Ora
aí está algo que nos deixa consolados, especialmente, as mulheres. O que nos
falta em carne e osso as estátuas mostram às claras. Estou a mirar e a remirar mais
esta estátua e concluo, agora entendo porque disse o sr. escultor Mestre Velosa
que não havia nesta terra ninguém conhecesse melhor o Cristiano Ronaldo do que
ele, porque ele mediu as pernas, os braços, cabeça, o tronco, as costas e etc.
E pelo grandioso resultado terá medido também outras partes improváveis logo à
partida.
O
madeirense a fazer estátuas é tramado. A naquela época em que se falava da fama
da Cicciolina, a famosa deputada italiana que a propósito e a despropósito
mostrava os seios, tínhamos que ter um símbolo que retratasse ab aeternum uma máscula
autonomia, coisa que se advinha ser mulher, mas não uma mulher que nos
remetesse para algo mais efeminado, não, mulher viril, «macha-fêmea», como
chama o nosso povo à mulher robusta, com jeitos próprios de homem… Então, temos
ali na Praça da Autonomia a mulher desbragada, de mamas soltas, porque a
Autonomia ou faz seduzir o macho madeirense ou então não serve para nada.
Ultimamente tem andado meia «murchita», mas deve ser passageiro.
Em
outros tempos, quando começaram os tempos loucos do milagre autonómico que
semeava dinheiro por todo o lado, alguém, profeticamente, adivinhou o
resultado, por isso temos, ali junto ao abandonado Madeira Palácio no fim da Ramboia
a estátua do enforcado. Melhor retrato dos tempos que vivemos, não podíamos ter.
Mas,
agora é que é. O Ronaldo, o melhor madeirense do mundo, tinha que revelar ali
mesmo numa das entradas principais da cidade que há mais de 40 anos, o macho
madeirense existe, mas anda escondido, agachado ao como no folclore, quase sem
puder respirar, mas, assim de repente, bumba, pranta-lhe Mestre Velosa uma
imagem ereta para o macho madeirense admirar sempre que por ali passar e o
turista ver como é viril o macho da Madeira, a começar pelo bronze.
Um
gozo tramado que nos faz rir imenso, mas que deve ter feito rebolar ainda mais
em riso o Cristiano Ronaldo. Disso não duvido.
Bonito,
foi vermos que lá estava o quase coitado povo, representado pelos principais
coitados, os cangalheiros da defunta autonomia, a descerrar a estátua ereta com
ar de gozo sobre o madeirense que não sabe agora para onde se virar, porque
perdeu tudo, até essa maravilha da natureza de viver ereto, com dignidade perante
a vida.
Mas,
faltando tal maravilha da natureza, para nosso gaudio e consolo, deu Mestre
Velosa extravagância à imaginação… E não é que, o que não temos em carne osso,
devolve-nos em bronze o Cristiano Ronaldo, porque só ele, sendo o melhor
madeirense do mundo endinheirado como ninguém, pode espetar assim à descarada
nas «ventas» dos madeirenses o que lhe tem faltado durante estes anos todos.
Agora
sim, temos ali o nosso David, estudado por Mestre Velosa exaustivamente. Não o
David de Michelangelo, meio murchinho, mas ereto e bem ereto para mostrar ao
turista que neste pedaço de terra no meio do Atlântico se erguem montanhas de falos e agora também estátuas.
Não
precisa de ser algo assim tipo a Atenas Partenon nem muito menos Zeus
Olympeios, porque não queremos ver ofendidos os deuses, mas espero,
sinceramente, que Mestre Velosa viva tempo suficiente, para que quando o «nosso»
Alberto João sair de cena, também possa esculpir-lhe a imagem sem mácula, como já
se viu de tanga, a banhar-se na praia do Porto Santo e nos nossos carnavais.
Mas, um corpo digno de Fídias, para que aí sim os tempos da Autonomia tenham os seus principais
símbolos bem escarrapachados na nossa cidade. E desejamos que nessa ocasião não
falte o antiste diocesano para derramar a sagrada água benta sobre tão nobre corolário
da natureza e feito madeirense. Sem pobres e sem povo agachado, mesmo que seja
para dançar o bailinho.
Viva o macho madeirense
e viva a Madeira.
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