Será que já chegou este tempo... Eles há sinais preocupantes que nos fazem vislumbrar este retrato, porém, penso, que ainda vamos a tempo de arrepiar nas andanças e encetar caminhos novos que valorizem a existência com dignidade para todos e a inversão dos valores não pode sair vencida.
“Quando a tecnologia e o
dinheiro tiverem conquistado o mundo; quando qualquer acontecimento em qualquer
lugar e a qualquer tempo se tiver tornado acessível com rapidez; quando se
puder assistir em tempo real a um atentado no ocidente e a um concerto
sinfónico no oriente; quando tempo significar apenas rapidez online; quando o
tempo, como história, houver desaparecido da existência de todos os povos,
quando um desportista ou artista de mercado valer como grande homem de um povo;
quando as cifras em milhões significarem triunfo, – então, justamente então —
reviverão como fantasma as perguntas: para quê? Para onde? E agora?
A decadência dos povos já terá ido tão longe, que quase não terão mais força de
espírito para ver e avaliar a decadência simplesmente como… Decadência. Essa
constatação nada tem a ver com pessimismo cultural, nem tampouco, com otimismo…
O obscurecimento do mundo, a
destruição da terra, a massificação do homem, a suspeita odiosa contra tudo que
é criador e livre, já atingiu tais dimensões, que categorias tão pueris, como
pessimismo e otimismo, já haverão de se ter tornado ridículas”.
Martin Heidegger (1889-1976),
em Introdução à Metafísica.
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