Há algo de estranho na Madeira neste momento. Nada que não se esperasse. A
palavra que melhor me ocorreu para designar o que vejo foi esta, o desnorte ou
a expressão da indispensável iguaria culinária "bacalhau com todos".
Um desnorte que alimenta ambas as facções que compõem o quadro político
partidário da Madeira.
Por um lado, o partido maioritário, que governou a seu belo prazer a Madeira
durante 37 anos, está desnorteado. Obviamente, que as campanhas afirmam ao
contrário, está tudo certinho, unido e em caminho de "renovação".
Por outro, a oposição desnorteou-se totalmente, porque pensava que seriam favas
contadas a sua subida ao poder madeirense. Que para tal bastava assistir de
bancada ao desmoronar daquele que combatia, porque pelas suas convictas divisões
internas até às eleições regionais estaria em caos. Reparem bem como são as
divisões nos partidos, estão todos lá metidos, nenhum ficou sem um rebuçado de poder na
orgânica partidária.
Ambos se enganam redondamente. E os eleitores também.
Um não está unido como aparenta nem muito menos em processo de renovação,
porque se está unido não pode ser pelos lindos olhos do novo líder ou pelo amor
ao bem comum dos madeirenses em geral. Se estiver em processo de renovação,
acharemos esquisito porque não se torna plausível renovar com quem está dentro
da mesma máquina há mais de uma década. Em política partidária, tipo como esta
à moda da Madeira, os mesmos não se renovam, mascaram-se de renovação. Porque
tudo se resume a sobrevivência a quanto obrigas.
Depois há uma oposição que se fixou numa palavra "mudança", onde quer
meter todos os partidos da oposição sem que choque com o ingrediente que alguém
elegeu ser o principal, só porque satisfaz a sua ambição pessoal. Assim sendo, porque num determinado contexto vingou, não porque apontava
melhores alternativas, mas porque era diferente, precisávamos de punir quem
tinha deixado de brilhar da mesma maneira desde sempre e tinha sido apanhado a
usar e abusar da benevolência do povo Madeirense. Afinal, havia uma conta que
era preciso pagar e isso dói a muitos.
Esta brilhante oposição, convenceu-se erroneamente que esta poção mágica
chamada "mudança" podia continuar a dar vitórias sempre e em todos os
contextos. Nada disso. Desnorte total para não dizer engano, que cai no
ridículo frequentemente, porque insiste, insiste e insiste no mesmo menu.
Face a tudo isto, os tais renovadores ganharão isto brincando. Mas não que o
mereçam e que vão fazer tudo pela Madeira e pelos madeirenses como agora
travestidos de renovadores unidos apregoam, mas sim porque não há alternativas
sérias e credíveis.
Se antes a apreensão era grande, hoje ainda é maior. Porque não vemos para a
governação da Madeira seriedade e vamos continuar a ser governados pela fachada
com notícias bombásticas sem que tenham nada de conteúdo nem muito menos
qualquer alteração às condições sobejamente difíceis da vida do povo
madeirense. Assim continua o desnorte que se chama bacalhau com todos.
Só espero que não nos tirem a liberdade de expressão e que a consciência da
cidadania torne a nossa terra um exemplo. Se centrarmos a vida presente e
futura aos saltos e baixos da política partidária a vida na Madeira será um
inferno. Livrem-nos deste terrorismo.
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