Caros amigos jornalistas, durante a
cerimónia de inauguração da Estátua dos 500 anos da Diocese do Funchal
perguntem ao sr. Bispo quanto custou a estátua, porque já o fiz no «local
próprio» (como pedem que se faça), mas, como sempre, porque se vive numa bem
vincada pastoral do segredo, predominou o habitual, baralharam e voltaram a
baralhar e nada para ninguém. Há mais um segredo à vista. Embora ache que está
escondido com o rabo de fora.
Ainda respondi que não era honesto não
ser público quanto ia custar a estátua e andar a pedir esmolas para esse fim.
Prevaleceu a igrejinha piramidal, nós (alguns pretensamente iluminados sentados
no topo da pirâmide) é que sabemos. A vocês compete rezar, calar e dar
esmolas. Ai como estamos ainda longe, muito longe, da Igreja do Papa Francisco
de onde sobressai a sobriedade, a simplicidade, a transparência e a provocação
para o debate dos mais diversos pontos de vista. Diz o Papa, que é bom e
saudável que as diferenças e as resistências se expressem.
Alguns para mais esta inutilidade
mobilizaram-se entusiasticamente, mas para a proposta de se criar um espaço
para os sem abrigo para comerem com alguma dignidade, foi zero, caiu em saco
roto, exactamente como tantas outras propostas que sempre vou apresentando.
É pena que deste ano das celebrações dos
500 anos da Diocese do Funchal não fique um sinal forte e bem visível de algo
que marcasse uma atenção especial em relação aos mais pobres. Fiz ver que um
espaço para acolher os sem abrigo da cidade podia ser um excelente sinal do ano
das comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal. Acharam boa ideia, mas
prática, zero... Esquecimento total. Vamos a estátuas que enchem mais o olho,
servem melhor para regozijar o ego e animar a festa.
Pelo segredo e pelo incómodo que causou
a singela pergunta que coloquei no tal local, estou desconfiado que esta estátua
custará uma «pipa de massa». Pergunta final: será oportuno nestes tempos absurdos
de pobreza grave, andarmos entretidos a erguer estátuas, mesmo que carregadas
de legitimidade, quando há pessoas despejadas nos recantos da frieza da rua,
falta pão na mesa de tantas famílias madeirenses, dinheiro para comprar
remédios e outros bens essenciais?
Caros jornalistas, não
se esqueçam destas questões... Porque, sinto-me triste quando penso nelas.
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