O que estará na cabeça
deste rapaz? Será que pode a Igreja Católica no mundo inteiro servir-se do exemplo da correlação
entre o altar e o poder político partidário existente na Madeira que soma quase
40 anos?
Vamos lá esclarecer. A Igreja Católica é profundamente política. Mas a Igreja não tem jeito para fazer
política partidária, isto é, deve ser a Igreja profundamente política, na
verdadeira acepção da palavra, mas não deve ser partidária. Não deve tomar
partido por nenhum sistema político nem muitos menos, deve estar ao lado de
nenhuma força partidária. Sempre que tal aconteceu o mundo perdeu e a Igreja
ainda muito mais perdeu.
Nos nossos dias, como já o
foi também noutros tempos, não deixa de ser curioso e divertido ver o Papa e os
textos fundamentais da Igreja a defenderem a democracia, a separação da Igreja
e o Estado, e alguns representantes políticos, leigos e laicos do Estado e da
vida pública, a deferem a hierarquia. Exactamente como agora se vê entre nós um
deputado vir a terreiro a pedir que a Igreja «tem que recuperar o seu papel político»…
Mais ainda não deixa de ser curioso que um leigo conotado como sabemos com a
política partidária, mais do que bafejada com a colaboração abnegada da Igreja
Católica da Madeira há tantos anos, peça à Igreja que viva o que nos meios internos
da Igreja vai sendo exorcizado e foge-se da política como o diabo foge da cruz.
A mistura da Igreja com as
políticas vigentes são fatais para a Igreja, porque entra mesmo sem o desejar
num descrédito muito grande. Se, por um lado, não lhe falta bens materiais para
erguer igrejas, fazer beatificações, realizar manifestações populistas entre
tantas outras acções. Por outro, falta-lhe presença nas coisas da sociedade, presença
séria nas instâncias da educação, da política e dos meios de comunicação
social. A Igreja precisa de reacender a esperança no mundo, perder o medo e
encontrar depois lucidez para pensar em respostas pastorais que a relancem numa
pastoral séria e ousada.
A espada e o hissope não
servem para evangelizar. Hoje espera o mundo que a Igreja carregue a cruz da
vida das mulheres e dos homens concretos e que caminhe com todos até ao
Calvário da vitória.
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