Notamos uma busca de Deus neste mundo
materializado em que vivemos. Há uma curiosa lenda que tenta explicar essa
ânsia nostálgica de Deus no íntimo de cada ser humano.
Depois do primeiro fracasso com o
primeiro homem, Deus decidiu criar outro. Fez um belo boneco de barro e depois
de activá-lo com o sopro a vida iria modelar-lhe um rosto. Tomou o boneco nas
suas mãos e animou-o. Mas o boneco, logo que se sentiu com vida, fugiu das mãos
do Criador. Queria ser ele mesmo a escolher o seu próprio rosto. Andou, andou
e, longe de Deus, parou para pensar qual seria o seu rosto.
Foi experimentando diversos rostos que
viu à sua volta na Natureza. Tomou o rosto de águia e passou a viver orgulhoso,
como ave de rapina. Tomou o rosto de réptil e a sua língua só lançava veneno.
Tomou o rosto de leão e passou a viver à custa dos mais fracos. Tomou o rosto
de flor, mas cansou-se de ser objecto de adorno. Tomou o rosto de pedra, mas
não pôde resistir muito tempo a tanta passividade.
Continuou a fazer várias experiências,
mas cada vez se sentia menos homem. Começou a ficar cada vez mais triste e a
sentir saudades do calor das mãos que o tinham criado e lhe iam modelar um
rosto. Mas não sabia o caminho do regresso...
Esta procura ansiosa de Deus que se vem
observando no decurso da História e mais se observa actualmente pelo
aparecimento de numerosas seitas e de movimentos de cariz religioso, esta
procura do Transcendente revela-nos essa nostalgia. Mas nem sempre os homens
encontram o caminho do regresso às mãos do Criador. Alguns desistem e dizem-se
agnósticos. Outros, torturados por esse desencontro, acham mais fácil negá-lo.
E dizem-se ateus.
Outros procuram identificar-se com o
rosto de Jesus Cristo, rosto visível do Pai Criador de todas as coisas.
Esta é a imagem verdadeira do Deus-Pai
apresentada por Jesus Cristo. Só esta imagem pode levar à verdade sobre a fé e
a esperança.
Mario Salgueirinho
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