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sexta-feira, 25 de abril de 2014

O 25 de abril e a Igreja Católica

O tema a Igreja Católica e o 25 de abril sempre tem provocado em mim alguma reflexão e falta fazer um estudo profundo sobre esta realidade. O que aprendeu a Igreja Católica com a viragem suscitada pelo acontecimento «Revolução de abril»? Será que a Igreja Católica soube verdadeiramente fazer a reciclagem? Será que a Igreja aprendeu de verdade o que é a Democracia e se soube vivê-la no seu interior? Será que a Igreja Católica soube penitenciar-se pela responsabilidade que teve também na durabilidade do anterior regime? Será que soube assumir e reclamar pelos direitos e oportunidades que o novo regime, a Democracia, contempla para todos os cidadãos? - Estas entre tantas outras questões que legitimamente podem ser colocadas. 
A Igreja é sempre uma instituição complexa e em todos os regimes políticos tem a sua expressão. Obviamente, não podemos afirmar que toda a Igreja estava com o anterior regime, são muito conhecidas as vozes do interior da Igreja que se destacaram contra o rumo da história e muitas delas foram determinantes quanto à mudança que se efectuou.
Mas falta realmente saber o que aprendeu a Igreja com a Revolução dos Cravos. Até então tínhamos uma Igreja influente e cheia de poder sobre a sociedade. A catequese estava toda ela voltada para o domínio das pessoas e a sua subjugação. A pobreza miserável e ignorância eram era objecto de pregação como virtudes. Mais ainda a pregação do medo e a favor do medo era uma constante. Muitos ainda se lembram do terror de algumas pregações que apresentavam o inferno como um caminho irremediável para todos os pecadores. A noção de pecado estava assente num escrúpulo doentio. O céu era um prémio para os santos extraterrestres e assexuados. A misericórdia de Deus não existia. A condenação eterna era o fim inevitável para muitas almas.
Este discurso e esta catequese estavam bem vivos no interior da Igreja. Fazia parte de um modo de ser Igreja e de estar integrada num sistema dominador e opressivo. A Igreja Católica actual deve ter a humildade suficiente para assumir este facto e penitenciar-se.
Porém, a realidade mudou. A viragem política trouxe os ideais da autonomia das vontades e assenta na liberdade. Por isso, a Igreja teve que adaptar e mudar o seu discurso. No entanto, parece-nos que este caminho ainda não está totalmente feito e olhando um pouco a história da Igreja, estamos em crer, que para alcançar esta meta muitos anos e muitas gerações ainda terão que passar para que a Igreja dê o verdadeiro salto. As mudanças na Igreja são lentas. Mas também, segundo reza a história, inevitáveis. O Papa Francisco tem dado dicas importantes que se forem tomadas a sério a viragem pode ser dada com firmeza. Assim sonhamos e esperamos. 

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