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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Vencer o vazio do mundo cristão

Hoje não há um mundo cristão. Não existem sociedades cristãs. Mas um mundo onde há cristãos e sociedades multifacetadas onde estão também os cristãos.
Quatro etapas para vencer o mundo descristianizado:
Primeira, é compreender que, a realidade efectivamente mudou, que já não é possível proceder como antes. A Igreja não pode continuar a viver segundo o que era hábito, tem de inventar novas maneiras de estar, à imagem dos primeiros cristãos, que se viram obrigados a inventar tudo no meio de um mundo hostil.
Segunda, é admitir que, se algumas instâncias têm um verdadeiro projecto de desestabilização da Igreja, essas instâncias são velharias cheias de pó e sem futuro. Admitir que a sociedade não maquina nenhum complô contra a Igreja, o que procura, como qualquer sociedade, é o seu equilíbrio. Ela própria está comprometida numa evolução sociológica séria cujos contornos e cujo fim tem dificuldade em discernir, e procura, por vezes de forma desastrada, o seu equilíbrio espiritual.
Terceira, é aceitar que, o tempo que se vive é, de facto muito difícil e que isso é uma característica incontornável.
Quarta, é provar que, quanto este período pode ser rico se a sua instabilidade contribuir para que os cristãos se sintam livres na invenção de novas maneiras de ser fiéis. A hierarquia da Igreja deverá manifestar a sua confiança em relação aos fiéis, convidando-os a experimentarem, evitando olhá-los com desconfiança quando aparece uma iniciativa pouco habitual (entre nós, precisamos muito de progredir neste aspecto, a nossa terra enferma deste mal terrível, tudo o que seja diferente é logo rotulado ou então simplesmente olhado com desconfiança. Sofremos da mania do ataque, tudo o que seja ser diferente, tudo o que seja discordar é de imediato entendido como um ataque e como crítica destrutiva. Seria interessante contabilizar quantas pessoas a nossa Igreja tem como Persona non grata!...).
O imperativo evangélico deve ser totalmente seguido: que os dirigentes não cedam à tentação de eliminar sem mais o que julgam ser joio, «com o receio de que, arrancando o joio, não arranquem também o trigo» (Mt 13, 29). Todos na Igreja são chamados a confiar no Espírito Santo, na Sua acção, embora sempre secreta, mas viva e eficaz em todos os momentos da vida humana.

1 comentário:

lis disse...

Um banquete que alimenta o espírito, encontro aqui no seu portal,
e talvez só possamos 'vencer o vazio' quando deixarmos de abrir igrejas e possamos ver Cristo andando nas ruas em forma de honestidade justiça igualdade bondade e sobretudo amor.
Que o Espirito Santo aja em nós para presenciarmos a unidade e verdade das igrejas.
Com admiração agradeço a mensagem.