Comentário à missa do próximo domingo III
Tempo Comum, 25 janeiro de 2015
O
Reino de Deus, na Bíblia, designa um governo ou domínio em que tem Deus por
soberano ou governante. É sinónimo de teocracia. Segundo o Génesis, os
primeiros humanos rebelaram-se deliberadamente contra a soberania de Deus. O
Reino Milenar de Cristo é subsidiário do Reino de Deus.
Entre
os teólogos existe conceitos divergentes quanto ao que é concretamente o Reino
de Deus, que podemos sintetizar em três pontos:
1.
um governo real estabelecido no Céu;
2.
uma condição mental existente nos verdadeiros cristãos;
3.
a Igreja Cristã.
Segundo
uma outra interpretação teológica, o Reino de Deus é o Projecto Criador de Deus
a realizar neste Mundo e que consiste na plena realização da Criação de Deus,
finalmente liberta de toda a imperfeição e compenetrada por Ele. É interpretado
também como o estado terminal e final da salvação, onde os homens irão
transcender-se e viver eternamente com Deus.
Lá,
a lei do amor incondicional a Deus e ao próximo é finalmente instaurada
definitivamente. Não haverá mais tempo, mais sofrimento, mais conflitos, mais
ódio, mais vingança, mais crueldade ou barbárie, e o céu e a terra unem-se
finalmente.
Embora Deus seja Todo-Poderoso, Ele quer que
nós, humanos, dotados de inteligência e razão, participemos de um modo
recíproco, livre e voluntário no Projecto Criador de Deus, o maior de todos os
projectos que o mundo jamais viu, englobando todos os tempos, todos os povos e
todos os seres do Universo.
Seguindo
este pensamento, esta missão torna-nos verdadeiros parceiros de Deus, com muita
liberdade e simultaneamente muita responsabilidade. Isto quer dizer que nós
temos o poder e a capacidade de acelerar a vinda do Reino de Deus com a nossa
fé em Jesus Cristo e com as nossas boas acções.
Os
valores principais do Reino de Deus são a verdade, a justiça, a paz, a
fraternidade, o perdão, a liberdade, a alegria e a dignidade da pessoa humana.
Fica dito o desafio: «Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus» era
o tema da pregação de João, o Baptista (Mt 3, 2). O prometido Messias chegara,
isto é, quando Jesus de Nazaré foi baptizado e Ungido (Lc 3, 30-31) essa
realidade anunciada por João Baptista confirmou-se plenamente.
Todo
o ministério de Cristo girou em torno do Reino de Deus. Ele instruiu os seus
Apóstolos dizendo: «Pregai que está próximo o Reino dos Céus». Essas instruções
seriam repetidas a todos os seus discípulos, a todos os cristãos de todos os
tempos e contextos da vida deste mundo (Mt 10, 7; 24, 14; 28, 19-20; Atos 1, 8).
A
Bíblia inteira gira em torno da vinda do Messias e do Reino de Deus. Por
conseguinte, o Reino de Deus tinha um sentido profético e missionário na vida
da Igreja Cristã dos primeiros tempos, é preciso que hoje se retome com
convicção esse sentido para que o Evangelho seja hoje realidade viva no meio do
mundo concreto dos homens e mulheres deste tempo que é o nosso.
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