1. «O
Estado das Coisas», foi o título de um filme Wim Wenders, realizador de cinema
alemão. Vi este filme magnífico em 2003. Arrecadou o prémio «Leão de Ouro» do
Festival de Veneza de 1982. É uma coprodução entre a Alemanha, os EUA e
Portugal.
2. O
enredo anda à volta de outro filme sem história. O mais interessante do estado
das coisas revela-se ao longo das interessantes sequências a preto e branco,
onde se vê um grupo de mulheres, homens e crianças totalmente perdidos à
procura de uma história que lhes dê sentido ao trabalho que gostariam de
realizar. O estado das coisas não é só uma leitura sobre o cinema, mas também é
uma visão do estado de desencanto, de perdição e de desorientação da existência
nos tempos que correm.
3.
Depois desta referência cinematográfica, olho o estado das coisas à minha
volta e descubro que mais uma vez ficou provado que não vale mesmo nada
lançar-se no fosso dos leões, como nos primeiros séculos aconteceu com os
cristãos que eram lançados nas arenas dos coliseus romanos. As garras do
fundamentalismo ditam as regras, quem não o venera, morre como bode expiatório.
Que o digam professores, médicos, padres, juízes, entre tantos outros…
4. A
estupidez comanda a vida em todos os tempos, mas hoje especialmente, se
tomarmos em linha de conta a sociedade das dignidades, dos direitos e dos
valores democráticos. Para uns tudo, mas para a maioria zero. Porém, o mais
grave é a misoginia dos responsáveis por tudo isto, visto terem tomado conta de
todos sem provas dadas de saberem tomarem conta de si mesmos. Basta que os seus
fiéis executantes bêbedos de fundamentalismo vão fazendo aquele trabalho sujo,
de sanear e matar as ovelhas mais atrevidas do rebanho.
5.
Perante este estado das coisas, ou acordamos de uma vez por todas ou morremos
todos ao frio e à fome, porque o canhão da porta da despensa foi mudando pela
calada da noite, e nessa hora nenhuma compaixão se verá nem para carneiros nem
para ovelhas.
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