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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Ninguém pára os ventos da mudança na Igreja

O melhor dos mundos não existe. A partir do Papa Francisco, vamos ver a sério sobre o que se vai passando no mundo católico e também fora dele, porque podemos fazer as devidas adaptações se assim o entendermos. O melhor de tudo é que se pode deduzir, ninguém pára os ventos da mudança na Igreja.
É deste Papa que se escuta que a «ninguém tem o direito de sentir-se privilegiado ou pedir exclusividade. Tudo isso nos leva a superar o hábito de nos posicionar confortavelmente ao centro, como faziam os chefes dos sacerdotes e os fariseus» (Angelus, Roma, 12 de Outubro de 2014). Ainda está bem fresquinha esta advertência papal. E esta é a cereja sobre o bolo: «A Igreja não é um grupo de elite, não diz respeito somente a algumas pessoas, a Igreja não faz restrições…» (Papa Francisco, 9 de outubro de 2013).
Os que buscam mordomias e títulos honoríficos que os compensem nas frustrações e no vazio, andam numa roda viva por causa dos dogmas do catolicismo, é preciso salvar o cristianismo mesmo que isso implique o preço elevado da morte do catolicismo tal como se apresenta às vezes carregado de exclusão. Nas reflexões do Papa Francisco, os dogmas levam com o seguinte: «Nesta renovação não se deve ter medo de rever costumes da Igreja não directamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns dos mais profundamente enraizados ao longo da história», escreveu. É urgente perceber de verdade qual o alcance desta convicção e quanto ela nos toca profundamente a segurança do pensamento quietista e cómodo.
Com a preocupação de alterar a igreja dos privilégios que nos rodeia, a intenção do Papa radica na mudança de postura. Por isso, disse Francisco preferir «uma igreja ferida e suja por ter saído às estradas, em vez de uma igreja preocupada em ser o centro e que acaba prisioneira num emaranhado de obsessões e procedimentos»; «Precisamos de igrejas com as portas abertas» para que os fiéis que buscam Deus não encontrem «a frieza de uma porta fechada».
«Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo», pontuou, antes de criticar severamente a postura adoptada por muitos sacerdotes católicos a respeito da inclusão: «A Eucaristia não é um prémio para os perfeitos, mas um generoso remédio e um alimento para os fracos».
As posturas só se alteram de verdade, quando se alterarem os ditames do pensamento fechado que séculos e séculos cimentou na cabeça de tanta gente que teima em fazer valer na Igreja e fora dela esquemas de vida que em nada servem a realidade concreta dos nossos tempos. Que o vento imparável do Espírito Santo nunca se canse de refrescar o interior das nossas almas e o nosso pensamento.

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