«A corrupção fede, o mal rouba a
esperança», disse o Papa Francisco quando visitou a cidade de Nápoles, a 21 de
março de 2015.
Por estes dias entre nós a corrupção
fede que nos incomoda seriamente. Quer ao nível político quer ao nível
religioso. A todos os níveis, quando existe a corrupção, estamos perante
desvios éticos que não deviam acontecer e «pecados mortais», como se aprendia
antigamente na catequese.
A corrupção existiu desde sempre. Santo
Agostinho ensinou que nascemos marcados pelo «pecado original», a partir daquele
momento quando Adão seduzido pela serpente, trocou o paraíso pelos prazeres
mundanos da carne. Este seria o primeiro desvio ético. A sedução das tentações sempre
corromperam a humanidade levando-a a agir imoralmente. Assim, se deduz que todo
o mal resulta de uma escolha: «O pecado, ou o mal moral, resulta de uma
escolha» (Santo Agostinho). São Tomás de Aquino e Santo Agostinho pensaram
muito sobre o livre arbítrio e como todo o ser humano é livre para decidir
seguir ou não o caminho do bem ou do mal.
Face a todo o mal relacionado com a
corrupção que acontece em todos os domínios da vida humana, só me faz confusão,
embrulhar-se tudo e todos na mesma miséria. Faz-nos carregar a tez do rosto de
tristeza que, fiquem manchadas todas as pessoas e instituições inteiras, porque
dois ou três, tipo gângsteres se instalam nos lugares certos e a partir daí se
sintam autorizados a pôr e dispor como lhes interessa, manchando assim todos os
demais e a instituição que deviam respeitar e servir com dignidade. Acontece na
política, nos partidos políticos, nas Igrejas, nos bancos, nas Câmaras Municipais
e em todos os lugares onde há instituições que implicam sempre muitas pessoas.
O Papa Francisco tem sido incansável na
denúncia da corrupção. Porém, este mundo tenebroso da corrupção está de tal
ordem tão bem instalado que quase ninguém lhe dá ouvidos, a não ser quem
verdadeiramente se inquieta com estas questões. Diz Francisco: «Quanta
corrupção há no mundo! É uma palavra feia. Porque uma coisa corrupta é uma
coisa suja! Se nós encontramos um animal morto que está em decomposição, que
está ‘corroído’ é mau e fede. A corrupção fede! A sociedade corrupta fede! Um
cristão que deixa entrar em si a corrupção não é cristão, fede!»
Depois o Papa convida a «seguir adiante
na limpeza da própria alma, na limpeza da cidade, na limpeza da sociedade para
que não haja aquele fedor da corrupção». A ambição corrupta não tem limites e o
desejo do poder quanto maior for melhor para subjugar os outros. São estes os
alicerces da corrupção.
Estes males são transversais a toda a
sociedade, mas nas instituições cristãs não deviam existir, quando existem o
pecado é muito maior, porque viola princípios básicos ensinados pelo Mestre
Jesus Cristo: «a quem muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá» (Lc 12, 48).
O corrupto é um doente, mas não se julga
doente. A sua atitude é de total desprezo sobre os outros, porque precisa de
saciar a sua perversa ambição. Os corruptos só pensam em si mesmos. São uma
praga social. São os principais responsáveis pela pobreza, pela miséria, pela
desigualdade social e pela criminalidade. Mentes corrompidas desviam os
objetivos e não se importam com isso, porque o seu poder e a sua desmedida
ambição não pode morrer de fome. Com isso prejudicam o mundo inteiro e futuro
de várias gerações.
Será necessário chamar os bois pelos
nomes. É preciso identificar claramente quem comete tais desvios, para que não
se caia tão frequentemente na injustiça de colocar todos nos mesmo saco e
manchar irremediavelmente a boa fama e bom nome das instituições. Não pode meia
dúzia de agentes que se acham donos disto tudo, tomarem para si o que é de
todos, agindo a seu belo prazer contra todos, hipotecando o futuro de
realidades que não são suas, mas da comunidade em geral.
Não duvido que será necessário aprender
a preocupar-se consigo e com as outras pessoas, pois servir os outros é a
maneira mais inteligente de servir-se. A corrupção em todos os domínios, viola
os Direitos Humanos e todo o ensinamento que a mensagem cristã nos apresenta
quanto à justiça, à igualdade e ao bem comum.
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