Comentário à missa deste domingo
Domingo XXVII
tempo comum, 4 de outubro de 2014
Os
pensamentos, estão para a vida na mesma medida que a vida está para os
pensamentos. O grande estudioso do cérebro o cientista António Damásio, diz que
a alma está no cérebro. Considero esta conclusão muito interessante e
importante, porque o bem mais preciso que Deus deu à humanidade é a
inteligência. Curiosamente, penso que não haverá ninguém que não considere que
a inteligência está no nosso cérebro. Por isso, se este é o bem maior que Deus
nos deu, então, ele faz parte da nossa alma. São Paulo, apela que se centre os
pensamentos no pensar de Cristo. Quais são os pensamentos de Cristo? - Eles
são: "Tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o
que é amável e de boa reputação, e o que seja digno de virtude e de louvor, é o
que deveis ter no pensamento". Aqui está a lista do conteúdo do pensamento
positivo que muitas vezes se vê apregoado pelos vários mestres. Mas, que na
realidade é difícil de atingir. Esta lista são valores da alma, que precisam de
inteligência para serem levados à prática.
O
Apóstolo quer ensinar-nos que facilmente os nossos pensamentos se perdem em
ninharias e em conteúdos inúteis que não servem para nada e para ninguém.
O
pensamento não se controla, é verdade. Mas pode ser conduzido e facilmente
desviado, basta fazer um pequeno esforço e uma certa ginástica mental.
Assim,
muitas vezes os pensamentos perdem-se com as doenças, com as artimanhas para
vencer na vida da forma mais fácil, com todos os esquemas para enganar os
outros, com todas as formas possíveis de vingança, com os bens materiais, com
todos os medos que afectam a nossa sociedade actual, com o medo da morte,
enfim, uma lista infindável de pensamentos que ocupam as nossas cabeças. E
quando eles assim acontecem, tornamo-nos maus admisnitradores da vida.
O
pensamento é o desbobinar de ideias. Umas muito boas e úteis à vida para todos
e outras também menos boas que prejudicam a vida de todos. Mas cada coisa deve
ter a sua ideia, porque "cada coisa que perde a sua ideia é como o homem
que perdeu a sua sombra - ela cai no delírio onde se perde" ensinava o
autor Jean Baudrielard, sob o título curioso "A Transparência do
Mal".
São
Paulo neste trecho aos Filipenses coloca a utilidade do pensamento e a matéria
das ideias no centro Jesus Cristo. As Suas ideias, o Seu pensar, o Seu
filosofar e o Seu sentir devem enformar o pensamento de cada pessoa que se faz
Seu discípulo. Ele é o Mestre da Filosofia da Fraternidade. Por este âmbito
encontramos eco no pensar de vários autores da Filosofia, porque a definem com
as melhores expressões do cristianismo.
Nessa
busca de vestígios cristãos, descobrimos no grande pensador C. Jaspers o
sentido do filosofar como um "estar a caminho" e como um
"despertar"; Bertrand Russell, coloca o centro dos pensamentos no
verbo "interrogar", as ideias não escorrem sem esse sinal de
interrogação constante; Merleau-Ponty radica-o na palavra "criticar";
Le Roy, ensina que não basta debulhar ideias, elas terão sentido quando o
pensamento segue o caminho da "unidade", isto é, "unificar"
é crucial para a conjugação dos pensamentos e das ideias; por fim, o nosso
incontornável Antero de Quental recorre ao verbo "duvidar", que por
vezes assusta alguns, mas é sempre necessário para crescer e permitir a
evolução dos pensamentos e das ideias.
O Apóstolo Paulo, porque
nos apresenta o melhor dos mestres, Jesus Cristo, faz-nos um apelo para que os
pensamentos de deste mestre sejam em larga medida os pensamentos de todo o Seu
discípulo. Embora não se controle em absoluto os nossos pensamentos, podemos em
muitos momentos da nossa vida tentar canalizar o pensamento para as ideias
nobres que o Evangelho nos apresenta. Também devemos deixar que todas as boas
ideias e pensamentos de outros nos deixem seduzir para o essencial, a verdade
que liberta.
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