados e o afundarem até
às penas do inferno que, teimosamente, desejam que exista para os outros. São
os «hipócritas», «raças de víboras» que o nosso tempo ainda «bota» no mundo e
que Jesus tanto repudiou quando «escreveu» o Seu Evangelho com a Sua Palavra e
a Sua Ação transformadora da vida e do mundo..
Esta
forma de ser cristão está nos antípodas do Evangelho. Não é em nome de Cristo
que se é cristão desta forma. Mas está apenas ao serviço da lógica deste mundo,
toda ela interesseira e egoísta.
Não
se pode, isso sim, deixar que a Igreja se esvazie da sua riqueza: a diversidade
de carismas e a multiplicidade de sensibilidades. Nem podemos deixar que a
Igreja continue a ser um simples espaço onde apenas alguns mostram a sua
soberba e o gosto pessoal pelo poder ou vontade de mandar uma multidão de gente
adormecida.
A
Igreja é o espaço livre onde o Espírito de Deus age como quer e em quem quer,
no sentido de criar uma dinâmica que alimenta a fé e a esperança na salvação.
Nunca nenhum dinamismo que cerceie os direitos fundamentais como o da
liberdade, o de pensar e o de se expressar. A Igreja, é um espaço livre para
gente livre. A religião, nunca pode ser vendida ou comprada por este ou por
aquele. Na religião, não há lugar para donos. Cada um com a sua fé é senhor de
si mesmo. E deixemos o resto à conta de Deus Nosso Pai.
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