Os tempos correm
tristes. A depressão toma conta de muita gente. A situação económica do país
contagia os estados de alma de toda a gente. As medidas de austeridade que já
vieram e pelo que se augura ainda virão, provocam sobressaltos em muitos
sectores. Ninguém escapa a um certo desânimo e parece não ter lugar o sentido
da vida e da esperança. Porém, cabe-nos recordar que em cada manhã a vida volta
a ressuscitar e a dádiva de sabermos que os nossos olhos se reabrem para luz da
manhã.
Mas, não pode
esta constatação privar-nos de denunciar que os tempos estão tristes, não só
porque continuamos a ouvir palavras sobre terrorismo, a violência de toda a
ordem, a miséria, os refugiados, as doenças, a morte... Mas, também porque
ouvimos em todo o lado, palavras ofensivas, insultos, palavrões de calhau, de
pessoas que se esperaria elevação e dignidade. As ofensas roçam o calão e
poucos se indignam com isso. Parece já não existirem pessoas que merecem todo o
respeito. E se não for isso, o que nos resta? - Uma linguagem que estala o
verniz, que manifesta má educação, falta de respeito pelos adversários, nenhuma
abertura às críticas e uma pobreza sem precedentes na história da maior
aventura do mundo (a condição de ser gente).
A linguagem
estalou com verniz dos tempos que correm porque a mentira vale muito mais, mas
mesmo muito mais do que toda a verdade. São poucos os que são «escravos» da
palavra dada e muitos os que se limitam a dizer palavras ocas que depois não
induzem à felicidade e semeiam o sofrimento.
Por isso, sofre um povo,
que sangra a desgraça que lhe impuseram. Continua a cair nas armadilhas que lhe
são impostas e a crise dos bolsos vazios é tremenda. Nisso radica a multidão de
escravos que teimam em querer arrebanhar dentro da cerca dos
tentáculos do poder obscuro que emerge sabe Deus como das profundezas
da maldade humana. Os tempos estão escaldantes e a vida está cada vez mais difícil de se recompor.
Mas, ainda assim, imploro que um anjo faça ressoam a trombeta da paz que tanto desejamos nos corações da existência que se esforçam entre vales e montes construir um mundo novo. Pois, será isso que me faz comer poesia em vez de ficar apenas pela sua leitura.
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