Escrever nas estrelas
Esta manhã fiquei encantado a ouvir
especialistas e governantes da Madeira a dizer tanto bem de barcos que foram
afundados e de outros que estão para afundar. Falavam de vários sucessos. Uns,
dos maravilhados peixes que fizeram casa dentro da carcaça daquilo que já foi
barco, das variedades de algas e vegetais marinhos todos contentes por tão prazenteiro
abrigo no fundo dos nossos mares e pelos abundantes charters de mergulhadores
que têm vindo para as ilhas fazer borbulhas dentro dos extraordinários viveiros
no fundo das nossas águas marinhas. Um encanto. Agora digam lá se não estamos aproveitar bem a nossa enorme extensão de águas marítimas e a nossa vocação ancestral para andar dentro dos mares...
Face a isto concluo e percebo agora, se
somos especialistas a cuidar de carcaças de barcos mortos e a atirá-los ao
fundo, não podemos ter jeito para fazer navegar barcos. A vida não dá para tudo.
Vejam lá porque tem sido tão difícil
colocar um barco a navegar, um que seja a navegar, para que tivéssemos mais um meio
para sair da ilha, até porque seria mais uma excelente oportunidade de deixar
por alguns dias esta ilha de malucos ou malucas, que se gabam tanto de barcos
mortos no fundo do mar, mas que se revelam tão inábeis a colocar um à tona da
água para nos tirar desta prisão em que se converteu a ilha da Madeira.
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