Muitas vezes ouvia esta expressão
pronunciada pelos meus avós. Qualquer situação injusta para alguém merecia que
fossem aplicadas sem piedade estas duas palavras, «mundo cão». Sem ofensa para os verdadeiros cães, o amigo mais fiel do Homem.
Três notícias que circulam nos meios de
comunicação social, fizeram também circular os meus neurónios mais incrédulos que
procuro alimentar devotamente todos os dias. São estes que me fazem tomar de
assombro com tanta coisa bonita que o mundo se não for cão, pode tantas vezes
fazer sobressair. Mas também são esses tais neurónios que me fazem manter a
incredulidade, a admiração que tantas vezes diz aquela palavra mágica que alivia
o interior pasmado, porquê?
Primeira notícia: O militar que morreu
durante o curso de comandos terá sido forçado a comer terra quando já estava em
convulsões. A revelação foi feita por testemunhas e pela família de Hugo Abreu
à RTP.
A família do militar acusa o exército de
ocultar as agressões e privações de água e sono a que o jovem foi sujeito. A
investigação é do programa Sexta às 9.
Tem alguma ponta por onde se pegue numa
barbaridade destas? Então isto não é terrorismo? Não é uma tremenda desumanidade
nas nossas barbas, nós que andamos tão rápidos a julgar os refugiados, os
jihadistas e todos os fundamentalistas que este mundo faz crescer como
cogumelos? – Não consigo entender que tenhamos gente que devia ser responsável
e que se deixe comandar por pensamentos desta natureza. Um «mundo cão», que me
perdoem os verdadeiros animais que se chamam de cães.
Segunda notícia: O Tribunal de Contas
autorizou a compra de 167 viaturas táticas ligeiras para o Exército, num
investimento de cerca de 60 milhões de euros, e cuja aquisição decorrerá
através da agência de compras da NATO (NSPA).
Serão mesmo necessárias tantas viaturas
para o exército? A termos necessidade hoje de nos defendermos contra ataques
belicistas será com estas viaturas? Não seria mais prudente em tempos de crise
e austeridade, comprar menos carros para o exército e reservar alguns milhões
para a educação, que parece estar a necessitar de algum material para funcionar
em condições? - Mais uma que não se percebe, srs. governantes... Aliás até se
percebe, os lóbis que pressionam os governos a esquecerem as prioridades
continuam bem vivos e firmes a fazerem o seu jogo em nome do lucro, mesmo que
isso implique desviar as atenções das verdadeiras prioridades e do bem comum.
Um «mundo cão», que à custa do empobrecimento da educação e da saúde da
população, investe em brinquedos caros e quiçá desnecessários para os tempos em
que vivemos.
Terceira notícia: A PayDiamond é a nova
marca de um esquema centenário. Vem ao Funchal no próximo sábado mostrar
«valor» e é promovida por gente que esteve ligada ao Telexfree. Após a escaldadela
que muitos madeirenses levaram com a bronca do Telexfree, pensei que a coisa
amainasse e que a lição tivesse surtido efeito. Qual quê. Nada disso.
Neste sábado está previsto um mega
encontro numa unidade hoteleira do Funchal sobre uma outra rede, a PayDiamond.
A campanha agressiva para este evento que tem sido feita, já em si é insultuosa
e continua a demonstrar que por mais burlas que existam e que o rol dos burlados
seja interminável, quando se trata de lucro fácil, a ganância toma conta da
mente e do coração das pessoas. Sigam em frente e continuem a meter nas mãos
dos profetas do el dourado que este mundo pare como formigas as vossas parcas
economias.
As palavras doces e encantadoras trazem
sempre água no bico e quem não desconfia é porque gosta de ser comido ou então
não lhe custa nada as poupanças que amealha sabe Deus como. Um «mundo cão» que
não aprende e que facilmente se engana com falsos profetas, basta que lhes
prometam este mundo e o outro repleto de ouro ou diamantes. Qual a diferença de
hoje para o tempo de Moisés quando desce da montanha e encontra todo o povo a
adorar o bezerro de ouro?
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