Comentário à missa deste fim de semana
Domingo
XXVIII tempo comum, 12 de outubro de 2014
A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum
utiliza a imagem do «banquete» para descrever esse mundo de felicidade, de amor
e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.
O Apóstolo Paulo está preso e recebe uma
ajuda monetária razoável, recolhida na comunidade de Filipos. Porém, embora a
ajuda seja bem-vinda, porque alivia a "aflição" de Paulo, mas não é o
mais importante para ele, porque se sente preparado para viver na fartura e
para passar fome, e assim, acontece, porque, "Tudo posso por Cristo, que
me dá força".
Neste contexto, São Paulo apela aos filipenses
que é muito importante partilhar e interessar-se pelas aflições dos outros e
viver a solidariedade com os mais necessitados. Quem abre o coração à partilha,
Deus provém a todas as suas necessidades. Deus não falta com tudo o que seja
necessário em relação a todos os que abrem o seu coração à solidariedade e
partilha. Já vem de longe o ensinamento, "quem dá aos pobres empresta a
Deus".
Este texto dá-nos uma grande lição em
duas vertentes. Primeira, devemos ser solidário e sempre que as necessidades à
nossa volta apareçam devemos procurar ajudar na medida do possível. Segunda,
devemos aprender a viver em cada circunstância com aquilo que a vida nos
oferece. Quantas pessoas, encontramos revoltadas, porque não têm abundância de
dinheiro e de bens materiais? Quantos vivem amargurados porque a vida não lhes
acena com a sorte de ter muito? Quantos vivem a contragosto porque a vida não
lhes sorri com tudo aquilo que a publicidade seduz? - O desespero é grande,
porque se desaprendeu a viver com pouco e com aquilo que é absolutamente
necessário para a vida.
Por um lado, para nós cristãos, o
Apóstolo São Paulo é apelativo quanto à necessidade que temos em estar atentos
às aflições dos outros. Muitas vezes encontramos muitas razões para não ajudar
ninguém, porque ora a miséria e a aflição é o resultado de más opções e de
atitudes desregradas. Mas, não é esse o princípio cristão. Ser cristão é ser
solidário, amigo e fraterno mesmo que se receba todo o mal do mundo e todas as
incompreensões possíveis. A partilha e a caridade (solidariedade) devem fazer
parte da vida de todo o cristão. É na vida cristã que radica a visibilidade de
outro ditado popular: "Fazer o bem sem olhar a quem".
Por outro, aprender a viver com aquilo
que a vida nos dá é muito importante. Não digo satisfazer-se e acomodar-se
absolutamente, mas antes lutar sempre mais sem desespero nem atropelos. Esta
aprendizagem é importante, porque nos ajuda nos momentos menos bons, os
momentos da crise. Muita da pobreza não resulta por falta de bens, mas falta de
sabedoria e equilíbrio para governar-se. O cristão, deve saber viver em
qualquer circunstância, tenha muito ou tenha pouco. O mais extraordinário, é
que a maior generosidade não vem de quem tem muito, mas de quem do pouco sabe
fazer muito.
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