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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A pastoral do segredo

Caros amigos jornalistas, durante a cerimónia de inauguração da Estátua dos 500 anos da Diocese do Funchal perguntem ao sr. Bispo quanto custou a estátua, porque já o fiz no «local próprio» (como pedem que se faça), mas, como sempre, porque se vive numa bem vincada pastoral do segredo, predominou o habitual, baralharam e voltaram a baralhar e nada para ninguém. Há mais um segredo à vista. Embora ache que está escondido com o rabo de fora.
Ainda respondi que não era honesto não ser público quanto ia custar a estátua e andar a pedir esmolas para esse fim. Prevaleceu a igrejinha piramidal, nós (alguns pretensamente iluminados sentados no topo da pirâmide)  é que sabemos. A vocês compete rezar, calar e dar esmolas. Ai como estamos ainda longe, muito longe, da Igreja do Papa Francisco de onde sobressai a sobriedade, a simplicidade, a transparência e a provocação para o debate dos mais diversos pontos de vista. Diz o Papa, que é bom e saudável que as diferenças e as resistências se expressem.
Alguns para mais esta inutilidade mobilizaram-se entusiasticamente, mas para a proposta de se criar um espaço para os sem abrigo para comerem com alguma dignidade, foi zero, caiu em saco roto, exactamente como tantas outras propostas que sempre vou apresentando.
É pena que deste ano das celebrações dos 500 anos da Diocese do Funchal não fique um sinal forte e bem visível de algo que marcasse uma atenção especial em relação aos mais pobres. Fiz ver que um espaço para acolher os sem abrigo da cidade podia ser um excelente sinal do ano das comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal. Acharam boa ideia, mas prática, zero... Esquecimento total. Vamos a estátuas que enchem mais o olho, servem melhor para regozijar o ego e animar a festa.
Pelo segredo e pelo incómodo que causou a singela pergunta que coloquei no tal local, estou desconfiado que esta estátua custará uma «pipa de massa». Pergunta final: será oportuno nestes tempos absurdos de pobreza grave, andarmos entretidos a erguer estátuas, mesmo que carregadas de legitimidade, quando há pessoas despejadas nos recantos da frieza da rua, falta pão na mesa de tantas famílias madeirenses, dinheiro para comprar remédios e outros bens essenciais?
Caros jornalistas, não se esqueçam destas questões... Porque, sinto-me triste quando penso nelas.

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