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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A provocação de Jesus

Domingo XXVI tempo comum. Um singelo comentário à missa do fim de semana. Pode servir para quem, vai habitualmente e não só...
Uma parábola. Duas figuras. Um rico e um pobre. A parábola do rico e de Lázaro. Ou ainda, e, porque não, «a parábola dos seis irmãos ricos». 
Para que serve a riqueza se não for para fazer o bem, para promover a vida e a felicidade? E quanto vale a pobreza se não for assumida com humildade e simplicidade de coração?
Esta parábola ensina claramente que Deus optou pelos mais pobres. A fortuna material não vale muito para o coração de Deus. Por isso, devemos desprezar os ricos e a riqueza? – A resposta só pode ser não! Porque todos podem assumir a radicalidade da pobreza, mesmo sendo ricos materialmente falando, basta que o coração manifeste os valores do reino de Deus. A pobreza que Deus aprecia não é a miséria, o não ter absolutamente nada para viver, mas o saber viver perante os bens de uma forma solidária e aberta à promoção da vida para todos.
Esta história é uma clara provocação. Jesus manifesta que a partilha da vida é um valor essencial do reino novo que Ele inaugura. Assim, recusar a vida partilhada, tem como fim a desgraça, isto é, a infelicidade que é a ausência total da graça de Deus. Neste sentido, encaramos a parábola do homem rico e do pobre Lázaro como um convite ao discernimento.
O rico do Evangelho, parece ser um homem carregado de todo o tipo de luxo. Não se compadece com a contenção, é um homem que esbanja luxo e requinte nas roupas finas e elegantes (púrpura e linho, que eram artigos muito caros e luxuosos importados da Fenícia e do Egipto). Faz banquetes diários com abundância de comidas e bebidas.
Porém, à porta deste homem senta-se um pobre, chamado Lázaro, é aqui o seu lugar de mendicidade. A sua situação é de total marginalidade, o seu corpo tem feridas graves que são lambidas pelos cães. É literalmente um mendigo, um faminto, um impuro que não tem onde cair morto. Diz o texto: «Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico», isto é, desejava comer os pedaços de pão que eram atirados para debaixo da mesa, para serem recolhidos pelos cães.
Este pobre ferido na sua dignidade, um verdadeiro marginalizado e um excluído do prazer da vida abundante, encontra solidariedade em Deus. Este personagem é o único, em todas as parábolas, a ter nome, que significa «Deus ajuda». Deus optou decididamente por ele.
No entanto, a morte, é o caminho que nivela todos. Ninguém é mais ou menos diante da realidade da morte. A sorte da salvação de Deus é bem diferente para uns e para outros. Lázaro, é levado pelos anjos e é colocado junto de Abraão, está ao lado do grande amigo de Deus e tornou-se íntimo daquele que foi solidário com o mais fraco.
Não podemos pensar que afinal os ricos estão perdidos e que mais vale ser pobre ou miserável na vida do que ter alguns bens materiais. O texto não nos diz nada disso nem insinua tal barbaridade. Jesus, ensina-nos que é necessário discernimento, ou seja, a partilha dos bens leva à promoção da vida para todos. A ambição e o acumular egoísta gera morte. Por isso, é preciso saber discernir e optar pela partilha dos bens antes que seja tarde.

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